Mitologia
mundial
Foi associada com ventos e tempestades. Imaginava-se portadora de
doenças e da morte
Lilith (comumente
o anglicanismo Lilith) (em hebraico: לילית, em antigo árabe:
ليليث) foi uma
deusa adorada na Mesopotâmia
associada com ventos e tempestades e que se imaginava ser um portador de
doenças, enfermidade e morte.
Lilith
aparece como um demônio noturno na crença tradicional judaica e islâmica como a
primeira mulher do bíblico Adão, sendo que em uma
passagem (Patai 81: 455f) ela é acusada
de ser a serpente que levou Eva a comer o fruto proibido. Esta
afirmação de que Lilith foi a predecessora de Eva, no entanto, surge apenas
pela primeira vez no Alfabeto de Ben-Sira composto por volta do
Século VII, sendo que nunca antes havido existido esta conexão a Adão e
Eva nem tão pouco à Criação .
Mais
recentemente, esta história tem sido cada vez mais adotada sendo até discutida
se é ou não contada na Bíblia. Porém, além da
passagem referida abaixo, esta não é mais referida.
Lilith vem
sendo cultuada dentro da alta magia desde então, como a deusa que rege a ponta
da pirâmide, Lilith também era adorada primeiramente na antiga Babilônia.
Lilith como
a serpente em pintura de Rafael Sanzio em 1508 d.C
Lilith como serpente na fachada da Catedral de Notre-Dame de Paris(1163 d.C)
Lilith como serpente na fachada da Catedral de Notre-Dame de Paris(1163 d.C)
No primeiro capítulo do Livro de Gênesis,
versículo 27, está escrito que: "Deus criou o homem à sua
imagem e semelhança; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher." porém
no segundo capítulo versículo 18: '"O Senhor Deus disse: "Não é
bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada." e
é apenas no versículo 22 do segundo capítulo que Eva é criada: "E
da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher, e levou-a
para junto do homem.".
É possível que no primeiro capítulo a mulher criada
seja Lilith e levando em consideração o versículo 23: "Disse então
o homem: Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será
chamada mulher, porque do homem foi tirada." [carece de
fontes] podemos verificar na expressão de Adão" ...esta sim, é osso dos meus ossos e carne da
minha carne!..." a afirmativa de existência de outra criatura que
não era qualificada como mulher e que não se podia se submeter a ele pois era
independente, estava no mesmo nível de criação, a mesma altura de Adão. Em
algumas traduções o texto "esta sim..." aparece como "agora
sim, esta ..." o que não parece ser um erro de tradução mas uma
evidência da afirmação na narrativa. Vemos também o nome Lilith em outros livros
apócrifos [carece de fontes].
Esta é uma interpretação sobre os fatos narrados no Livro
de Gênesis para sustentar a ideia também descrita no alfabeto de
Ben-Sira, porém, como podemos observar lendo todo o capítulo 1 e 2, estas
afirmações acima não se sustentam. Em Gênesis 1 temos os detalhes da criação do
mundo a partir das trevas e das águas (sendo no sexto dia a criação do homem e
da mulher) e no capítulo 2 de Gênesis temos uma outra narração partindo da
terra. São dois eventos diferentes, sendo que o segundo foi escrito no tempo de
Salomão e o primeiro, muito depois, no Exílio da Babilônia.
Observe que o primeiro versículo de Gênesis
capítulo 2 simplesmente temos a conclusão dos últimos versículos do capítulo 1 "E
viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a
manhã, o dia sexto." - Gênesis 1:31 "Assim os céus,
a terra e todo o seu exército foram acabados. E havendo Deus acabado no dia
sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha
feito." - Gênesis 2: 1-2.
Devemos lembrar que a divisão dos capítulos da
Bíblia só vieram ocorrer muitos anos depois 3 . Não
podemos afirmar que os eventos de Gênesis 2 vieram "muito tempo
depois" dos ocorridos em Gênesis 1, porém podemos afirmar sim
que, a partir de Gênesis 2: versículo 4, temos uma outra narrativa do que
ocorreu em Gênesis 1. Na primeira o homem é criado por último, como ápice da
criação, enquanto que na segunda o homem é criado em primeiro lugar e tudo é
feito para ele: "E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e
soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente. E
disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora
idônea para ele."
