sábado, 5 de novembro de 2016

O PRIMEIRO BEIJO DE CLARICE (LINSPECTOR)

 Literatura brasileira






Publicado por Adriana Vieira


O beijo. O primeiro.
Não um simples beijo. Uma catarse. Uma viagem pela vida interior do personagem menino que se torna um homem.
Belo. Profundo.
Urge, todos os dias, beijarmos a vida. E tentarmos sentir a paixão vivida pelo garoto criado por Clarice. O garoto sem nome, mas repleto de alma.




O primeiro beijo de Clarice. Conto miúdo na forma e profundo na essência. Qual será a profundidade do primeiro beijo que Clarice presenteou o personagem, um garoto sem nome, mas com personalidade. Sua primeira namorada lhe pergunta se outro dia beijou alguém. E com sinceridade responde que sim. Sai daí o relato do seu primeiro beijo, e a narrativa transcorre com o lirismo e as epifanias tão peculiares ao mundo nos oferecido por Clarice Lispector.
A namorada escuta, embebida de ciúme a trajetória do ônibus subindo à serra, a brisa tocando o rosto do namorado e toda a delícia do desconhecido. Com a garganta seca junta a saliva que não alivia sua sede. A sede que o toma inteiro e que ele busca saciar. Uma catarse, no fôlego de um garoto, que mostra os sentidos aflorados até a chegada ao líquido que lhe trará a saciedade. A água da fonte mata a sede e o assusta. Pois beija a boca da mulher de pedra, de onde a água flui e se percebe apaixonado. Seu coração pulsa e a vida que o cerca se modifica, dando sentido a sua existência.
Com a maestria de sempre, Clarice nos presenteia com essa pequena história do primeiro beijo. Não um simples beijo. Uma catarse. Uma viagem pela vida interior do personagem menino que se torna um homem. Belo. Profundo. Urge, todos os dias, beijarmos a vida. E tentarmos sentir a paixão vivida pelo garoto criado por Clarice. O garoto sem nome, mas repleto de alma.
O conto lido foi retirado da 4a edição do Livro "O primeiro beijo e outras histórias", lançado pela editora ática em 1991.



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