Por Ella DaviesRepórter da BBC Nature
8 maio 2015
O
planeta Terra pode não ter um lagarto gigante de chifres, cauda pontuda e que
solta fogo pela boca. Mas alguns dragões existem, sim. E podem até voar...
Conheça dez deles.
Dragão de Komodo
Se para você, dragões são répteis gigantes com uma
mordida fatal, o dragão de Komodo (Varanus komodensis)
é o ser vivo que mais chega perto dessa descrição.
Com até 3 metros de comprimento e pesando até 70 quilos, trata-se do
maior lagarto do mundo.
Ele não solta fogo, mas pode matar porcos, veados e até búfalos com o
que sai de sua boca. Em 2009, cientistas descobriram que o animal tem uma
saliva altamente venenosa que encharca as feridas que ele inflige com seus
dentes afiados.
O réptil foi batizado de dragão pelo aventureiro americano W. Douglas
Burden, que partiu para as Pequenas Ilhas da Sonda, na Indonésia, em busca de
lagartos gigantes e se deparou com esta temível criatura.
'Cobra-dragão'
Nativa da Indonésia e da Malásia, mas também
avistada na Tailândia e em Mianmar, esta misteriosa espécie (Xenodermus javanicus) foi assim chamada por causa de
suas escamas.
Xenodermus significa "pele estranha" e se refere às fileiras
de escamas rugosas e negras que correm como cordilheiras pelo corpo da
serpente.
Uma cobra como esta chega a medir 60 centímetros, e as fêmeas são
ligeiramente maiores que os machos. Ela tem hábitos noturnos e se alimenta
essencialmente de sapos.
Dragão-barbudo
O dragão-barbudo (do gênero Pogona) é um dos animais de estimação mais
populares em todo o mundo. As oito espécies do gênero vêm todas da Austrália
Central.
Esses lagartos estufam suas gargantas para criar um imponente semicírculo
cheio de escamas pontiagudas. Essa "barba" se torna negra durante o
acasalamento e em momentos de estresse.
Em 2014, cientistas descobriram que o dragão-barbudo também muda de
tonalidade de acordo com seu ritmo circadiano: ele começa o dia mais escuro e
vai ficando mais claro progressivamente, adotando uma cor creme à noite.
Essas mudanças o ajudam a absorver calor durante o dia e a se manter
aquecido à noite.
Lacraia-dragão rosa-choque
As lacraias ficam no espectro de menor porte da escala de dragões da
vida real.
Podem ser encontradas em todo o Sudeste Asiático, e foram batizadas como
dragões por causa de suas elaboradas protusões pontudas que servem para
proteger suas inúmeras patas.
Uma das espécies mais surpreendentes foi a
lacraia-dragão rosa-choque (Desmoxytes purpurosea),
descoberta em 2007 vivendo em uma caverna de calcário, entre serapilheiras, na
Tailândia.
Com 3 centímetros de comprimento, é uma das maiores lacraias-dragão do
mundo. Além da cor berrante, sua principal característica é exalar um cheiro de
amêndoas – o que significa que elas produzem o altamente tóxico cianureto de
hidrogênio em suas glândulas.
Outras espécies de lacraias-dragão também foram encontradas recentemente
no Laos, nas Filipinas e no sul da China.
Dragão-voador
Aqueles que acreditam que dragões deveriam voar vão
ficar contentes em saber da existência do gênero Draco. Trata-se de um grupo de répteis que pode
genuinamente planar no ar, uma adaptação que os ajudou a sobreviver nas
florestas tropicais do Sudeste Asiático.
Assim como muitas asas de avião são construídas com suportes e uma
membrana estendida entre eles, o dragão-voador tem algumas costelas alongadas
que apoiam uma aba de pele, chamada patágio.
A estrutura os permite planar por cerca de 8 metros entre uma árvore e
outra. A cauda fina e esguia do animal atua como leme.
Graças a músculos especializados, os dragões podem armar as asas ou
encolhê-las ao longo do corpo.
Libélula gigante
Chamadas de dragonfly ("mosca-dragão")
em inglês, as libélulas são encontradas em todos os continentes, exceto na
Antártida, e são representadas por cerca de 5 mil espécies.
