domingo, 11 de setembro de 2016

QUARTO EM ARLES: O DESCANSO DA SOLIDÃO DE VAN GOGH

Arte pictórica

















Van Gogh ao retratar o "Quadro em Arles" retratou também sobre a solidão e a espera. Sobre as cadeiras vazias que aguardam a chegada de alguém que nunca virá.





Vincent Van Gogh era um homem triste, solitário, angustiado e essas características transbordavam nos pincéis. Suas cores que em vida não alcançaram os pedestais, o levou uma vida que não era condizente com seu talento. Tinha apoio financeiro do seu irmão Théo e vendeu apenas um quadro. Levava uma vida simples e personalidade forte, seus amores não duravam muito tempo, e tinha uma relação bastante conturbada com o amigo e pintor Paul Gauguin.
Acolher suas obras era como acolher um pouco seus conflitos. Como se as retinas pudessem consolar tanta angustia e fazer companhia para esse artista solitário. Mas entre tantas obras geniais, o “Quarto em Arles” é que não me canso de olhar.
Essa obra tem três versões e foram pintadas nos últimos anos de sua vida. Retrata o quarto que morou na pensão de Arles, na França.


Podemos observar cores que transmitem uma tranquilidade que todo quarto necessita, mas simbolismos que causam certo desconforto. Um quarto vazio, com duas cadeiras e dois jarros de água. Descansam sobre a cama dois travesseiros e uma colcha vermelha que aquece só de olhar. No lado da cama, os quadros são inclinados como se zelasse o sono de quem fosse deitar.
O chão passa uma sensação de instabilidade, visto que também é inclinado. Passando a ideia que os objetos presentes, assim como seus amores e amigos, não ficariam por muito tempo. As janelas entreabertas permitem à entrada da brisa, afinal, a solidão também precisa respirar. As portas que mal aparecem, impedem uma possível fuga.
Tudo guarda em si uma espera de alguém que provavelmente nunca virá. Pode ser a espera do amor que não lhe fez companhia, que não lhe afagou os cabelos, que não acalmou a loucura e não sussurrou promessas no ouvido invés de lhe arrancar a orelha.
Pode ser a espera do irmão que era sua única fonte de afeto e ajuda financeira. Quem trocou cartas, confidencias e anseios.
Pode ser a espera do amigo que mais brigava, mas também amava. Afinal, quem parte deixando um pouco de amor, quem fica sempre aguarda a sua volta.
Nunca saberemos qual figura que descasaria naquela cama e ocuparia a segunda cadeira, aquela posicionada mais perto da cama, para zelar o sono em noites estreladas. Talvez cada uma das versões seja para representar uma espera diferente. Esse mistério ficará.
O quarto representa o cômodo mais intimo da casa. No final de um dia cansativo, o destino mais urgente é o quarto, onde tiramos os sapatos e descansamos da vida. No quadro de Van Gogh é o lugar das esperas, descanso da solidão e da loucura coberta com o mistério de quem será que ele aguarda.

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