Publicado por alfredo
passos
Robert Allen Zimmerman
nasceu em Duluth em 24 de maio de 1941, nos Estados Unidos da América. É
compositor, cantor, pintor, ator e escritor. Bob Dylan, torna-se o primeiro e
único artista na história a ganhar, além do Prêmio Nobel, o Oscar, Grammy e o
Globo de Ouro.
Que o mundo não é mais o mesmo não é
mais novidade para ninguém. Mas, a novidade nesse outubro, onde são anunciados
os vencedores dos Prêmios Nobel, foi a surpreendente escolha da Academia Sueca,
para o Prêmio Nobel de Literatura.
Certamente não há uma pessoa neste planeta
que pudesse sonhar que o escolhido, fosse Robert Allen Zimmerman. A questão não
é o merecimento. E sim a forma como se enxerga as pessoas e seus papéis na
sociedade pós-moderna. Todos têm seus “rótulos”, “classificações” nos seus
papéis, especialmente profissionais, “cantor, pintor, músico”.
O mundo acostumou a ver Robert Allen
Zimmerman, ou Bob Dylan, músico, cantor, e não como, ator e escritor, embora
eles estivessem sempre bem presentes. E foi exatamente por todos esses papéis,
que a Academia Sueca, resolveu premiar sua obra.
A explicação para todos, veio de Sara Danuis,
a secretária permanente da Academia Sueca, ao dizer "Bob Dylan
foi premiado com o Prêmio Nobel de Literatura 2016 por ter criado uma nova
expressão poética dentro da grande tradição norte-americana da canção. ”
Os incrédulos continuam discutindo a validade
do prêmio ao seu ganhador, porém, inúmeras também são as vantagens, para o
conhecimento e a educação de uma forma geral.
Agora será necessário a discussão sobre o que
é literatura, sobre a arte de compor ou escrever versos, composição poética de
pequena extensão, versos, rima, aquilo que há de elevado ou comovente nas
pessoas ou nas coisas para resultar em uma poesia ou música, além é claro da questão
original: palavras para ler ou palavras para cantar?
Mas o que é literatura?
Segundo o Grande Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa, literatura é o conjunto de escritores, poetas, que atuam
no mundo das letras, numa determinada sociedade. Ou seja, é um ofício, um
trabalho do profissional de letras.
Sendo assim, não existe restrição ao
premiado, pois com 75 anos e esse Prêmio Nobel de Literatura, Bob
Dylan, torna-se o primeiro e único artista na história a ganhar, além do Prêmio
Nobel, o Oscar, Grammy e o Globo de Ouro. São 12 Grammys e o Oscar por
Things Have Changed, tema do filme Garotos Incríveis.
Bob Dylan
Nascido no estado de Minnesota, neto de
imigrantes judeus russos, aos dez anos de idade Dylan escreveu seus primeiros
poemas e, ainda adolescente, aprendeu piano e guitarra sozinho. Começou
cantando em grupos de rock, imitando Little Richard e Buddy Holly, mas quando
foi para a Universidade de Minnesota em 1959, voltou-se para a folk music,
impressionado com a obra musical do lendário cantor folk Woody Guthrie, a quem
foi visitar em Nova Iorque em 1961, segundo a Wikipédia.
Letra de música pode ser considerada
literatura?
Embora muitas letras carreguem aquilo que
parece o principal para merecer a definição de poesia, a poiesis,
palavra do grego antigo para criação, que Platão relacionou às artes em A
República, há quem conteste a classificação. Sara Danuis, da Academia Sueca,
comparou Dylan a Homero e Safo, dois gigantes da Antiguidade Clássica, para
justificar a escolha.
