Literatura
Colaboração de Fernando Alcoforado*
Eleito
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump continuará escandaloso como foi
durante a campanha eleitoral? Será que ele vai manter suas promessas de
campanha mais duras? Aqui estão três razões para pensar que a resposta é não,
segundo Raphael Godet publicado pela Franceinfo no texto Présidentielle
américaine : pourquoi il ne faut pas avoir (trop) peur de Donald Trump (Eleição
presidencial americana: por que não precisa ter medo de Donald Trump)
disponível no website . As três razões são as seguintes:
1) Muitas das medidas de Trump não são viáveis
como a de construir um muro ao longo da fronteira entre os EUA e o México,
supostamente para impedir a entrada de imigrantes ilegais para os Estados
Unidos, que teria cerca de 3000 km, entre 9 e 20 m de altura e o custo de 6 a
12 bilhões de Euros.
2) Ele não
terá as mãos completamente livres para agir porque Donald Trump terá que pensar
sobre a equipe que irá acompanhá-lo para a Casa Branca, tarefa que não é fácil
quando se sabe que os republicanos estão extremamente divididos e poucos o tem
apoiado publicamente. Muitas vezes acredita-se que o presidente dos Estados
Unidos é um super-homem, que tem todos os poderes o que é falso. Mesmo com o
suporte do Congresso, Trump encontrará bloqueios como tem ocorrido nos últimos
anos.
3) Ele vai
deixar seus hábitos de candidato e assumir os de presidente porque neste cargo
terá agora de tentar reunir um país profundamente dividido. Novato na política,
ele deve aprender a "ser presidente".
As primeiras
palavras de Donald Trump após a vitória nas eleições, apontam na mudança de tom
e de posicionamento, segundo Raphael Godet. Ele felicitou Hillary Clinton
elogiando-a afirmando que os Estados Unidos têm uma "dívida" para com
ela, antes de prometer que seria "o presidente de todos os
americanos". Em oposição à tese de Raphael Godet acima apresentada,
Margaux Duguet coloca 5 fatores com os quais deve haver preocupação com a
futura administração Donald Trump dos Estados Unidos apresentada no Franceinfo
sob o título Présidentielle américaine : pourquoi il faut avoir peur maintenant
que Trump a gagné (Eleição presidencial nos EUA: por que é preciso ter medo
agora que Trump ganhou) disponível no website .
Choque com o
resultado das eleições. E imediatamente depois das eleições, o medo, segundo
Margaux Duguet. Não há dúvida de que há milhões de americanos que não votaram
em Donald Trump. O candidato republicano de 70 anos será o 45º presidente dos
Estados Unidos a tomar posse em 20 de janeiro de 2017. Depois do governo Obama,
os americanos (e o mundo) vão entrar em uma nova era, cujos contornos são vagos
e inquietantes. À apresentação de propostas, muitas vezes incompletas e não
suficientemente criptografadas, Donald Trump, com sua personalidade
controvertida, é 2 motivo legítimo de preocupação. Os 5 fatores de preocupação
resultantes da eleição de Donald Trump listados por Margaux Duguet são os
seguintes:
1) Porque
Trump é um principiante político, que divide seu próprio campo. Bilionário
estrela de reality show e mulherengo foi a trajetória de Donald Trump antes de
entrar para a política. O magnata do mercado imobiliário nunca foi eleito e
será depois que o general Dwight Eisenhower, em 1952, o segundo novato em
política para entrar na Casa Branca. Ao contrário de seu adversário Hillary
Clinton, que defendia o “status quo”, os americanos escolheram o candidato
antissistemas, ante elite e anti-administração e defensor das mudanças. E
também inexperiente. Outro ponto de preocupação é o novato Trump ter que lidar
com os republicanos que até então estavam profundamente divididos por sua
ascensão meteórica. Em agosto, 50 deles tinham rejeitado a candidatura do
bilionário. Algumas semanas mais tarde foi a vez do presidente da Câmara dos
Representantes em pessoa, Paul Ryan, que anunciou seu afastamento do
empresário, após a publicação de um vídeo incriminador para Donald Trump.
