Adam HadhazyDa BBC Future
Cientistas acreditam que memórias são armazenadas
nas conexões entre neurônios
Ao
contrário de smartphones, tablets e pen drives, o cérebro humano parece ter uma
capacidade infinita. Ainda assim, muitos de nós temos dificuldade de decorarmos
um simples nome, aniversário ou número de telefone.
Neurocientistas há tempos vêm tentando medir o
quanto cabe na memória humana, mas a tarefa se torna quase impossível quando
sabemos de casos de pessoas extremamente dedicadas realizam feitos incríveis
com seus cérebros.
Um deles é o chinês Chao Lu, que em 2005, quando
era um estudante universitário de 24 anos, recitou corretamente os 67.980
dígitos do número Pi (π), durante um período de 24 horas, sem intervalos.
Outros gênios realizaram façanhas até mais
incríveis, lembrando-se até dos complexos detalhes de uma imagem, por exemplo.
Em casos raríssimos, uma lesão pode também
ocasionar a chamada síndrome da sabedoria adquirida. Foi o que aconteceu com o
americano Orlando Serrel, que, aos 10 anos, foi atingido por uma bola de
beisebol no lado esquerdo da cabeça. De uma hora para outra, ele começou a
mostrar ser capaz de se lembrar de inúmeras placas de registro de veículos ou
ainda fazer cálculos sobre datas de décadas anteriores.
Mas o que faz a massa cinzenta dessas pessoas
superar a memória do indivíduo comum? E o que esses supertalentos podem nos
ensinar sobre a verdadeira capacidade do cérebro humano?
Bytes cerebrais
Para pesquisadores,
cérebro pode ter uma capacidade de quadrilhões de bytes.
Nossa capacidade de memória tem como base a
fisiologia do cérebro, que é composto de aproximadamente 100 bilhões de
neurônios. No entanto, apenas 1 bilhão deles têm uma função no armazenamento de
recordações antigas, e são chamados de células piramidais.
Se cada neurônio pudesse armazenar apenas uma
“unidade” de memória, o cérebro estaria transbordando de informação. “A
quantidade de neurônios existente não é suficiente para todas as informações
adquiridas por um indivíduo”, explica Paul Reber, professor de psicologia da
Northwestern University, dos Estados Unidos.
Cientistas acreditam que, em vez disso, as
lembranças se formam nas conexões entre os neurônios e ao longo da rede neural.
Cada neurônio gera extensões semelhantes a linhas de metrô que se cruzam em uma
única estação, atravessando cerca de mil outros neurônios.
Acredita-se que é essa arquitetura que torna
possível acessar as memórias em toda a teia. Por isso, por exemplo, o conceito
de céu azul pode aparecer em inúmeras lembranças discretas de fatos ocorridos
em um dia de sol.
Reber chama esse efeito de “armazenamento
exponencial”, e por causa dele a capacidade de memória do cérebro “salta à
estratosfera”.
“É possível dizer que o cérebro teria muitos
petabytes – e um petabyte equivale a 2 mil anos de música em formato MP3”, diz
Reber. “Ainda não sabemos exatamente de quantas conexões uma lembrança precisa,
nem se podemos comparar sua capacidade com a de um computador. Mas dá para
afirmar que o cérebro tem toneladas e toneladas de espaço.”
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