As letras das músicas de Dylan
1. The Times They Are a-Changin’ Uma das
canções mais clássicas de Dylan foi lançada em 1964, em uma época em que os
Estados Unidos sofriam grandes transformações sociais, com a contracultura, o
movimento pelos direitos civis e o debate sobre a Guerra do Vietnã, e se tornou
uma das canções políticas e de protesto mais populares da história, um
verdadeiro hino de manifestações: “Venham senadores, congressistas/
Por favor escutem o chamado / Não fiquem parados no vão da porta / Não
congestionem o corredor / Pois aquele que se machuca / Será aquele que nos
impediu / Há uma batalha lá fora / E está rugindo / E logo irá balançar suas
janelas / E fazer ruir suas paredes / Pois os tempos estão mudando”
2. Blowin’ in the Wind Lançada em 1962, a
canção possui uma sequência de perguntas retóricas, que abordam temas como paz
e liberdade, e cujas respostas estão na cara de todos, mas ao mesmo tempo são
intangíveis como o vento. “Quantas estradas um homem precisa andar /
Antes que possam chamá-lo de homem? / Quantos mares uma pomba branca precisa
sobrevoar / Antes que ela possa descansar na areia? / Sim, e quantas balas de
canhão precisam voar / Até serem para sempre banidas? / A resposta, meu amigo,
está soprando ao vento” 3. Like a Rolling Stone
Lançada em 1965, a canção fala de uma mulher
que antes era rica e nobre, mas, por causa de uma reviravolta do destino,
perdeu todo o dinheiro que tinha, e agora mendiga pelas ruas, e precisa
defender a si mesma de um mundo desconhecido e hostil. “Era uma vez,
você se vestia tão bem / Em seu auge, dando esmola aos mendigos, não era? / As
pessoas diziam “Cuidado, boneca! Você pode se dar mal!” / Você pensou que
estavam brincando / Você costumava rir / De todos que vagavam à sua volta /
Agora, você não fala tão alto / Agora, você não parece tão orgulhosa / Tendo
que roubar sua próxima refeição / Qual é a sensação? / Qual é a sensação? / De
estar sem lar? / Como uma completa desconhecida? / Como uma pedra solta?” 4.
Knockin’ on Heaven’s Door.
Produzida para a trilha sonora do filme Pat
Garrett e Billy the Kid (1973), a canção já foi regravada por diversos
artistas, como Guns N’ Roses e Avril Lavigne e até ganhou uma versão em
português com Zé Ramalho. Entrando no clima do faroeste do cinema, Dylan
escreve em seus versos a última súplica de um xerife. “Tire este
distintivo de mim / Eu não posso mais usá-lo / Está ficando escuro, escuro
demais para enxergar / Sinto como se eu estivesse batendo à porta do paraíso /
Bate, bate, bate à porta do paraíso” 5. Don’t Think Twice (It’s
All Right)
Outra canção que já recebeu inúmeros covers,
a melodia e a letra de Don’t Think Twice (It’s All Right) é na verdade baseada
na canção Who’s Gonna Buy You Ribbons When I’m Gone?, do cantor Paul Clayton,
que era amigo de Dylan. “Até mais, querida / Aonde vou, não sei
dizer / Mas adeus é uma palavra forte demais, querida / Então direi apenas
‘passe bem’ / Não estou dizendo que você me tratou mal / Você poderia ter feito
melhor mas não me importo / Você apenas desperdiçou o meu precioso tempo / Mas
não pense duas vezes, está tudo bem” 6. Hurricane.
Em 1975, Bob Dylan lançou Hurricane para
protestar contra a prisão do boxeador Rubin “Hurricane” Carter, que foi preso
injustamente por assassinato, em 1966, no auge da carreira. Nos versos, o
cantor denuncia o racismo da polícia e da sociedade americana, um tema que
continua válido 40 anos depois. “Todas as cartas de já estavam
marcadas / O julgamento foi um circo, ele não teve a menor chance / O juiz fez
das testemunhas de Rubin bêbados / E para os brancos que assistiam, ele era um
revolucionário / Para os negros, apenas mais um crioulo maluco / Ninguém
duvidava que ele tivesse apertado o gatilho / Embora não conseguissem mostrar a
arma / O promotor público disse que era ele o responsável / E o júri, todos de
brancos, concordou” 7. Make You Feel My Love.
A canção foi escrita por Bob Dylan em 1997,
mas, um mês antes de o cantor divulgar a faixa, Billy Joel lançou uma versão
com o título To Make You Feel My Love. A música alcançou fama recente na voz de
Adele, que regravou o single para o seu primeiro álbum, 19, em 2008, citadas em Veja. “Eu
sei que você ainda não se decidiu / Mas saiba que eu nunca lhe faria mal / Sei
disso desde que nos conhecemos / Na minha cabeça, não há dúvidas, eu sei o
lugar a que você pertence / Eu passaria fome, eu ficaria triste e deprimido /
Eu iria me arrastando avenida abaixo / Não há nada que eu não faria / Para fazer
você sentir o meu amor”
Bob Dylan no Cinema
DONT’T LOOK BACK, 1967 Considerado clássico, o documentário de
D.A. Pennebaker documenta a turnê inglesa de 1965 do artista.
