Livro/filme: recomendado
pelo Blog do Facó para seus filhos
Publicado por Gisele Bellucci,
é paulistana, formada em Publicidade e Propaganda, yogini, escritora e completamente
apaixonada por livros e pelas histórias que eles contam.
Que tudo que chegue até
nós nos inspire, por menor que seja um ato ou uma palavra. Que nada nos escape,
que vejamos todos os sinais que mandamos para nós mesmos para lembrarmos de quem
realmente somos.
Como eu adoro literatura infanto-juvenil e
fantasias, decidi que essa história seria uma entre as minhas preferidas. A
história se passa em Paris no ano de 1931. Hugo Cabret é um menino órfão mas
que adora mecanismos. Enquanto seu pai ainda era vivo e trabalhava em um museu,
encontrou um autômato abandonado por lá e contou para o seu filho que, insistiu
que o pai o consertasse. Mas não conseguiu concluir seu objetivo porque morreu
antes disso, deixando essa tarefa para Hugo, que por sua vez, imaginou que
assim que consertasse o autômato, este lhe daria alguma mensagem de seu
falecido pai. Hugo entra de cabeça nesse propósito e enfrenta tudo e todos para
alcançar seu objetivo. Mas as entrelinhas é que me fascinaram. Um menino
completamente sozinho, morando (escondido) em uma estação de trem, ajustando os
relógios, passando fome, frio, tendo que roubar, sempre sujo e sem ninguém para
se preocupar com ele. Até aí ok, a história é triste.
Mas mesmo passando por todas essas
dificuldades, ele não desisti de seu sonho e continua indo em frente, apesar de
todos os obstáculos e acaba expandindo esse sonho com outros personagens do
livro. Hugo Cabret, em minha opinião, é um menino muito corajoso, mas não por
conseguir sobreviver, mas sim por não deixar que nada o faça desistir. Eu me
lembrei que um dia também fui assim, mas cheguei a esmorecer diante de algumas
dificuldades. Sinto nele o perfume da coragem da juventude, da ausência do medo
de persistir naquilo que quer. Nós vamos crescendo e deixando alguns (ou
muitos) sonhos para trás, vamos nos esquecendo deles porque as
responsabilidades crescem a cada dia. Então vamos trabalhando para sobreviver,
vamos gastando horas em frente a TV, ao smartphone, nas redes sociais, vamos
vivendo no piloto automático, porque, infelizmente, perdemos esse vigor da
juventude. Esse ar heroico que tínhamos quando achávamos que seríamos jovens
para sempre, que nada nem ninguém nos tiraria de nosso eixo. Mas nós mesmos
saímos de nossos eixos, consciente ou inconscientemente.
Vamos deixando a vida nos levar, vamos
empurrando com a barriga, vamos deixando acontecer. Até um dia quando você ouve
uma música no rádio do carro que te traz a lembrança de quem você era e de quem
você é hoje. Uma música ou um filme ou um perfume que te lembram uma época e
que você tinha simplesmente esquecido. Nessa hora nos damos conta do tempo que
passou.
É só olhar para os jovens, adolescentes e
você se lembrará. Lembrará que já foi como eles, já teve esse ar imbatível, mas
com a correria e os problemas da vida nos acovardamos. E foi nesse livro que
lembrei de como eu era e de como eu sou hoje. Mas esses sinais estão em toda a
parte, basta você estar disposto para olhar para eles. E, graças a Deus, eles
dizem claramente: sempre há tempo de voltar e fazer de novo. Se você estiver
olhando para a sua vida e não estiver satisfeito com o que vê, pare e comece de
novo. Você pode errar, você pode falhar, você pode começar do zero novamente,
porque sempre é tempo de recomeçar. Não tenha medo das mudanças e nem das suas
escolhas, lembre-se que, mesmo se você não escolher, escolhido estará. Então
aja. Corra atrás. Faça o que tem vontade de fazer. Mesmo que você não possa
largar seu emprego, mantenha o que você ama fazer como um "hobby",
mas mantenha por perto, não se distancie de você mesmo.
Olhe de perto para tudo de bom que a sua vida
tem hoje, mas não pare mais que um segundo observando os problemas, porque você
tomará a decisão certa para resolvê-los, se preocupar não vai ajudar em nada.
Respire e sinta que um sangue juvenil ainda corre em suas veias, você não está
velho nem ultrapassado, você é a expressão física da vida. Dê valor aos seus
sentimentos e emoções, perceba que não está sozinho e siga em frente com todo o
seu amor.
Não perca nunca seu entusiasmo em viver, em
acordar cedo, em ter que ir trabalhar, em ter que ir ao médico, em sentir
alguma dor, em fazer uma refeição, em saborear uma bebida. Volte a enxergar
como você e eu enxergávamos antes de nos esquecermos quem éramos. Grata Hugo
Cabret,
professor H. Alcofrisbas, autômato, ao
cinema, a literatura, a Brian Selznick, que nossos esforços não sejam em vão,
que possamos despertar aqueles que passam por nossas vidas da melhor forma
possível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário