Do escritor sergipano: Manoel Cabral Machado*
Fortaleza de Montserrat
Guarnecendo as portas do sul
Fechando o Mar e a cidade
Montserrat é fortaleza heróica
Quatro séculos de serviço e aflições
Tua ponte levadiça recatada e difícil
Descobre-nos as entranhas seculares
As tuas ameias davam confiança à cidade
E as sentinelas permaneciam acesas na vigília
À espera dos inesperados corsários e piratas inimigos
És, hoje, unicamente, relíquia e lembrança,
Já não se pode enfurecer teus canhões
És unicamente repouso,
Resta sentar aos teus pés modorrentos
Ao afago das ondas submissas
E ver ao longe o sulcar dos saveiros cruzando a Bahia
Continuas, porém, como noivo dedicado,
A proteger a igrejinha de Montserrat
PELOURINHO
No tempo em que éramos colônia
Na heróica Salvador
Tomava assento a justiça
No terreiro do Pelourinho
Um cravo mordente inclinado
Fincado na Rua dos Sapateiros
Os sobrados e o povo cercavam o marco de pedra
Mudos ficavam de pavor e ódio pelo sofrimento
Das vítimas, culpados ou inocentes
Modo solene de fazer respeito pelo Rei
Juízes, escrivões, meirinhos, almocatéis, todos fardados
Presidiam as instruções do reino
Quero, agora, a memória dessas dores desamparadas
Ninguém o nome dos humildes e torturados
Nem gentes, nem sobrados, nem as pedras silenciosas das praças.
NR/ * Manoel Cabral Machado, nascido em Rosário do Catete-Sergipe, formou-se em bel em direito na Faculdade de Direito da Bahia. Foi imortal da Academia Sergipana de Letras. Seus incontáveis livros em prosa e verso são festejados pelo público leitor e pela crítica Literária. Sua morte abriu imensa lacuna no cenário cultural de Sergipe d’El Rei.
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