Por Conrado Matos –
Psicanalista*
A psicanalista Karen Horney nasceu em 15 de setembro de 1885, em
Eilbek, em Hamburgo na Alemanha.
Inspirada pela sua teoria de maternidade, em função do seu forte
amor pela mãe, usou dessa experiência materna explicações opostas à idéia
Falocêntrica da teoria freudiana, sobre o que condiz a psicologia feminina e
masculina, provocando, finalmente, em parte, uma ruptura com a teoria freudiana
do inconsciente e da sexualidade infantil, em prol de uma psicanálise
sociologizada, em defesa de causas sociais.
Nos Estados Unidos, Horney teve apoio das feministas, embora Karen
nunca tenha defendido movimentos feministas.
Seu interesse pela medicina despertou logo cedo, aos treze anos de
idade, decidindo pelo destino de se tornar uma médica, e em 1906 ingressa na
Universidade de Freiburg, e durante este período conhece um estudante de
economia política em Broeenschweig e começam a namorar, e por fim, se casam em
1909 e vão morar em Stinner em Berlim. É em Berlim que Karen conhece seu
psicanalista Karl Abraham, e inicia um período de análise, em conseqüência de
problemas de depressão e dificuldades sexuais. Em 1910 o seu pai vem a falecer,
e Horney larga a análise em função da transferência paterna.
Em 1911 Karen começa a freqüentar as reuniões noturnas da
Sociedade Psicanalítica de Berlim, aonde, em 1912 vem a apresentar um trabalho
sobre “a educação sexual das crianças”, que chamou a atenção de Abraham, o qual
como seguidor freudiano recomendou a Freud como “verdadeira compreensão”.
Karen Horney foi mãe de três filhas, Brigitte (futura estrela de cinema), Marianne (futura psiquiatra, que se analisou com Erich
Fromm durante quatro anos), e
Renate.
No início de 1920 é fundado o Instituto Psicanalítico de Berlim,
tendo como diretor o psicanalista alemão Max Eitingon, e Karen tornando
primeira mulher a lecionar no Instituto. Aproveitando neste período para se
analisar outra vez, agora com o psicanalista didata do Instituto, o vienense e
advogado, Hans Sachs, discípulo de Freud.
A teoria de Karen Horney veio chamar a atenção de Simone de
Beauvoir, que repudiou a teoria freudiana, com base no modelo patriarcal, cuja
teoria Horney considerou “narcisismo masculino”, descabido, conforme completou
Sayers (página 95, Mães da Psicanálise). Embora, Freud era bastante consultado
por mulheres que, inclusive, formava sua maior clientela. Freud tivera muitas
amigas, como: Lou-Andreas Salomé, a princesa Francesa, Marie Bonaparte, e
Sabina Spielrein.
Infelizmente, para Karen, o caminho entre Berlim e Viena era muito
apertado para sua teoria se manifestar de forma ampla e aceita, pois a
psicanálise ortodoxa continuava a se concentrar no na teoria patriarcal. Sendo
assim, Karen resolve seguir sozinha, praticando a clínica psicanalítica nos
Estados Unidos. Seu grupo de estudo psicanalítico, era composto pelo
psicanalista Erich Fromm, o teólogo Paul Tillich, e o Zen-budista, Suzuki.
Para quem não sabe, Karen Horney foi a favor do ecletismo
psicanalítico, onde apoiou em 1926
a eclética Sociedade Médica de Psicoterapia, se juntando
em estudos na sua própria casa, com freudianos, adlelirianos e
existencialistas. Palestrou nesta Sociedade figuras como Erich Fromm e Carl
Gustav Jung.
Karen lecionou na Sociedade Psicanalítica Alemã e foi
conferencista entre 1929 a
1931, mas em razão da expansão nazista na Alemanha, Horney a convite do
analista húngaro Franz Alexander, criador do Instituto de Psicanálise, em
Chicago, aceita um cargo de Diretora Assistente, e vai residir nos Estados
Unidos, pleiteando posteriormente em 1933 à cidadania norte-americana, assim
como fez também, seu colega Erich Fromm. Ambos, Fromm e Horney, além do teólogo
Paul Tillich, se reuniam para estudos.
Karen Horney foi também membro do Instituto Psicanalítico de Nova
York. Em 1939 ela publica um livro importante, “Novos Rumos na Psicanálise”,
onde usou sua experiência de maternidade para contradizer a maioria dos
conceitos fundamentais de Freud.
No fim da sua vida, Horney já teria desistido por completo da sua
teoria de maternalização, buscando por novos conceitos de autorrealização.
Inclusive, em 1951 conheceu o budista Suzuki (autor de “introdução ao Zen Budismo”, e de outros trabalhos sobre Zen
Budismo e Psicanálise em companhia com Erich Fromm), identificando-se com o
Zen Budismo e sua filosofia, embarcando-se no autoconhecimento, na
transcendência da individualidade como meta de realização pessoal.
Em conseqüência de um câncer, Karen Horney vem a falecer em 04 de
dezembro de 1952, deixando o maior legado da sua teoria nos Estados Unidos,
aonde teve um grande apoio das feministas americanas. Depois da sua morte é
fundado com seu nome o Instituto e Centro Psicanalítico Karen Horney, em Nova
York.
Conrado Matos, Psicanalista, com Consultório em Salvador
(BA). Graduado em Filosofia e Teologia, pós-graduado em Teoria Psicanalítica.
Formado em Psicanálise pela SPOB Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil.
E-mail: psicanaliseconrado@hotmail.com, ou
Tels: 071-8103-9431.
Nenhum comentário:
Postar um comentário