2) Porque
ele tem as mãos livres em relação ao Congresso. Para executar seu programa,
Donald Trump terá o apoio do Congresso, onde os republicanos dominam a Câmara
dos Representantes com 236 contra 190 eleitos do lado democrata, e também o
Senado, com 51 senadores contra 47 para os democratas.Trump será capaz de
abolir o programa de seu antecessor e sua medida mais simbólica: Obamacare.
Donald Trump prometeu trabalhar na abolição mais rápida da lei sobre o seguro
de saúde, que abrange as necessidades de saúde de 20 milhões de americanos.
3) Porque a
visão de Donald Trump sobre as mulheres é (muito) perturbadora. Não se conta o
número de frases perturbadoras proferidas por Donald Trump sobre as mulheres,
quer durante a campanha ou em suas intervenções passadas. Apesar disto, sua
votação não foi afetada nas eleições. Além de seus comentários sexistas, Donald
Trump se alinhou com as posições conservadoras do Partido Republicano sobre o
aborto. Considera, assim, que o embrião tem o direito fundamental à vida que
não pode ser violado Quando perguntado se as mulheres que abortam devem ser
punidas, ele não deu detalhes.
4) Porque a
política externa poderia ter consequências graves. Donald Trump pretende para
fazer Washington se aliar a Moscou na luta contra o Estado Islâmico e se
distanciar da OTAN desafiando um dos compromissos fundamentais do tratado: o
apoio mútuo dos países integrantes em caso de ataque. O novo inquilino da Casa
Branca também era conhecido por suas propostas duras sobre imigração.
Desafiando o direito do solo, mas também a expulsão de imigrantes sem
documentos, o republicano tem em sua mira um estado vizinho nos Estados Unidos:
México. Afirmou que pretende construir um muro na fronteira dos dois países.
5) Porque
seu programa econômico vai perturbar a América (e o mundo). Desde o anúncio da
vitória de Donald Trump, os mercados acionários globais, que não tinha previsto
este resultado, desabou. Porque o seu programa econômico tem apenas um lema:
protecionismo. Ele prometeu conduzir uma guerra comercial contra a China,
incluindo em especial as empresas americanas que se deslocaram para Pequim.
Outro temor para o planeta neste momento são as posições de Trump sobre o meio
ambiente. O bilionário prometeu que iria cancelar o acordo climático assinados
pelos Estados Unidos em Paris e que vai cortar a Environmental Protection
Agency (EPA). Afirmou, também, que não vai pagar os previstos bilhões de
dólares para as Nações Unidas para os programas de combate às mudanças
climáticas.
Tudo leva a
crer que os argumentos de Margaux Duguet são mais consistentes do que o de
Raphael Godet. Donald Trump levará avante o que afirmou em sua campanha
eleitoral para não decepcionar seu eleitorado. As teses de Trump se apoiam em
pesquisas que apontam que dois terços da população dos Estados Unidos não confiavam
no governo e acreditavam que o país está no caminho errado. Foi baseado neste
fato que a campanha de Trump cunhou a ideia de que ele era “uma nova manhã na
América”, isto é, ele era a solução para os problemas dos Estados Unidos. Muito
provavelmente, ele colocará em prática suas promessas de campanha.
*Fernando Alcoforado, 76, membro da Academia Baiana de
Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento
Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor
nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros
Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a
Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o
Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento
do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e
Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do
Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA,
Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social
Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento
Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010),
Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global
(Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os
Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV,
Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática
Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015) e As Grandes
Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV,
Curitiba, 2016). Possui blog na Internet (http://fernando.alcoforado.zip.net).
E-mail: falcoforado@uol.com.br.
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