É assim que ele escreve.
Foi com expectativa que comecei a leitura de Contos em Cantos Saudosos ,
de Luiz Carlos Facó, amigo de inúmeras e fortes identificações. Ao terminar o
livro, estava completamente encantada com o seu estilo simples e direto de
alcançar o leitor. Quem o conhece de perto ou através de seus textos, logo se
sente cativado por sua alegria de viver e fina sensibilidade em transpor para o
papel aquilo que experimenta ou observa. Facó é um apaixonado pelas coisas boas
da vida e pela natureza. É com essa paixão que ele se expressa. Admiro o modo
cuidadoso e pródigo de adjetivos com que se compraz em apresentar seus velhos,
novos e inúmeros amigos. Percebo-o disposto a abrir o coração e a alma,
deixando à mostra o quanto é puro, leal e magnânimo, qualidades que se aliam a
muitas outras.
Com o dom peculiar de contar fatos e recordar realidades que
ficaram no passado, revela-se um memorialista raro. Sua forma de narrar é
agradável, leve, conduzindo o leitor, praticamente, a devorar as páginas deste
livro, até o fim, curioso e encantado, como foi o meu caso. Entusiasmado e
corajoso, ele relata acontecimentos que evocam a juventude, com seus encantos e
desencantos, encontros e desencontros, tristezas e alegrias, deixando-nos ver
seu coração pulsando de emoção. Perspicaz e sutil, capta, com precisão e
cuidado, o perfil dos protagonistas de suas histórias e recorda, com certa
nostalgia, logradouros e personalidades desta cidade, que tiveram atuação marcante
na vida juvenil e adulta de muitas gerações. Também fazem parte dessa
recordação-homenagem pessoas simples, porém ricas de sabedoria popular que, com
humildade, tanto têm contribuído para enriquecer a cultura do povo brasileiro,
que vai sendo passada de geração a geração, através da oralidade. Escritores,
como Luiz Carlos Facó, pinçam, garimpam, recolhem esse acervo, transpõe-no para
os seus textos e repassa-o para a posteridade. O jeito agradável com que revela
suas lembranças nos prende a atenção e nos remete a locais aonde a muito não
voltávamos.
Em certas referências, nos sentimos vivendo vinte, trinta anos
atrás, incorporando suas personagens. Em outras, nos tornamos seus alunos,
aprendendo a origem das palavras, adágios e modos de dizer, há muito
esquecidos, do povo baiano.
Facó, é um desses escritores que, com mestria, domina o condão
mágico de contador de histórias e divulgador de casos e fatos, deixando o
leitor em estado de encantamento.
Joana Angélica Chaves de
Farias
É Professora e Poetisa
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