O maior desse grupo de insetos é a Petalura ingentissima, encontrada em Queensland, na
Austrália.
Essas libélulas de listras pretas e amarelas vivem perto de riachos da
floresta tropical. Medem 12 centímetros de comprimento, e suas asas têm 16
centímetros de envergadura.
Acredita-se que seja a mais antiga libélula do mundo, com fósseis
datados no período jurássico.
Especialistas no folclore ocidental acreditam que o inseto foi batizado
como "dragão" por causa de suas manobras acrobáticas aéreas, que os
europeus da Idade Média pensavam ser obra do Diabo.
Peixe-mandarim
Histórias de dragões não se restringem à terra e aos céus. Na mitologia
asiática, os dragões são frequentemente associados com a água, e há muitas
criaturas marinhas batizadas em homenagem a eles.
Uma das espécies mais atraentes é o peixe-mandarim, animal tropical
encontrado na intersecção dos Oceanos Índico e Pacífico.
Estes "pequenos dragões", da família Callionymidae, são assim chamados por causa
de sua grande barbatana dorsal, que lembram asas articuladas.
O peixe-mandarim exibe uma mistura psicodélica de um azul eletrizante
com um laranja vibrante para se disfarçar bem em seu habitat, os corais do
Pacífico.
Em 2013, cientistas descobriram que este animal tem células pigmentosas
que podem brilhar em azul ou em vermelho.
Para se proteger dos predadores, o peixe-mandarin secreta uma toxina no
denso muco que cobre seu corpo, algo típico de outras espécies da família.
Peixe-dragão negro
O peixe-dragão negro (Idiacanthus atlanticus)
se parece com os vilões mais assustadores dos contos de fadas, com seu corpo
preto e esguio e seus terríveis dentes pontiagudos.
É uma espécie de águas profundas e pode ser encontrado até 2 mil metros
abaixo da superfície do Oceano Atlântico. Está incrivelmente adaptado ao
escuro, ao frio e à alta pressão encontrados nessa profundidade.
O animal se alimenta de invertebrados marinhos e de outros peixes. Para
atrair as presas, a fêmea tem um barbo – um órgão que se parece com um fio
preso em seu queixo, com uma ponta azul luminescente.
A fêmea também possui órgãos chamados fotóforos, que emitem luz,
espalhados pelo corpo e cabeça. Eles ajudam o animal a encontrar presas, se
comunicar e se esconder de grandes predadores.
Enquanto uma fêmea adulta pode chegar a medir 48 centímetros, os machos
têm apenas 5 centímetros e não possuem dentes. São as fêmeas que caçam à noite,
enquanto os machos permanecem no fundo do mar.
Lesma-do-mar
Conhecida em inglês como blue dragon nudibranch ("nudibrânquio-dragão
azul"), esta espécie de lesma-do-mar (Glaucus atlanticus)
já foi avistada em praias da Austrália, da África e do sudeste dos Estados
Unidos, e recentemente foram encontradas na costa leste da Índia.
Em vez de voar ou planar, este dragão marinho flutua de barriga para
cima para onde quer que o vento o leve. Ela viaja na tensão superficial da água,
usando uma bolha de ar na barriga para flutuar.
Ao parecer prateada para os peixes abaixo dela e azul para os pássaros
acima, a lesma evita os predadores.
Mas não se deixe enganar pela aparência angelical: esta criatura se
alimenta dos tentáculos tóxicos da temida caravela e transfere as células
pungentes daquele animal para dezenas de pequenas bolsas, afim de usá-las em
sua própria defesa.
Dragão-marinho
Não se engane: os dragões-marinhos (da
família Syngnathidae) são peixes. Fazem parte da família dos
cavalos-marinhos mas são muito mais excêntricos.
A mais nova espécie foi descoberta no início deste ano e tem uma
coloração vermelha.
A principal característica do dragão-marinho são seus apêndices carnudos
que imitam algas marinhas, permitindo que o animal possa se camuflar e evitar
predadores.
São encontrados apenas na costa sul da Austrália.
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