Literatura/história
Publicado por Diana Caldeira Guerra
Numa época antes de Cristo, o dia 25 de
Dezembro era assinalado com grandes festividades pagãs que comemoravam o
deus-sol, Mitra. Havia também nesta altura muitos banquetes para festejar o
solstício de Inverno e o fim das colheitas. Até que ponto esta e outras
tradições pagãs influenciaram os costumes de hoje do Natal? Vamos ver.
Imagem: Martin Geisler, licença CC-SA
3.0
Em primeiro lugar, o dia em si. O dia 25 de
Dezembro aproxima-se, no hemisfério norte, ao solstício de Inverno e era nesta
data que as culturas pagãs celebravam o "Natalis Solis Invictus"
(Nascimento do Sol Invencível), uma celebração ao deus-sol, Mitra. O dia 25
está até marcado no Calendário Philocaliano romano, compilado em 354. Também em
muitas partes do mundo antigo a comemoração do deus-sol coincidia com o
solstício de Inverno, altura em que os povos comemoravam o final das colheitas.
A influência do culto pagão terá levado a que este dia fosse o escolhido para
celebrar a data oficial do nascimento de Cristo. Aliás, na Bíblia não está assinalada nenhuma data específica, e apenas se pode indicar que o mês terá
sido provavelmente Setembro. O assinalar do nascimento do deus-sol não
influenciou apenas a escolha do dia de Natal. Estas festividades envolviam
também a decoração de árvores e a troca de presentes. Apesar da hipótese de que estas duas tradições tenham sido introduzidas
por Martinho Lutero no século XVI, há quem advogue a sua origem pagã. Por
exemplo, segundo a mitologia babilónica, Ninrode (neto de Noé) gostava de
receber presentes debaixo de uma árvore depois de morto. Mas esta não é a única
ligação do paganismo às árvores: a madeira servia para adoração e culto
doméstico porque simbolizava a vida, enraizando-se a terra e projetando-se
verticalmente.
Imagem: Silvio Tanaka, licença CC-SA
3.0
Também
as velas provêm de uma tradição pagã: eram utilizadas ao crepúsculo para
homenagear o deus romano Júpiter, chamando o Sol depois deste se pôr. As grinaldas, que hoje são colocadas nas
portas das casas em Dezembro, eram utilizadas no Egito Antigo para proteger e
agradecer: significavam o fim da colheita (ano) e protegiam o lar - daí a sua
forma redonda.
O
presépio é outro elemento de caráter ambíguo. Apesar de se saber que foi introduzido por São
Francisco, há quem defenda que se trata de uma representação de um altar a
Baal, figura consagrada na antiguidade babilónica e que estimula a idolatria.
Os banquetes são, por outro lado, um hábito antigo e bem documentado. Bebia-se
e comia-se com fartura, especialmente na altura dos solstícios. Era um sinal de
aliança com Talmuz, Nirode e outros deuses da Babilónia. Nos dias de hoje, o
costume da "grande ceia" mantêm-se.
Imagem: 4028mdk09, licença CC-SA 3.0
A festa do Natal é por isto tudo, mais que um
dia religioso do Cristianismo. Tornou-se uma data assinalada globalmente, mas
com origem ancestral e múltipla: provem também das culturas pagãs, algumas de
caráter mundano. De uma altura em que as comunidades adoravam o Sol e
agradeciam a Terra os bons anos de agricultura sem calamidades. A Igreja
Romana, com a forte presença destes costumes pagãos, integrou-os, na
impossibilidade de excluí-los, dando-lhe um significado religioso.
Durante a Idade Média, estas tradições
persistiram no mundo feudal ocidental, enraizaram-se e mantêm-se na cultura
popular dos dias de hoje.
© obvious: http://obviousmag.org/archives/2010/12/regresso_as_origens_o_natal_nas_culturas_pagas.html#ixzz3u1IstqI6
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