EAT
THE DOCUMENT, 1972
Dylan, John Lennon,
Johnny Cash. Um documentário
considerado caótico sobre a intimidade de grandes artistas. Dylan dirige o
filme. PAT GARRET E BILLY THE KID, 1973 Grande desmistificador do western, Sam
Peckinpah conta aqui a história da perseguição de Pat Garret ao mítico Billy
the Kid. Bob Dylan faz um dos pistoleiros do bando. E compôs a trilha. Knocking
on Heaven’s Door virou um dos maiores hits de Dylan. E o próprio filme virou
objeto de culto, mesmo sendo lançado nos cinemas numa versão remontada pelos
produtores, e renegada pelo diretor.
RENALDO E CLARA, 1978
Co-escrito (com Sam Shepard), dirigido e
interpretado por Dylan, o filme é uma mistura de ficção, documentário e show.
Alguns críticos o comparam a O Boulevard do Crime, de Marcel Carné, por sua
história de amor impossível – entre Dylan e Joan Baez, sua namorada, na época.
Originalmente, durava mais de 4 horas, o que pode ter ajudado no fracasso
comercial. Remontado, não ganhou público, mas também não perdeu a aura.
A MÁSCARA DO ANONIMATO, 2003
Escrito e interpretado por Dylan – é seu
último trabalho como ator e ele faz um cantor decadente, que tenta um grande
retorno ao showbiz. Larry Charles é o diretor e Jeff Bridges, John Goodman,
Jessica Lange, Sean Penn, Giovanni Ribisi, Steve Bauer e Fred Ward integram o
extenso elenco.
NO DIRECTION HOME, 2005
Martin Scorsese já havia filmado Bob Dylan
com The Band em A Última Valsa. Aqui, para traçar o retrato do artista, ’Marty’
recorre a imagens de arquivo e a depoimentos. Em sua resenha crítica, Roger
Ebert diz que o filme é profundo, simpático e perceptivo com o biografado, mas
no limite não tenta decifrá-lo, permitindo que permaneça misterioso como o mito
que é.
NÃO ESTOU LÁ, 2007
Para muita gente, esse não é apenas o melhor
filme de (e sobre Dylan), maior até que o western de Sam Peckinpah. É também um
dos mais criativos e enigmáticos filmes de Hollywood. Para decifrar o mito, o
diretor Todd Haynes – de Longe do Paraíso e Carol – faz com que Dylan seja
interpretado por nada menos que seis atores, incluindo uma mulher, Cate
Blanchett, premiada em Veneza pelo papel. Outros atores que se revezam no
personagem – Richard Gere, Christian Bale, Heath Ledger, Ben Wishaw e Marcus
Carl Franklin.
GAROTOS INCRÍVEIS, 2001
Dylan ganhou o Globo de Ouro e o Oscar de
canção pelo tema do belo filme de Curtis Hanson sobre um professor de
literatura (Michael Douglas) que não consegue ser o grande escritor que sonhou.
Dylan agradeceu via satélite porque estava em turnê na Austrália. Desde então,
não se separa da estatueta da Academia e a carrega, como amuleto, em todos os
shows, citados pelo Estadão.
Bob Dylan é o segundo músico a vencer o Nobel
de Literatura, 103 anos depois do indiano Rabindranath Tagore, cujo nome
verdadeiro era Rabíndranáth Thákhur. Nascido em Calcutá (Índia) 06 de maio de
1861, de uma família nobre e rica, famosa também por tradições culturais e
espirituais. Ao contrário do pensamento de Gandhi, que com a desobediência
civil organizada do nacionalismo indiano - se para derrubar o Inglês, Tagore
pretende combinar e integrar as diferentes culturas na Índia. Pela
"sensibilidade profunda, frescura e beleza dos versos, com a habilidade
consumada, consegue fazer em sua poesia, expressa através da linguagem Inglês,
parte da literatura ocidental", em 1913 Rabindranath Tagore recebeu o
Prémio Nobel literatura, doada para sua escola Santiniketan, onde veio a
falecer em 07 de agosto de 1941.
Você está com dúvida se Bob Dylan merece ou
não esse Prêmio Nobel de Literatura 2016? Então leia as "75 coisas que você talvez não saiba sobre Bob
Dylan".
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