Literatura: livros
recomendados por autores universais
Publicado por Gabriel
Oro
As
pessoas costumam dizer que, se vale a pena fazer, vale a pena fazer bem feito.
Eu já acho que se vale a pena fazer bem feito, vale a pena exagerar também.
Perguntas como esta
deixam-me desconfortável por duas razões fundamentais. Em primeiro lugar, em
qualquer lista dura e desqualificada que se desenrolaria até o final do nosso
espaço alocado aqui, haverá graves omissões, que farão que eu acorde às 3 da
manhã resmungando no tormento inútil da minha própria inadequação como amigo e
leitor. Em segundo lugar, eu tendo a manter-me a uma distância remota, uma
quarentena da maioria das notícias e de informações midiáticas do mundo. Dado o
ano espetacular que este está a sendo para más notícias em ambos os lados do
Atlântico, há uma ansiedade persistente sobre se todos os candidatos seguirão
existindo ao fim do prazo. Com isso dito, segue uma lista dolorosamente
incompleta de nomes que passa por minha mente neste momento específico:
Pynchon; Coover; Neal Stephenson; Junot Díaz; Joe Hill; William Gibson; Bruce
Sterling; Samuel R. Delany; Iain Sinclair; Brian Catling; Michael Moorcock (sua
trilogia em curso "Whispering Swarm" é fantástica); Eimear McBride; o
notável Steve Aylett, em especial pelo seu indispensável e silenciosamente
radioativo "Heart of the Original"; Laura Hird; Geoff Ryman; M. John
Harrison; a roteirista Amy Jump... Olha, ou eu paro agora ou continuo pra
sempre. Eu já estou mortificado pela patética falta de mulheres escritoras
representadas e vejo-me começando a incluir desculpas miseráveis e
distorcidas. Melhor pararmos por aqui...
Alguns dos maiores e
mais populares escritores da história deixam suas recomendações de leitura para
as próximas gerações.
Começar um livro é um compromisso. Você
investe uma boa quantia de seu precioso tempinho até chegar na parte em que
decidiu se gosta da obra ou não e, caso o livro não valha a pena, as horas
investidas são bem superiores a um filme, por exemplo. Mas essa moeda tem dois
lados: quando rola um sentimento, quando o livro bate, nem o melhor diretor do
mundo conseguiria te prender tanto na história. Por isso que muitas vezes
recorremos às recomendações das pessoas em quem confiamos sobre novos livros e
autores, e quem melhor pra dar essas recomendações que os próprios escritores
de seus livros preferidos? Essas são as melhores obras, segundo alguns dos
grandes escritores da história:
Stephen King
O Romance preferido do escritor americano,
mestre do terror e do suspense, é de um compatriota que também figura nessa
lista: Mark Twain. O livro em questão é o magnum opus de Twain: As Aventuras de Huckleberry Finn. Mas essa recomendação
é um tanto usual, considerando que Huck Finn é uma das obras
máximas da literatura americana. Mais interessante talvez seja a admiração que
King nutre por Os Versos Satânicos, do escritor indiano Salman Rushdie, um
livro polêmico, mas muito aclamado internacionalmente.
Ernest Hemingway
Hemingway era um leitor ávido, talvez até
mais do que escrevendo. E olha que é de um ganhador do Nobel da Literatura que
estamos falando. Como alguém que constantemente estava lendo seis ou sete
livros diferentes, escolher um só seria muito difícil, e ele sempre respondeu à
questão do livro preferido com listas de inúmeros títulos. Os grandes russos
aparecem várias vezes, Tolstoy com Guerra e Paz e Anna Karenina, e Dostoyevsky com Os Irmãos Karamazov. Ele também recomenda Dublinenses de James Joyce e Madame Bovary, de Flaubert. Vale destacar que Hemingway
também fez uma seleção de livros para jovens escritores, que você
encontra aqui.
J. R. R Tolkien
Todo escritor de sucesso no gênero da fantasia
que veio após Tolkien, vai citar o criador de O Senhor dos Anéis como
um de seus favoritos. Mas e ele, o dono do gênero, era fã de quem? Apesar de
não ter explicitado seu livro preferido, o inglês sul-africano era um grande
admirador do trabalho de Mary Renault, em especial O Rei deve morrer, livro que conta a lenda de Teseu, história
da mitologia grega. Tolkien também escreveu que era apaixonado pela Kalevala, um compilado de histórias de mitologia
nórdica da Finlândia, reunido no século XIX por Elias Lönnrot. Tudo a ver com
ele.
