Mistério
Mistério
no ar
D. B. Cooper é
o epíteto popularmente
usado para se referir a um homem não identificado que sequestrou um Boeing 727 da Northwest
Airlines no espaço aéreo entre Portland, Oregon, e Seattle, Washington, no dia 24 de novembro de 1971 e extorquiu uma
quantia de duzentos mil dólares em resgate, pulando de
paraquedas para um destino incerto. Apesar de uma grande perseguição e uma
investigação ainda ativa pelo FBI, o culpado nunca foi
localizado ou positivamente identificado. O caso permanece como o único
sequestro aéreo sem solução na história da aviação dos Estados Unidos.
O suspeito comprou uma
passagem usando o pseudônimo Dan Cooper, porém devido a uma falha
de comunicação da mídia ele acabou ficando conhecido na cultura popular como
D. B. Cooper. Centenas de pistas foram investigadas durante os anos, porém
nenhuma evidência conclusiva sobre a identidade de Cooper e sua localização
jamais foi encontrada. Várias teorias das mais variadas plausibilidades foram
propostas por especialistas, jornalistas e entusiastas amadores. A
descoberta em 1980 de um pequeno esconderijo das notas do resgate renovou o
interesse, mas acabou apenas aumentando o mistério, com a grande maioria das
notas nunca tendo sido recuperadas.
Apesar dos investigadores do
FBI insistirem desde o começo que Cooper provavelmente não sobreviveu a seu
arriscado salto a agência mantém o caso ainda em aberto – que já possui
mais de sessenta volumes[6] –
e continua a provocar novas ideias criativas e novas pistas. "Talvez um
hidrólogo possa usar a última tecnologia para rastrear os U$ 5.800 em dinheiro
do resgate encontrados em 1980 até onde Cooper aterrissou rio acima",
sugeriu o agente especial Larry Carr, líder das investigações desde 2006,
"Ou talvez alguém apenas se lembre daquele tio estranho".
O incidente começou no meio da
tarde na véspera de Ação de Graças, 24 de novembro de 1971, no Aeroporto
Internacional de Portland, em Portland, Oregon. Um homem carregando
uma maleta preta aproximou-se do guichê de voo da Northwest
Airlines. Ele se identificou como "Dan Cooper" e comprou uma passagem
de ida no Voo 305, uma viagem de trinta minutos até Seattle, Washington.
Cooper entrou na aeronave,
um Boeing
727-100 (registro N467US) e sentou-se na poltrona 18C[ (18E
em um relato e 15D em outro) no
final da cabine de passageiros. Ele acendeu um cigarro e pediu um uísque e
refrigerante. Testemunhas abordo lembram de um homem na casa dos quarenta anos,
entre 1,78 m e 1,83 m de altura. Ele usava uma leve capa de chuva preta, um
terno escuro, mocassins, uma camisa de colarinho branco bem passada, uma
gravata preta e um alfinete de gravata de madrepérola.
Cartaz de procurado de Cooper
feito pelo FBI.
O Voo 305 decolou no horário às
14h30min, com aproximadamente um terço lotado. Cooper passou um bilhete para
Florence Schaffner, a comissária
de bordo mais perto dele em um assento preso à porta
traseira. Schaffner colocou o bilhete na bolsa sem olhá-lo achando que
continha o telefone de um solitário homem de negócios. Cooper inclinou-se para
ela e sussurrou, "Srta., é melhor você olhar aquele bilhete. Eu tenho uma
bomba".
O bilhete foi escrito com uma
caneta de feltro, de forma clara e com todas as letras maiúsculas. Lia-se,
aproximadamente, "Tenho uma bomba na minha maleta. Vou usá-la se
necessário. Quero que você sente-se ao meu lado. Você está sendo
sequestrada". Schaffner atendeu o pedido e pediu para ver a bomba.