Lady Lilith
por Dante Gabriel Rossetti (1828-1882)
Outra citação que não se sustenta é a que Adão diz "Esta
sim, é ossos dos meus ossos...", dando a ideia de "Agora
sim, está é minha verdadeira mulher...", pois se observar em todas as
traduções (inglês, grego ou latim) não temos esta expressão "esta
sim," ou "agora sim,". Em todas as
traduções temos a versão -- "E disse Adão: Esta é agora osso dos
meus ossos..." -- "The man said, "This is now
bone of my bones..." - Gênesis 2: 23
Judit Blair (2009) demonstra que todas as oito
criaturas, que são mencionadas, são animais naturais.
Talvez dada a sua longa associação à noite,
surge sem quaisquer precedentes a denominação screech owl, ou seja,
como coruja, na famosa tradução inglesa da bíblia, na Versão
da Bíblia do Rei James. Ali está escrito, em Isaías 34:14 que … the
screech owl also shall rest there (a coruja também deve descansar lá).
É preciso salientar, comparativamente, que em uma renomada versão em língua
portuguesa da bíblia, traduzida por João Ferreira de Almeida, esta
passagem relata que … os animais noturnos ali pousarão, não havendo
menção da coruja, como é frequentemente, muito embora erroneamente, citado no
Brasil (tratando-se de um claro exemplo da forte influência da cultura anglo-saxã no
mundo lusófono atual).
No folclore popular hebreu medieval, ela é
tida como a primeira mulher criada por Deus junto com Adão, que
o abandonou, partindo do Jardim do Éden por causa de uma disputa
sobre igualdade dos sexos, passando depois a ser descrita como um demônio.
De acordo a interpretação da criação humana no Gênesis feita
no Alfabeto de Ben-Sira, entre 600 e 1000 d.C, Lilith foi criada por Deus com
a mesma matéria prima de Adão, porém ela recusava-se a "ficar sempre por
baixo durante as suas relações sexuais". Na modernidade, isso levou a
popularização da noção de que Lilith foi a primeira mulher a rebelar-se contra
o sistema patriarcal e a primeira feminista.
Lilith e Eva
Segundo este manuscrito milenar, Ben Sira conta a
história de Lilith para Nabucodonosor:
Depois que Deus criou Adão, que estava sozinho, Ele
disse: 'Não é bom que o homem esteja só "(Gênesis 2:18). Ele então criou a
mulher para Adão, da terra, como Ele havia criado o próprio Adão, e chamou-a de
Lilith. Adão e Lilith imediatamente começaram a brigar. Lilith disse: "Por
que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que
ser dominada por ti?" Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou
tua igual." Quando reclamou de sua condição a Deus, ele retrucou: "Eu
não vou me deitar abaixo de você, apenas por cima. Pois você está apta apenas
para estar na posição inferior, enquanto eu sou um ser superior." Lilith
respondeu: "Nós somos iguais um ao outro, considerando que ambos fomos
criados a partir da terra". Mas eles não deram ouvidos um ao outro. Quando
Lilith percebeu isso, ela pronunciou o Nome Inefável e voou para o ar. Adão
permaneceu em oração diante do seu Criador: "Soberano do universo! A
mulher que você me deu fugiu!". Ao mesmo tempo Deus enviou três anjos para
trazê-la de volta.
Os três anjos foram insistiram que ela voltasse e
ameaçaram afogá-la, porém ela se recusou a voltar, sendo assim condenada por
Deus a perder cem filhos por dia. Desde então, para proteger os recém-nascidos
da influência de Lilith, seria necessário colocar amuletos com o nome dos 3
anjos (Snvi, Snsvi, and Smnglof), lembrando-a de sua promessa.
Lilith e Samuel
Eva teria então sido criada a partir de Adão. Como
outra interpretação diz que ela (Lilith) juntou-se aos anjos caídos quando se
casou com Samuel que tentou Eva ao passo que Lilith tentou a Adão os
fazendo cometer adultério. Desde então o
homem foi expulso do paraíso e Lilith tentaria destruir a humanidade, filhos do
adultério de Adão com Eva, pois mesmo abandonando seu marido ela não aceitava
sua segunda mulher. Ela então passou a perseguir os homens, principalmente
os adúlteros, crianças e recém casados para se vingar. Outras histórias
referem-se a ela como surgida das trevas ou como um demônio do mar e não como
igual ao homem.
