Ciência
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A Lua está mais perto de nós do que o normal. Na
verdade, ela não se mostrava tão atrevida há algumas décadas. Desde a noite
passada e durante toda a segunda-feira, o mundo inteiro tenta observar a maior
e mais brilhante Superlua em quase 70 anos.
Mas do que se trata o fenômeno? De acordo com a astrônoma britânica
Heather Couper, as superluas são resultado de uma "casualidade".
"A Lua gira ao redor de uma órbita elíptica, e se a Lua Cheia
coincide com o ponto mais próximo da Terra, ela pode parecer absolutamente
enorme", afirma.
Essa coincidência ocorre agora e o fenômeno deve ser extraordinário por
causa da proximidade: a Lua está 48,2 mil quilômetros mais próxima da Terra. O
satélite não chegava tão perto assim desde 1948 e só vai voltar a fazê-lo em
2034.
Com exceção do eclipse da Superlua de 2015, não houve nem haverá por
muito tempo uma Lua Cheia tão especial - mesmo que tenhamos tido três Superluas
consecutivas em três meses - a anterior ocorreu em 16 de outubro e a última
será daqui a um mês, no dia 14 de dezembro.
Quando a Lua está mais afastada
da Terra se diz que ela está no 'apogeu'. No ponto oposto, o 'perigeu', ela
pode ficar até 50 mil quilômetros mais próxima da Terra
É possível se preparar para aproveitar melhor o fenômeno e ainda
identificar algumas "surpresas".
Qual o melhor
horário para ver a superlua
No Brasil, segundo especialistas, o melhor horário para ver a Superlua é
na chegada do pôr do sol. Mas, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), a previsão do tempo para todo o Brasil não é muito animadora:
chuva e céu encoberto na maior parte das regiões do país.
O ideal seria ir para um local aberto e tranquilo, longe das grandes
cidades e da iluminação artificial muito forte e potente.
Na Europa, o melhor horário para tentar observar o fenômeno é a partir
das 16h locais, mas só os mais privilegiados devem conseguir vê-lo. No Reino
Unido, por exemplo, a chance é maior para quem está no norte da Escócia, onde
há grandes espaços abertos e a meteorologia promete um fim de tarde e noite
claras, sem muitas nuvens.
O cientista Noah Petro, responsável pela missão Lunar Reconnaissance
Orbiter da Nasa (a agência espacial americana) orienta:
"Recomendo que se saia de casa a qualquer hora depois do pôr do
sol. Como a Lua está cheia, ela vai aparecer no céu no mesmo momento em que o
sol estiver se pondo, por isso sugiro que você saia nesse horário ou quando já
estiver escuro e a Lua esteja um pouco acima da linha do horizonte."
Como em qualquer outra lua cheia, o corpo celeste parece maior e mais
brilhante quando aparece no horizonte. E o mesmo ocorre com as Superluas. Ainda
que elas pareçam 14% maiores e 30% mais luminosas que as luas cheias comuns,
são mais surpreendentes quando estão na linha do horizonte e não altas, no céu.
"Não é preciso ficar acordado a noite toda para ver a Superlua, a
menos que você queira, claro", brinca o cientista da Nasa.
Há quem diga ter visto até o
rosto de Elvis Presley na superfície da Lua
Superluas parecem ainda maiores quando vistas em meio a árvores ou
casas.
Surpresas para
descobrir
Na região da Lua que ficará visível nesta segunda-feira, há uma
abundância de crateras causadas por impactos de meteoritos e atividade vulcânica
de bilhões de anos atrás.
Os contrastes entre as áreas que refletem a luz do Sol (as montanhas
lunares) e as planícies que permanecem na sombra (os mares) podem ser
interpretados, com um pouco de imaginação, como as mais surpreendentes figuras.
Uma das silhuetas mais reconhecidas é a de um coelho com grandes
orelhas. A imagem é tão fascinante que a civilização maia criou até uma lenda
para explicá-la. A lenda envolve o deus Quetzalcóatl, que, depois de um ato de
generosidade de um coelho, que lhe ofereceu comida em um momento de extrema
necessidade, decidiu levá-lo para a Lua em sinal de agradecimento. Dessa forma,
a imagem do coelho seria vista por todos e por toda eternidade.
Os observadores mais atentos - Cleópatra e Abraham
Lincoln entre eles - disseram ter visto um rosto humano na superfície da Lua.
Certamente foi o mesmo que inspirou a famosa sequência do filme Viagem à Lua, do pioneiro cineasta George Meliés.
Uma das cenas mais conhecidas do filme "Viagem à Lua"
(1902), de George Meliés: rosto humano no satélite terrestre
E há quem enxergue Elvis Presley, um par de mãos, uma árvore, mulheres,
sapos, Jesus Cristo e um homem carregando lenha.
Mas não é preciso ir tão longe: para muita gente, brincar de identificar
o coelho já é diversão suficiente.
Contra os mitos e as falsas crenças
Ao contrário do que muito se comentou, uma Superlua não trará com ela o
fim do mundo, nem causará um aumento na incidência de crimes.
Entre os muitos mitos que são repetidos, um dos mais comuns é de que
esses fenômenos teriam algum efeito sobre os criminosos, que ficariam mais
vorazes nas noites de lua cheia.
O melhor horário para observar a Superlua é quando ela surge na
linha do horizonte, orienta a Nasa
Mas os cientistas já descartaram a possibilidade de o fenômeno causar
comportamentos estranhos, como a licantropia - a transformação de um ser humano
em animal, como na lenda do lobisomem - ou ainda provocar desastres naturais de
qualquer tipo.
Segundo o psicólogo Scott O. Lilienfeld, da Universidade de Emory, nos
Estados Unidos, "não importa quão perto ou longe ela passe, a Lua não
incita crimes, como sugere a crença popular".
Autor do livro 50 Grandes Mitos da
Psicologia Popular, ele alerta que estudos sobre esse tipo de
conexão encontraram "uma grande quantidade de nada".
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