Ciência: genética
Jonathan Amos
Correspondente de Ciência
da BBC News
THINKSTOCK
Quando o assunto é altura, o homem da
Holanda e a mulher da Letônia ficam por cima de todas as outras nacionalidades,
aponta um novo estudo.
O holandês médio tem hoje 1,83m e
a mulher letã alcança 1,70 m.
A pesquisa, publicada na revista
científica e Life, mapeou tendências de crescimento em 187 países desde 1914.
E descobriu que o homem do Irã e
a mulher da Coreia do Sul registraram o maior salto na altura, crescendo uma
média de 16 cm e 20 cm.
O homem brasileiro tem, em média,
1,73m, e a mulher, 1,60m. Ambos registraram o mesmo crescimento desde 1914: 8,6
cm.
Para homens, o Brasil é o 68º colocado em altura entre os países
pesquisados - fica acima de nações como Portugal, México e Chile, e abaixo de
Romênia, Argentina e Jamaica.
A mulher brasileira alcançou a 71ª posição, mais alta do que a mulher
turca, argentina ou chinesa, e mais baixa do que as espanholas, israelenses e
inglesas.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a altura dos cidadãos começou a atingir
um limite nos anos 1960 e 1970. Ao longo do último século, homens e mulheres
cresceram apenas 6 cm e 5 cm, respectivamente.
Em 1914, o homem americano era o terceiro mais alto do mundo, e a
mulher, a quarta mais alta. Hoje eles estão em 37º e 42º lugar.
Países europeus dominam os rankings de altura hoje, mas os dados sugerem
que, em geral, as tendências de crescimento se estabilizaram no Ocidente.
O homem mais baixo do mundo é o do Timor Leste: 1,60 m.
A mulher mais baixa é a da Guatemala, titulo que também ostentava em
1914. Segundo os dados da pesquisa, a guatemalteca média de 18 anos tinha 1,40
m há um século, e hoje ela ainda quase não alcança 1,50 m.
A
genética explica algumas variações de altura pelo planeta, mas nosso DNA pode
não ser o fator principal
O leste da Ásia
registrou os maiores crescimentos. Pessoas no Japão, China e Coreia do Sul são
bem mais altas do que eram há 100 anos.
"Já as partes do mundo onde pessoas não ficaram particularmente
mais altas ao longo de 100 anos de análise estão no sul da Ásia (como Índia,
Paquistão e Bangladesh) e na África subsaariana. O aumento de altura ficou
entre 1 cm a 6 cm nessas regiões", disse o coautor do estudo James
Bentham, do Imperial College de Londres.
Na verdade, as alturas médias chegaram a cair em certas partes da África
subsaariana desde os anos 1970. Nações como Uganda e Serra Leoa viram a altura
média do homem perder alguns centímetros.
A genética
explica algumas variações de altura pelo planeta, mas os autores do estudo
afirmam que nosso DNA não pode ser o fator principal.
O cientista chefe Majid Ezzati, também do Imperial College, disse à BBC:
"Cerca de um terço da explicação está nos genes. Mas isso não explica a
mudança ao longo do tempo. Os genes não se alteram tão rápido e não variam
muito no planeta. Então mudanças no tempo e variações pelo mundo são, em grande
parte, ambientais."
Bons padrões
de saúde, saneamento e nutrição são os principais determinantes ambientais da
altura, diz Ezzati. Outro fator importante é a saúde da mãe e a alimentação
durante a gravidez.
Outra
pesquisa mostrou que a altura tem correlação com consequências positivas e
algumas negativas.
Pessoas altas tendem a ter expectativa de vida maior, com menor risco de
doenças do coração. Por outro lado, há evidências de que estão sob maior risco
de certos cânceres, como colorretal, mama pós-menopausa e tumores de ovário.
"Uma hipótese é que fatores de crescimento possam promover mutações
em células", afirmou Elio Riboli, outro coautor do estudo.
A pesquisa, chamada "Um Século de Tendências na Altura
Humana", é resultado do trabalho de um grupo de mais de 800 cientistas, em
associação com a Organização Mundial da Saúde.
Os países com os homens mais altos em
2014 (ranking de 1914 entre parênteses):
1. Holanda (12)
2. Bélgica (33)
3. Estônia (4)
4. Letônia (13)
5. Dinamarca
(9)
6. Bósnia-Herzegovina
(19)
7. Croácia (22)
8. Sérvia (30)
9. Islândia (6)
10. República
Tcheca (24)
Os países com as mulheres mais altas em
2014 (ranking de 1914 entre parênteses):
1. Letônia (28)
2. Holanda (38)
3. Estônia (16)
4. República
Checa (69)
5. Sérvia (93)
6. Eslováquia
(26)
7. Dinamarca
(11)
8. Lituânia
(41)
9. Belarus (42)
10. Ucrânia (43)
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