Crime
Sequestro atrapalhado chamou a atenção das autoridades na França
Um sequestro de uma idosa milionária chamou a
atenção na França pela forma "atrapalhada" com a qual os
sequestradores executaram o plano do crime.
Jacqueline Veyrac - proprietária milionária do Grand Hotel, um dos
hotéis mais luxuosos de Cannes, no sul do país - foi levada no último dia 24.
A mulher de 76 anos foi raptada em uma rua no centro de Nice, a uma hora
dali, mas acabou libertada "por acaso" dois dias depois, quando um
pedestre a encontrou amarrada e amordaçada em uma van estacionada na estrada -
ela teria passado quase todo o tempo no veículo.
O homem se aproximou porque a placa do veículo estava pendurada,
deixando a mostra a existência de uma segunda placa por baixo. Ele estranhou
aquilo e se aproximou para ver se havia alguém no carro - foi quando se deparou
com a senhora sequestrada.
Desde então, o investigador do caso, Jean-Michel Pretre informou que
seis pessoas foram detidas suspeitas de sequestro e tentativa de extorsão.
Cinco delas ainda estão presas.
A principal suspeita do crime é que ele tenha acontecido por vingança.
O mentor do sequestro seria o dono de um restaurante com uma estrela
Michelin (ranking que premia os melhores restaurantes).
Trata-se de Giuseppe Serena, um empresário italiano de 63 anos de idade que
administrava o famoso restaurante La Reserve, no porto de Nice. O lugar é um
ponto de referência na cidade e também pertence à família da vítima.
Segundo os investigadores, Serena teria raiva de Veyrac - ele a culpava
pelo fracasso que teve na administração do La Reserve.
Jacqueline Veyrac é uma das donas do Grand Hotel de Cannes
Em 2007, o italiano havia assinado um contrato para operar o restaurante
em colaboração com o chefe finlandês Jouni Tormanen. Os dois já haviam
trabalhado juntos administrando anteriormente o L'Atelier du Gout, que também
tem uma estrela Michelin e fica em Bandol, a duas horas de Cannes.
Mas em 2009 o La Reserve deixou de pagar as dívidas pendentes. Eles
tentaram reduzir as operações, mas já era tarde demais - a empresa declarou
falência pouco tempo depois.
O negócio ainda existe, mas é administrado por uma nova equipe.
Segundo o investigador, Serena tinha a intenção de fazer um pedido de
resgate à família Veyrac com o objetivo de recuperar todo o dinheiro que havia
perdido na empresa.
Equipe peculiar
Para executar o plano do sequestro, Serena teria recrutado um grupo um
tanto peculiar.
Um deles foi identificado pela polícia como Luc F, mais conhecido pelo
apelido de "Tintin", um ex-paparazzi que virou detetive particular
cuja tarefa seria colocar dispositivos GPS para rastrear o carro de Veyrac.
Outro homem envolvido no crime seria um britânico que vive como mendigo
no "Passeio dos Ingleses", cenário do ataque terrorista com um
caminhão que deixou 84 mortos em julho deste ano em Nice.
Este homem diz ter servido o Exército do Reino Unido e teria recebido
como tarefa seguir os movimentos da milionária.
O restaurante La Reserve está sob nova administração agora
O restante fazia parte do grupo que efetivamente executou o sequestro.
Resistência
No domingo, o investigador Jean-Michel Pretre elogiou a força de Veyrac,
que, mesmo passando por um calvário de dois dias nas mãos dos sequestradores,
em nenhum momento se rendeu.
"Ela nunca se rendeu. Mostrou um caráter excepcional",
afirmou.
A mulher de 76 anos conseguiu se livrar das cordas que atavam suas mãos
e tornozelos por duas vezes, mas os sequestradores notaram e logo a
imobilizaram de novo.
Durante os dois dias que passou em cativeiro, a milionária se negou a
comer - aceitou apenas água.
A polícia está investigando o caso está relacionado com outra tentativa
de sequestro fracassada contra ela, ocorrida em 2013.
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