O destino da Igreja dos Martírios – Recife, Pernambuco.
A Igreja dos Martírios, uma pequena
igreja incrustada no centro do Recife, foi alvo de uma disputa entre a
municipalidade (na pessoa do prefeito Augusto Lucena) e a intelectualidade recifense.
Para dar andamento ao seu plano de
urbanização do centro do Recife, o prefeito Augusto Lucena viu-se diante da
Igreja dos Martírios, que lhe impedia o andamento das obras.
Até então a igrejinha não era tombada.
A Igreja de Bom Jesus dos Martírios era uma igreja importante, porque era uma
igreja de pardos e pretos do final do século XVIII, e portanto deveria ser
preservada. Então, o IPHAN fez o processo de tombamento da igreja, na tentativa de impedir
sua demolição.
Eis a avenida e o lamento do recifense: “A AUSÊNCIA DA
IGREJA DOS MARTÍRIOS VERSUS A PRESENÇA DA AVENIDA DANTAS BARRETO”.
Augusto Lucena solicitou ao Governo
Federal o destombamento da igreja. E, quando alguns técnicos enviados pelo
governo deslocavam-se ao Recife para avaliar a solicitação, o prefeito
antecipou-se e conseguiu derrubar parte da fachada da igreja, onde ficava o
sino. Este ato foi flagrado por um fotógrafo.
Técnicos, na tentativa de dissuasão,
apresentaram planos alternativos, para a preservação do monumento histórico.
O prefeito conseguiu o destombamento e
a igreja literalmente tombou, dando lugar à Avenida
Dantas Barreto, no dizer do arquiteto e paisagista José
Luiz Mota Menezes, "uma avenida do nada para o
nada".
Como medida paliativa, em 1973 o ministro da educação à época, Jarbas Passarinho, autorizou o destombamento, na
condição de a prefeitura do Recife construir outro frontão da igreja, em
posição diferente da original, apenas para guardar a memória. Mas esse frontão
não foi construído.
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