Cooper abriu a maleta o suficiente para que ela pudesse ver oito cilindros
vermelhos ("quatro em cima de quatro") presos em fios com
isolamento vermelho, junto com uma grande bateria cilíndrica. Depois de fechar
a maleta, ele exigiu duzentos mil em "moeda americana negociável",
quatro paraquedas (dois primários e dois de reserva), e um caminhão de
combústivel esperando em Seattle para reabastecer a aeronave. Schaffner
transmitiu as instruções de Cooper para a cabine de comando; quando ela voltou,
ele estava usando óculos escuros.
William Scott, o piloto,
contatou o controle de tráfego aéreo no Aeroporto Internacional de
Seattle-Tacoma, que por sua vez informou as autoridades locais e federais. Os outros
36 passageiros foram informados que sua chegada a Seattle seria atrasada por
causa de uma "pequena dificuldade mecânica". Donald Nyrop,
presidente da Northwest, autorizou o pagamento do resgate e ordenou que todos
os funcionários cooperassem com o sequestrador. A aeronave voou em
círculos sobre o Puget
Soundpor aproximadamente duas horas para dar tempo a polícia de Seattle e
o FBI reunir o dinheiro e os
paraquedas de Cooper, além de mobilizar pessoal de emergência.
Schaffner lembra que Cooper
parecia conhecer bem o terreno local; em certo momento ele comentou,
"Parece Tacoma lá
em baixo", no momento que o avião sobrevoava a cidade. Ele também
mencionou corretamente que a Base Aérea McChord ficava a vinte
minutos de carro do aeroporto de Seattle. Schaffner o descreveu como calmo,
educado e bem letrado, inconsistente com todos os esteriótipos associados com
sequestradores aéreos na época (criminosos enfurecidos e duros, ou dissidentes
políticos "leve-me a Cuba"). Tina Mucklow,
outra comissária de bordo, concordou. "Ele não estava nervoso",
contou aos investigadores, "Ele parecia bastante agradável. Nunca foi
cruel ou mau. Ele ficou pensativo e calmo o tempo todo". Cooper pediu
mais um uísque e água, pagou pela bebida (insistindo para Schaffner ficar com o
troco) e se ofereceu para pedir refeições a tripulação durante a parada em
Seattle.
Agentes do FBI reuniram o
dinheiro de vários bancos da área de Seattle – dez mil notas de vinte dólares, muitas das quais com o
número de série começando com a letra "L" indicando impressão pelo
Banco Central Federal de São Francisco, a maioria carregando a designação
"Série 1969-C" – e tiraram fotografias em microfilme de cada
nota. Cooper recusou os paraquedas militares inicialmente oferecidos pelas
autoridades, exigindo paraquedas civis com cordas de abertura operadas
manualmente. A polícia de Seattle os conseguiu em uma escola de paraquedismo local.
Cooper foi informado às
17h24min que suas exigências haviam sido cumpridas, e às 17h39min a aeronave
pousou no Aeroporto de Seattle-Tacoma. Ele instruiu Scott a taxiar até uma
área isolada e bem iluminada e apagar todas as luzes da cabine para impedir a
ação de atiradores de elite da polícia. Al Lee, gerente de operações de
Northwest em Seattle, aproximou-se da aeronave em roupas civis (para evitar que
Cooper confundisse o uniforme da companhia com o de oficial policial) e
entregou a Mucklow pelas escadas traseiras uma mochila com o dinheiro e os
quatro paraquedas Assim que a entrega foi finalizada, Cooper permitiu que
todos os passageiros, Schaffner e a comissária sênior Alice Hancock saíssem da
aeronave.[
Cooper delineou seu plano de
voo para a equipe da cabine durante o reabastecimento: um curso sudeste em
direção a Cidade
do México na velocidade mínima possível sem estolar a aeronave
(aproximadamente 100 nós [190 km/h])
em uma altitude de três mil metros. Ele ainda especificou
que o trem de
pouso permanecesse baixado na posição de decolagem/aterrissagem,
os flaps fossem abaixados
em 15° e que a cabine de passageiros permanecesse despressurizada. O
copiloto William Rataczak informou Cooper que o alcance do avião ficava
limitado a 1 600 km na configuração de voo especificada, significando que seria
necessário um segundo reabastecimento antes de entrarem no México. Cooper e a tripulação
discutiram opções e concordaram em Reno, Nevada, como parada de
reabastecimento. Finalmente, Cooper disse para a aeronave decolar com a
porta traseira abaixada e sua escada estendida. O escritório da Northwest se
opôs, afirmando que não era seguro decolar com a escada aberta. Cooper afirmou
que era sim seguro, mas que não discutiria o assunto; ele mesmo a abaixaria uma
vez no ar.