Infere-se pelos textos e por amuletos medievais que
ela era uma superstição comum entre os camponeses. Deixar esculturas dos 3
anjos que a perseguiram para fora do Éden, Sanvi, Sansavi e Samangelaf,
protegeria os bebês recém-nascidos (uma proteção necessária por 8 dias para
homens e 20 dias para mulheres) e impediria que seus maridos fossem seduzidos
por Lilith a cometer [adultério].
A imagem de Lilith, sob o nome Lilitu, apareceu
primeiramente representando uma categoria de demônios ou espíritos de ventos e
tormentas na Suméria por volta de 3000 A.C. Muitos estudiosos atribuem a origem do nome fonético Lilith por
volta de 700 A.C.
Na Suméria e na Babilônia ela ao mesmo tempo que
era cultuada era identificada com os demônios e espíritos malignos. Seu símbolo
era a lua, pois assim como a lua ela seria uma deusa de fases boas e ruins.
Alguns estudiosos assimilam ela a várias deusas da fertilidade, assim como deusas
cruéis devido ao sincretismo com outras culturas.
Ela é
também associada a um demônio feminino da noite que originou na
antiga Mesopotâmia. Era associada ao vento e, pensava-se, por isso,
que ela era portadora de mal-estares, doenças e mesmo da morte.
Porém algumas vezes ela se utilizaria da água como uma espécie de portal para o
seu mundo. Também nas escrituras hebraicas (Talmud e Midrash) ela é
referida como uma espécie de demônio.
A imagem mais conhecida que temos dela é a imagem
que nos foi dada pela cultura hebraica, uma vez que esse povo foi aprisionado e
reduzido à servidão na Babilônia, onde Lilith era cultuada, é bem provável que
vissem Lilith como um símbolo de algo negativo. Vemos assim a transformação de
Lilith no modelo hebraico de demônio. Assim surgiram as lendas vampíricas:
Lilith tinha 100 filhos por dia, súcubus quando mulheres e íncubus quando
homens, ou simplesmente lilims. Eles se alimentavam da energia desprendida no
ato sexual e de sangue humano. Também podiam manipular os sonhos humanos,
seriam os geradores das poluções noturnas. Mas uma vez possuído por uma
súcubus, dificilmente um homem saía com vida.
Lilith na Bíblia
Há certas particularidades interessantes nos
ataques de Lilith, como o aperto esmagador sobre o peito, uma vingança por ter
sido obrigada a ficar por baixo de Adão, e sua habilidade de cortar o pênis com
sua vagina segundo os relatos católicos medievais. Ao mesmo tempo que ela
representa a liberdade sexual feminina, também representa a castração
masculina.
Pensa-se que o Relevo Burney (ver
alusões à coruja na reprodução do Relêvo de Burney, nesta página),
um relevo sumério, represente Lilith; muitos acreditam também que há uma
relação entre Lilith e Inanna, deusa suméria da guerra e
do prazer sexual.
Algumas vezes Lilith é associada com a Deusa grega Hécate,
"A mulher escarlate", uma Deusa que guarda as portas do inferno montada
em um enorme cão de três cabeças, Cérbero. Hécate, assim como Lilith,
representa na cultura grega a vida noturna e a rebeldia da mulher sobre o
homem.
Lilith - escultura
Nos dois
últimos séculos a imagem de Lilith começou a passar por uma notável
transformação em certos círculos intelectuais seculares europeus, por exemplo,
na literatura e nas artes, quando os românticos passaram a se ater
mais a imagem sensual e sedutora de Lilith (ver a reprodução
do quadro Lilith de John Collier, pintada em 1892), e aos
seus atributos considerados impossíveis de serem obtidos, em um contraste
radical à sua tradicional imagem demoníaca, noturna, devoradora de crianças, causadora de luxúria e vampirismo (ver
texto gnóstico na seção de links externos). Podendo ser citados também os nomes
de Johann Wolfgang von Goethe, John Keats, Robert Browning, Dante
Gabriel Rossetti, John Collier, etc…Lilith também é considerda um dos Arquidemônios símbolo
da vaidade.
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