sábado, 1 de dezembro de 2012

SAFO, A MAIOR (POETA) LÍRICA DO AMOR

MULHER FASCINANTE DA HISTÓRIA
                                                                     HENRY THOMAS*
                                                                                                              Alegoria com Venus e Cupido. Pintura de 1545.


O Promontório meridional de Santa Maura, no Mar Egeu, é conhecido pelo nome de Salto dos Amantes. Poucos marinheiros ousam aproximar-se dele, tão ríspido é o vento, tão forte a maré que o cerca.

                Na antiga Grécia, chamavam-no o promontório de Leucádia, onde muitas mulheres belas e cruéis sentavam-se a cantar canções, para atrair marinheiros que passavam, fazendo-os naufragar  contra os rochedos.

                Ali viveu a poetisa Safo, chamada por Swinburne “a maior lírica dos tempos”. Compunha ela canções ardentes em verso e lecionava, numa escola de moças, a arte de escrever poesia. Pouco se sabe a respeito de Safo. Nasceu pelo ano 600, antes de Cristo.
                Consta que tinha intrigas amorosas com suas jovens discípulas. Lesbianismo é o termo com que se designa esse gênero sexual, e tem conexão direta com Safo e a ilha de Lesbos, onde ela vivia.
                Ela era belíssima, ardente e ímpia. Errava pelas ilhas de Grécia, compondo música como o vento e versos arrancados das estrelas. Seus versos líricos são “poucos, porém rosas verdadeiras”. Era apaixonadamente jovem e terna. Além dos fragmentos de sua obra, dois de seus poemas chegaram até nós. Um deles é uma Ode a Afrodite, Deusa do Amor.
                Para os que não acreditam no conceito grego da vida, Safo é incompreensível, uma mulher perversa, embora fascinante, que amou sem freio e que escreveu poemas, merecedores da admiração dos maiores críticos.
                Sua poesia é a poesia do amor, envolta em uma ardente simplicidade, que não se conseguiu reviver com êxito, nestes dois mil e quinhentos anos. Servia, com alma e corpo, à causa da beleza. Era erótica, sensível e sutil, viveu com a louca intensidade de uma mulher livre de todos os freios. Era natural como a terra que absorve a chuva, e o orvalho e o sol, para transformá-los no poema épico da vida.
                A beleza á a imperfeição; contém tanto o impuro como o imaculado. Não é a humanidade sublimada, mas a humanidade mergulhada no turbilhão da vida. Pode expressão não só a serenidade como a inquietação. Tempos há em que a fraqueza é adorável, a maldade, patética, o sofrimento, sublime.
                A tradição conta que Safo se lançou do alto do rochedo de Leucádia, quando seu amor pelo jovem Faon foi rejeitado e viu preferida a sua própria criada.
                Ali, onde os vagalhões troam como trovões e as marés investem contra o peito da rocha, ali, na agitação incessante dos ventos, das ondas e dos rochedos, permanece o espírito de Safo, a primeira das poetisas e a mais fascinante das amorosas que o mundo já possuiu.
NR/ *Texto extraído do livro Maravilhas do Conhecimento Humano. Esta obra é de domínio público.

 

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