Publicado por Renan Bini
Renan
Bini é graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo; Acadêmico
do curso de Letras - Português/Italiano e suas respectivas literaturas;
Discente do MBA em Gestão de Marketing, Propaganda e Vendas; Cofundador da
Revista Eduque e Assessor na Universidade Estadual do Oeste do Paraná..
De acordo
com Ítalo Calvino, os Clássicos são aqueles livros dos quais, em geral, se ouve
dizer: “Estou relendo”
De acordo com Hênio Tavares, o objeto da arte
é a mimese da Natureza a partir de uma ótica realista ou peculiar (idealista)
de que se tem dela e consiste na realização dos preceitos estéticos da invenção
(escolha de um determinado assunto), da disposição (ordem lógica) e da elocução
(correção, clareza e harmonia).
Segundo o estudioso, a arte é compensação, é
fuga, é êxtase, é viver subjetivamente num ‘mundo da lua’, é incrustar-se
orgulhosamente numa torre de marfim, e eu acrescentaria aqui: é catarse. A
literatura “é outra vida, a subjetiva, compensadora das decepções que nos
deparam na existência brutalmente real”, seja ela por meio de um eu-lírico ou
de um eu-real, se é que existe um eu-real em meio a tantos relativismos em
tempos de pós-modernidade...
Em meio às mais diversas manifestações por
meio das palavras, algumas obras, as que podemos denominar “clássicas” se
destacam. Segundo Ítalo Calvino, “é clássico aquilo que persiste como rumor
mesmo onde predomina a atualidade mais incompatível”.
Quem acompanha o meu blog deve ter percebido
que o meu clássico é Macunaíma. Seguindo as recomendações de Calvino em “As
cidades invisíveis: imaginário constitutivo” para definir a minha obra
clássica, li Macunaíma pela primeira vez quando ainda estava no ensino
fundamental. Tive a oportunidade de reler a obra no ensino médio em preparação
para o vestibular, e nos últimos anos da faculdade de jornalismo, resolvi fazer
uma nova leitura da obra.
O que mais me encanta na obra, é a
originalidade da forma como Mário de Andrade descreve o povo indígena,
representando uma evolução na forma como os índios eram apresentados: antes de
forma utópica e romântica com sua cultura preservada, agora de maneira
debochada, e costumes afetados pela ideologia dominante na época.
Considerando além da rapsódia, o contexto
histórico da época e o próprio movimento modernista, é possível entender que a
principal preocupação de Mário de Andrade era a de buscar uma identidade
cultural brasileira, que na época era afetada pela “importação” de um modelo
cultural europeu, e subentende-se que este não era cabível à realidade oposta
do país.
“Um clássico é um livro
que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer”.
Se um clássico é um livro que sempre tem algo
a dizer, não importando quantas vezes seja relido, entende-se que existem os
clássicos da humanidade, ou seja, as obras que representam a filosofia de um
determinado povo, como as grande Epopeias e Tragédias gregas, ou obras que
sintetizam as características de um determinado período literário (ambas apresentando
maior perenidade de significação) e as obras que, em sua singularidade, são
clássicas para você! “O ‘seu’ clássico é aquele que não pode ser-lhe
indiferente e que serve para definir a você próprio em relação e talvez em
contraste com ele”.
Assim, segundo Domício Proença Filho no livro
“A linguagem literária”, a arte literária revela realidades vinculadas a
elementos individuais e, por meio dos Clássicos, atinge espaços de
universalidade nas projeções sociais, visões de mundo, visões da vida e configurações
da complexidade da vida humana.
“Dizem-se clássicos aqueles livros que
constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem uma
riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas
melhores condições para apreciá-los”.
E o seu clássico? Qual é?
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