J. K. Rowling
Rowling não faz segredo da admiração pela
compatriota Jane Austen, sua escritora preferida. Austen é mais famosa pela
obra Orgulho e Preconceito, mas de todos os seus
livros, Emma é o número um para a autora de Morte
Súbita e da série Harry Potter. Além de Austen, JK também
é uma grande fã do irlandês Roddy Doyle, aliás, dentre os escritores vivos, é o
seu favorito. Roddy escreveu Paddy Clarke Ha Ha Ha, A mulher que ia contra as portas, e vários outros
romances de grande sucesso.
George R. R. Martin
Poucos escritores vivos possuem tantos fãs
como Gorge R. R. Martin, autor das Crônicas de Gelo e Fogo. Mas a
recomendação de leitura de Martin é um pouco surpreendente: o francês Maurice
Druon, famoso no Brasil justamente pelo seu único livro infantil (O Menino do Dedo Verde, até hoje muito comum
em bibliotecas escolares). Mais próximo do estilo de fantasia medieval de
Martin, está a série Os Reis Malditos, escrita por Druon entre as décadas de 50 e
70, que acompanham gerações da família real francesa no século XIV. George
também é um grande fã de Tolkien, H.P. Lovecraft e Robert E. Howard. Ele também
se deu ao trabalho de listar suas principais recomendações aqui.
Mark Twain
Um escritor tão lembrado não podia ficar fora
da lista. Twain é um dos grandes autores da história, e o estilo leve e
atemporal de seus livros, ideais para serem lidos quando criança, mas complexos
e bem escritos o bastante para conquistar qualquer adulto, geraram uma afeição
muito forte entre várias gerações. O próprio Twain, no entanto, prefere os
épicos em sua leitura pessoal, destacando nomes como Malory, Carlyle e Robert
Browning. Também é um fã declarado da obra As Mil e Uma Noites. Sua recomendação mais valiosa talvez seja a
que faz aos jovens leitores: Robinson Crusoe, de Daniel Defoe, e As Viagens de Gulliver de Jonathan Swift
estão entre os favoritos.
Virginia Woolf
O interessante sobre a autora de Mrs.
Dalloway é que, além de apontar seus escritores preferidos, ela sempre
foi bastante direta ao dar opiniões, por vezes impopulares, sobre os que
estavam na outra ponta do espectro. Henry James por exemplo, autor aclamado na
época, não impressionava Woolf de modo algum. Mas ela também sabia ser generosa
com elogios, e assim o era com a obra do russo Fyodor Dostoevsky, para ela
"Obviamente o maior escritor que já viveu". Os Irmãos Karamazov é considerada a grande obra de
Dostoiévski, mas trata-se de uma leitura longa e densa. Alguns livros mais
adequados para uma introdução ao autor seriam O Jogador ou Crime e Castigo.
Alan Moore
O grande autor da história dos quadrinhos foi
perguntado recentemente sobre seu livro favorito. A resposta só pode ser
reproduzida inteiramente:
Luís Fernando Veríssimo
Infelizmente, as informações históricas sobre
as preferências literárias dos autores brasileiros são escassas. Ao conceber
este texto, o que mais me animou foi o pensamento de perseguir as obras
preferidas de Machado de Assis, Nelson Rodrigues, Érico Veríssimo, Jorge Amado,
João Cabral de Melo Neto, Cecília Meireles, enfim. Os autores brasileiros que
moldaram minha mente como leitor e escritor. Mas as entrevistas são poucas e
não falam dos assuntos certos. Clarice Lispector, imaginem só, teve uma única entrevista televisionada em sua vida — e só foi ao
ar após sua morte.
Para minha alegria, um dos melhores
escritores do continente na atualidade deixou registradas suas grandes
recomendações. Luís Fernando Veríssimo aponta Tarzan dos Macacos, de Edgar Rice Burroughs, como o número 1 em
sua lista de livros imperdíveis. O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald (para muitos o
grande escritor da história norte-americana) e Lolita, do russo Vladimir Nabokov, também são
destacadas pelo escritor. Mas não podia faltar uma recomendação brasileira, e
essa fica por conta de O Tempo e o Vento, do Érico. E é uma recomendação adequada, é
difícil imaginar uma obra brasileira que carrega uma representação tão forte e
complexa sobre uma das tantas culturas do nosso país. Se ainda não leu, corre
lá!
Se você acha que faltou
alguém nessa lista, se já leu alguma das recomendações e quer dar sua opinião,
ou se tem um livro que está pensando em ler, mas fica em dúvida se vale a pena: deixe seu
comentário e vamos conversar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário