Do livro maravilhas do conhecimento humano
Por Henry Thomas*
Todos nós temos “vivido” as histórias que lemos quando crianças. Descobrimos a América com Colombo, namoramos e conquistamos às fascinadoras princesas com Aladino e derrotamos o inimigo com Napoleão e César.
Ora, viveu na Mecêdonia, há cerca de 2.200 anos, um rapaz, amante da leitura e dos sonhos, tal como vós e eu éramos na nossa meninice. Mas era diferente de todos nós. Aos vinte anos, jogou de lado muitos de seus livros e começou a fazer de seus sonhos realidade. Dentro de dez anos conquistou três quartas do mundo conhecido então.
Cansara-se de ser tutelado em ciência, em filosofia e em arte de guerra. Estava ansioso por tornar-se um chefe, em vez de um estudante. Desejava viver a vida! Em criança, costumava chorar diante das conquistas de seu pai, o rei Felipe da Macêdonia. “Meu pai – dizia ele uma vez a seus companheiros –, ganhará tudo e não deixará Nara para vocês e para mim!”.
Contudo cresceu para conquistar dez vezes mais território que o seu pai. E depois quando não havia mais nada para destruir, decidiu tornar-se construtor. Resolveu por em prática todos os seus conhecimentos de filosofia e ciência. Empreendeu a fusão, num só Império, de todas as nações que falavam línguas diferentes, adoravam deuses diferentes. Mas não estava ainda satisfeito.
Foi um dia visitar o sábio Diógenes eu, único em todo mundo, recusara-se a prestar homenagem devida ao jovem conquistador.
Quando Alexandre viu Diógenes, deitado ociosamente num tonel, tomando banho de sol, perguntou ao velho sábio se havia alguma coisa que pudesse fazer em seu favor.
- “Sim, - respondeu Diógenes, - podes afastar-te para não fazer sombra entre mim e o sol”.
Alexandre compreendeu então, pela primeira vez, que era mais fácil conquistar o mundo que submeter o pensamento de um simples filósofo.
Continuou a conduzir seus soldados ao combate, e entre orgias de sangue, lia em voz alta as cenas das épicas batalhas dos poemas homéricos.
Era bom conhecedor de literatura. No cerco de Gaza, aprisionou o governador, furou-lhe os pés e amarrou-lhe o corpo com cordas, à cauda dum carro, que ele mesmo conduziu através da cidade, exatamente como Aquiles havia feito com o corpo de Heitor, no famoso poema de Tróia.
Quando seu melhor amigo adoeceu e morreu, Alexandre mandou crucificar os médicos do acampamento. E afim de acalmar o pesar que sentia, avançou contra uma cidadezinha indefesa e passou a fio de espada dez mil de seus cidadãos.
De caráter fantástico e caprichoso, deu a uma nova cidade da Pérsia o nome de seu cavalo favorito e a outra, o de seu cachorro.
Era o protagonista num drama universal e um de seus autênticos autores. Reuniu Ocidente e Oriente e difundiu pelo mundo uma cultura que iria influir em todo o curso da história. Mas quanto maiores eram as suas façanhas, tanto mais sublime aparecia ele a seus próprios olhos. Começou a considerar-se um deus, e uma vez, quando foi ferido, sentiu-se chocado ao verificar que o sangue, que manava de suas veias, era sangue vermelho, e não o celeste ichor, a divina substância que se supunha corresse pelas veias dos deuses.
Quando não estava combatendo ou lendo Homero, passava o tempo a beber. Nas suas bebedeiras, como nas suas batalhas, tentava mostrar-se sobre-humano. Tratava de beber como um deus, mas agia como um demônio. Por sugestão de uma cortesã embriagada, com quem se divertia em um dos seus banquetes, rematou a diversão pondo fogo no palácio do rei persa. Noutra ocasião, organizou uma “maratona de bebedeira”, tendo como prêmio uma coroa de ouro. O vencedor conseguiu beber doze litros de vinho. Mas nunca pôde gozar o prêmio, porque morreu logo após a vitória. Com o vencedor morreram, pelo excesso, quarenta e um dos outros concorrentes.
O próprio Alexandre afinal caiu doente, em consequência de uma de suas orgias, que havia durado trinta e seis horas. A doença transformou-se numa febre e poucos dias mais tarde ele morria. Tinha então trinta e três anos.
LEIAM SEMPRE: “OS LIVROS SÃO OS MAIS SILENCIOSOS E CONSTANTES AMIGOS; OS MAIS ACESSÍVEIS E SÁBIOS CONSELHEIROS, E OS MAIS PACIENTES PROFESSORES.” (CHARLES W. ELIOT)
Série: Homens e Mulheres que fizeram a História
Nenhum comentário:
Postar um comentário