Monumento sacro
Depois de 11 anos em obras, foi
entregue à comunidade brasileira, totalmente restaurado, um dos maiores e mais
belos monumentos da arte sacra do país
O Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro é
um histórico mosteiro localizado no Morro de São Bento, no Centro da cidade do Rio
de Janeiro, no Brasil. É um dos principais monumentos de arte colonial da
cidade e do país.
O Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro foi
fundado por monges beneditinos vindos da Bahia em 1590. O
mosteiro ainda funciona como tal, existindo, a seu lado, um dos
estabelecimentos educacionais mais importantes e tradicionais do Brasil:
o Colégio de São Bento, fundado em 1858, que formou uma quantidade
considerável de
personalidades brasileiras, como Pixinguinha, Benjamin
Constant, Noel Rosa, Antônio Silva Jardim, Villa-Lobos, Cazuza,
entre outros. O Mosteiro possui igualmente a Faculdade de São Bento, com Cursos
de Filosofia e Teologia, ambos reconhecidos pelo Ministério da Educação. O
Curso de Teologia é afiliado ao Pontifício Ateneu Santo Anselmo, de Roma.
Detalhe de
uma pintura de 1841 do francês Jules de Sinety mostrando o porto do Rio e o
Mosteiro de São Bento sobre o morro homônimo
A história
do mosteiro começou em 1590, quando foi doado, pelos nobres Manoel de Brito e
seu filho Diogo de Brito de Lacerda, aos monges beneditinos Pedro Ferraz e João
Porcalho, que haviam vindo do Mosteiro de São Bento de Salvador em
outubro de 1589, um vasto terreno no Centro da cidade do Rio de
Janeiro que incluía o atual Morro de São Bento. Na época,
os monges residiam, como o historiador carioca Vivaldo
Coaracy explica na página 145 de "O Rio de Janeiro no Século
17", num "hospício acanhado" junto à Ermida de Nossa Senhora da
Conceição, ermida de barro esta que havia sido erguida por Aleixo Manuel no
atual Morro da Conceição, que se localiza ao lado do Morro de São Bento.
Devido a este fato, o mosteiro então criado adotou,
como santa padroeira, Nossa Senhora da Conceição. Em 1596, uma
decisão da Junta Geral da Congregação Portuguesa ordenou que todos os mosteiros
beneditinos no Brasil deveriam ter, como patrono, São Bento. O mosteiro
adicionou, então, o nome "São Bento" à sua denominação. Em 1602, o
então "Mosteiro de São Bento de Nossa Senhora da Conceição" trocou
sua denominação para "Mosteiro de Nossa Senhora de Montserrat",
para homenagear a santa de devoção do então governador da Capitania
do Rio de Janeiro, dom Francisco de Souza. Os recursos financeiros necessários
para a construção do atual prédio vieram da renda obtida pela produção de
cana-de-açúcar nas inúmeras propriedades que os monges receberam, através de
doações, no interior da Capitania do Rio de Janeiro, especialmente nas regiões
de Nova Iguaçu e Campos dos Goytacazes.
O trabalho braçal da construção do mosteiro foi
executado por escravos. As pedras utilizadas como matéria-prima foram
provenientes do Morro da Viúva, no atual bairro do Flamengo . Os
planos do novo edifício foram traçados em 1617 pelo engenheiro militar
português Francisco Frias de Mesquita, segundo a estética maneirista
despojada ("chã") vigente em Portugal naquele período. As
obras da igreja só começaram em 1633, pela capela-mor e, quando era
abade Frei Francisco da Madalena, por volta de 1651, prosseguiram com ênfase
para terminar aproximadamente em 1671. O projeto original foi alterado, durante
a construção, pelo arquiteto Frei Bernardo de São Bento Correia de
Souza e a igreja passou de uma a contar com três naves. O mosteiro
anexo à igreja só foi concluído em 1755, com a construção do claustro,
projetado pelo engenheiro militar José Fernandes Pinto Alpoim.
A fachada é
a do projeto original maneirista, com um corpo central com três arcos de
entrada e um frontão triangular. Flaqueiam a entrada duas torres coroadas por pináculos piramidais.
Passando os arcos de entrada se encontra uma galilé com azulejos e
portões de ferro do século XIX.
Interior
Capela-mor
durante a missa do galo de 2009
Capela do
Santíssimo
O interior
da igreja é riquíssimo, totalmente forrado com talha dourada que vai
do estilo barroco de fins do século XVII ao rococó da
segunda metade do século XVIII. O primeiro escultor ativo na igreja foi o monge
português Frei Domingos da Conceição (c. 1643 - 1718) que desenhou e
esculpiu parte da talha da nave e capela-mor (a da capela
foi substituída depois). São suas as magníficas estátuas de São
Bento e de Santa Escolástica e, no altar-mor da
igreja, a Nossa Senhora do Monte Serreado (titular da igreja), além
de outras obras. A partir de 1714, seu projeto foi seguido pelos
entalhadores Alexandre Machado Pereira, Simão da Cunha e José
da Conceição e Silva, que entalharam a maior parte da talha da nave e várias
imagens.
Entre 1789 e 1800, trabalhou, na igreja, um dos
grandes escultores do rococó do Rio de Janeiro, Inácio Ferreira Pinto.
Mestre Inácio refez a capela-mor (1787 - 1794), preservando, porém, detalhes
anteriores, como as telas sobre a vida de santos beneditinos, as quais haviam
sido pintadas entre 1676 e 1684 pelo monge alemão Frei Ricardo do Pilar. A
bela capela rococó do Santíssimo Sacramento (1795 - 1800) é também obra de
mestre Inácio. Os lampadários junto à capela-mor foram projetados e executados
entre 1781 e 1783 por Mestre Valentim. Na sacristia do mosteiro, está
a obra-prima do pintor Frei Ricardo, uma tela representando o Senhor dos
Martírios, pintada cerca de 1690.
Dentro da
igreja, existem, ainda, sete capelas laterais de irmandade: Capela de
Nossa Senhora da Conceição, Capela de São Lourenço, Capela de Santa Gertrudes,
Capela de São Brás, Capela de São Caetano, Capela de Nossa Senhora do Pilar e
Capela de Santo Amaro.
Atualmente,
existem visitas monitoradas à igreja, onde são apresentadas e explicadas as
obras, imagens, talhas e estilos arquitetônicos, entre outros.
A tradicional missa dominical do Mosteiro de São Bento, às 10 horas,
celebrada com órgão e canto
gregoriano, única na capital fluminense,
atrai muitos visitantes. É um evento que faz parte do roteiro turístico da
cidade; tão concorrido que se recomenda a chegada com cerca de trinta minutos
de antecedência. Também se apresentam regularmente, no mosteiro, orquestras e grupos de música de câmara.
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