segunda-feira, 14 de novembro de 2016

CONTROVÉRSIAS SOBRE A MUDANÇA DE RUMOS DOS ESTADOS UNIDOS NO MUNDO COM DONALD TRUMP

 Literatura






Colaboração de Fernando Alcoforado*


Eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump continuará escandaloso como foi durante a campanha eleitoral? Será que ele vai manter suas promessas de campanha mais duras? Aqui estão três razões para pensar que a resposta é não, segundo Raphael Godet publicado pela Franceinfo no texto Présidentielle américaine : pourquoi il ne faut pas avoir (trop) peur de Donald Trump (Eleição presidencial americana: por que não precisa ter medo de Donald Trump) disponível no website . As três razões são as seguintes:



 1) Muitas das medidas de Trump não são viáveis como a de construir um muro ao longo da fronteira entre os EUA e o México, supostamente para impedir a entrada de imigrantes ilegais para os Estados Unidos, que teria cerca de 3000 km, entre 9 e 20 m de altura e o custo de 6 a 12 bilhões de Euros.
2) Ele não terá as mãos completamente livres para agir porque Donald Trump terá que pensar sobre a equipe que irá acompanhá-lo para a Casa Branca, tarefa que não é fácil quando se sabe que os republicanos estão extremamente divididos e poucos o tem apoiado publicamente. Muitas vezes acredita-se que o presidente dos Estados Unidos é um super-homem, que tem todos os poderes o que é falso. Mesmo com o suporte do Congresso, Trump encontrará bloqueios como tem ocorrido nos últimos anos.
3) Ele vai deixar seus hábitos de candidato e assumir os de presidente porque neste cargo terá agora de tentar reunir um país profundamente dividido. Novato na política, ele deve aprender a "ser presidente".
As primeiras palavras de Donald Trump após a vitória nas eleições, apontam na mudança de tom e de posicionamento, segundo Raphael Godet. Ele felicitou Hillary Clinton elogiando-a afirmando que os Estados Unidos têm uma "dívida" para com ela, antes de prometer que seria "o presidente de todos os americanos". Em oposição à tese de Raphael Godet acima apresentada, Margaux Duguet coloca 5 fatores com os quais deve haver preocupação com a futura administração Donald Trump dos Estados Unidos apresentada no Franceinfo sob o título Présidentielle américaine : pourquoi il faut avoir peur maintenant que Trump a gagné (Eleição presidencial nos EUA: por que é preciso ter medo agora que Trump ganhou) disponível no website .
Choque com o resultado das eleições. E imediatamente depois das eleições, o medo, segundo Margaux Duguet. Não há dúvida de que há milhões de americanos que não votaram em Donald Trump. O candidato republicano de 70 anos será o 45º presidente dos Estados Unidos a tomar posse em 20 de janeiro de 2017. Depois do governo Obama, os americanos (e o mundo) vão entrar em uma nova era, cujos contornos são vagos e inquietantes. À apresentação de propostas, muitas vezes incompletas e não suficientemente criptografadas, Donald Trump, com sua personalidade controvertida, é 2 motivo legítimo de preocupação. Os 5 fatores de preocupação resultantes da eleição de Donald Trump listados por Margaux Duguet são os seguintes:
1) Porque Trump é um principiante político, que divide seu próprio campo. Bilionário estrela de reality show e mulherengo foi a trajetória de Donald Trump antes de entrar para a política. O magnata do mercado imobiliário nunca foi eleito e será depois que o general Dwight Eisenhower, em 1952, o segundo novato em política para entrar na Casa Branca. Ao contrário de seu adversário Hillary Clinton, que defendia o “status quo”, os americanos escolheram o candidato antissistemas, ante elite e anti-administração e defensor das mudanças. E também inexperiente. Outro ponto de preocupação é o novato Trump ter que lidar com os republicanos que até então estavam profundamente divididos por sua ascensão meteórica. Em agosto, 50 deles tinham rejeitado a candidatura do bilionário. Algumas semanas mais tarde foi a vez do presidente da Câmara dos Representantes em pessoa, Paul Ryan, que anunciou seu afastamento do empresário, após a publicação de um vídeo incriminador para Donald Trump.
2) Porque ele tem as mãos livres em relação ao Congresso. Para executar seu programa, Donald Trump terá o apoio do Congresso, onde os republicanos dominam a Câmara dos Representantes com 236 contra 190 eleitos do lado democrata, e também o Senado, com 51 senadores contra 47 para os democratas.Trump será capaz de abolir o programa de seu antecessor e sua medida mais simbólica: Obamacare. Donald Trump prometeu trabalhar na abolição mais rápida da lei sobre o seguro de saúde, que abrange as necessidades de saúde de 20 milhões de americanos.
3) Porque a visão de Donald Trump sobre as mulheres é (muito) perturbadora. Não se conta o número de frases perturbadoras proferidas por Donald Trump sobre as mulheres, quer durante a campanha ou em suas intervenções passadas. Apesar disto, sua votação não foi afetada nas eleições. Além de seus comentários sexistas, Donald Trump se alinhou com as posições conservadoras do Partido Republicano sobre o aborto. Considera, assim, que o embrião tem o direito fundamental à vida que não pode ser violado Quando perguntado se as mulheres que abortam devem ser punidas, ele não deu detalhes.
4) Porque a política externa poderia ter consequências graves. Donald Trump pretende para fazer Washington se aliar a Moscou na luta contra o Estado Islâmico e se distanciar da OTAN desafiando um dos compromissos fundamentais do tratado: o apoio mútuo dos países integrantes em caso de ataque. O novo inquilino da Casa Branca também era conhecido por suas propostas duras sobre imigração. Desafiando o direito do solo, mas também a expulsão de imigrantes sem documentos, o republicano tem em sua mira um estado vizinho nos Estados Unidos: México. Afirmou que pretende construir um muro na fronteira dos dois países.
5) Porque seu programa econômico vai perturbar a América (e o mundo). Desde o anúncio da vitória de Donald Trump, os mercados acionários globais, que não tinha previsto este resultado, desabou. Porque o seu programa econômico tem apenas um lema: protecionismo. Ele prometeu conduzir uma guerra comercial contra a China, incluindo em especial as empresas americanas que se deslocaram para Pequim. Outro temor para o planeta neste momento são as posições de Trump sobre o meio ambiente. O bilionário prometeu que iria cancelar o acordo climático assinados pelos Estados Unidos em Paris e que vai cortar a Environmental Protection Agency (EPA). Afirmou, também, que não vai pagar os previstos bilhões de dólares para as Nações Unidas para os programas de combate às mudanças climáticas.
Tudo leva a crer que os argumentos de Margaux Duguet são mais consistentes do que o de Raphael Godet. Donald Trump levará avante o que afirmou em sua campanha eleitoral para não decepcionar seu eleitorado. As teses de Trump se apoiam em pesquisas que apontam que dois terços da população dos Estados Unidos não confiavam no governo e acreditavam que o país está no caminho errado. Foi baseado neste fato que a campanha de Trump cunhou a ideia de que ele era “uma nova manhã na América”, isto é, ele era a solução para os problemas dos Estados Unidos. Muito provavelmente, ele colocará em prática suas promessas de campanha.

*Fernando Alcoforado, 76, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015) e As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016). Possui blog na Internet (http://fernando.alcoforado.zip.net). E-mail: falcoforado@uol.com.br.


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