É preciso compartilhar esta pérola
"triste", mas de grande sensibilidade e amor
pelo nosso Rio Joanes, que agoniza.
Grande abraço, Fernando Borba.
pelo nosso Rio Joanes, que agoniza.
Grande abraço, Fernando Borba.
Por Nayara Lobo
“É o pão da mesa pela fome de quem pesca
O peixe arisco da aventura que há de estar
A voz humilde de quem canta esta cantiga
Sem outros sonhos que não seja o de pescar”.
Esse trecho da música Cantiga de Rio e Remo, de Oswaldir E Carlos Magrão descreve um dos papéis do rio, o de prover sustento. O sustento de um sonho, o sustento de uma família, o sustento de uma região, o sustento da natureza – plantas e animais.
Hoje vivemos indignados com o cenário ao qual somos obrigados a presenciar, e, a conviver. Estamos sôfregos com o dia-a-dia, com os engarrafamentos, com a chuva que inunda, com os inúmeros problemas da sociedade, pelos quais passam a maioria das cidades. Nossa região poderia ser um belo modelo diferenciado, com tanta abonança que nos foi dada pela natureza, mas nós, digo eu, você, os dirigentes políticos, os dirigentes do lar fazemos pouco caso de tudo isso e assistimos, não mais lentamente, o nosso mundo se deteriorar, mas já num processo avançado.
Não adianta apenas reclamar. O mundo não vai mudar com apenas a sua indignação e indiferença. Nossa natureza está morrendo diante de nossos olhos, e as principais vítimas seremos nós mesmos. A natureza tem uma lei muito clara: a lei do retorno. Tudo que o ser humano plantar, vai colher.
Após pequeno desabafo geral, inicio o tema central do texto: O deterioramento do Rio Joanes. Todos nós presenciamos a morte do rio como assistimos às telenovelas; apenas como espectadores. Mas, assim como o comportamento do telespectador define o rumo das cenas, nosso comportamento também ocasiona a morte de um rio.
Esse tema daria muito pano pra manga, a da conscientização ambiental e social. Fato que deveremos trabalhar isso nas nossas escolas, nos lares e na sociedade em geral, mas agora podemos agir não só para evitar novos desastres ambientais; sim a poluição em si já pode ser considerada um desastre ambiental, já que interfere no ciclo natural do planeta. A hora agora é de agir. E de investir de forma pesada para recuperar um patrimônio natural do qual dependem, ou dependiam, de forma direta centenas de famílias ribeirinhas.
“Ah, o sonho de morar num paraíso natural, de paz, tranqüilidade e segurança”. Esse sonho vem se tornando pesadelo para os moradores que investiram em suas belas casas na beira do rio Joanes. Diria ainda que esses não são os mais prejudicados pela poluição e estado de morte do nosso rio. O rio traz um lamento, e junto com ele o desespero das famílias que vivem da pesca, das águas do rio para lavar e cozinhar, além do banho em sua margem.
Esse também é um lamento da Rio Limpo, que hoje conta com o apoio das duas colônias de pesca de Lauro de Freitas e de 80 condomínios localizados próximos ao rio Joanes, nas cidades de Camaçari e Lauro de Freitas.
O momento agora é de conscientização, para que os condomínios, empresas e casas que ainda adotam a prática ‘ilegal’ de lançar seus dejetos nos rios não mais o façam e de ação, ação de limpeza e recuperação do nosso rio, que foi e será nosso sustentáculo.
Esse poema traduz a situação do rio Joanes:
O que ouves e interpretas como acalento
Nada mais é que meu lamento
Insensíveis poluíram-me a nascente
Relegaram-me ao apodrecimento
Quando priorizaram o desmatamento
Alteraram meu curso natural
Represaram-me sem nenhum acanhamento
Em nome do progresso, mas da vida em detrimento
E agora quando quase nada mais me resta
Quando irreversível é meu assoreamento
É difícil, mas não impossível o meu reaparecimento
Basta que seus semelhantes
Não me tinjam com seus excrementos
Basta que apenas mudem seus procedimentos
Quero correr livre e puro como nasci
Levando água para o mais distante povoamento
Com fartura de peixes e vida em todo momento
Quero de novo saciar a sede do ribeirinho sedento
Quero de novo abrigar a piracema, festejar o nascimento
Comemorar a vida sem nenhum impedimento.
Quero desaguar lá longe
Caudaloso, majestoso, orgulhoso, ressuscitado.
(Carvalho de Azevedo – Homenagem ao rio Tietê)
Nayara Lobo
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