Um oficial da FAA pediu para se encontrar
pessoalmente com Cooper abordo da aeronave, mas ele recusou. O processo de
reabastecimento foi adiado por causa de uma obstrução de vapor na bomba do
caminhão tanque, deixando Cooper inquieto.[1] Ele
permitiu que um segundo caminhão continuasse o processo – e um terceiro depois
que o segundo ficou vazio.
A escada traseira de um Boeing 727 aberta.
Às 19h40min, aproximadamente,
o 727 decolou com apenas Cooper, Scott, Mucklow, Rataczak e o engenheiro de voo
H. E. Anderson abordo. Dois caças Convair F-106 Delta Dart da Base Aérea
McChord seguiram a aeronave, um acima e o outro abaixo, fora da visão de
Cooper. Um Lockheed T-33,
retirado de uma missão da Guarda Aérea Nacional, também seguiu o 727 até ficar
com pouco combustível e voltar para a divisa do Oregon com a Califórnia.[28]
Após a decolagem, Cooper
mandou Mucklow se juntar ao resto da tripulação na cabine e ficarem lá com a
porta fechada. Enquanto se dirigia até lá, ela observou Cooper amarrando alguma
coisa em sua cintura. Por volta dàs 20h uma luz acendeu na cabine indicando que
o mecanismo da escada traseira havia sido acionado. A tripulação perguntou a
Cooper através do intercomunicador se ele precisava de ajuda, e ele respondeu
simplesmente dizendo "Não!".
Às 20h13min, aproximadamente,
a seção da cauda do avião sofreu um súbito movimento ascendente, grande o
bastante para precisar de correção por parte dos pilotos até o nivelarem
novamente. Scott e Rataczak pousaram o 727, ainda com a escada traseira
abaixada, no Aeroporto de Reno por volta dàs 22h15min. Agentes dos FBI,
policiais estaduais, agentes do xerife e a polícia de Reno cercaram a aeronave,
já que ainda não havia sido confirmado que Cooper não estava mais abordo; uma
busca armada logo confirmou que ele desaparecera.
Os agentes do FBI encontraram
66 impressões digitais não identificadas abordo da aeronave, a gravata
preta e o alfinete de gravata de madrepérola de Cooper e dois dos quatro
paraquedas, um dos quais havia sido aberto e dois cordames cortados de seu
dossel. Foram entrevistadas testemunhas em Portland, Seattle e Reno, e
todos os indivíduos que interagiram pessoalmente com Cooper. Um série de
retratos falados foram desenvolvidos e compostos a partir dos testemunhos.
A polícia local e agentes do
FBI imediatamente começaram a interrogar possíveis suspeitos. Um dos primeiros
foi um homem de Oregon chamado D. B. Cooper que tinha uma pequena ficha
criminal, contatado pela polícia de Portland no caso do sequestrador ter usado
seu nome verdadeiro ou o mesmo pseudônimo usado em um crime anterior. Seu
envolvimento foi rapidamente descartado; porém um repórter inexperiente (Clyde
Jabin da United Press International na maioria dos
relatos,[34] enquanto
outros citam Joe Frazier da Associated Press) na
pressa de cumprir um prazo, confundiu o nome do suspeito eliminado com o
pseudônimo usado pelo criminoso. O erro
foi pego e repetido por várias outras fontes e o apelido "D. B.
Cooper" se alojou na memória coletiva popular
Fonte:
Wikiédia
Nenhum comentário:
Postar um comentário