3. EMRESA FAMILIAR É PECADO?
Por Raymundo Dantas
Nesses
últimos tempos de ajuste para uma economia estável, em que há, de fato, alguma
“quebradeira”, há sempre uma teoria de plantão para explicar as razões do
insucesso de tal ou qual empresa. E aí então, é fatal ouvirmos, vez por outra,
a explicação serena e segura de que a causa dos males é o fato de p negócio ser
familiar.
Bode
expiatório de todas as mazelas da má administração, a empresa familiar é
considerada ainda o grande pecado da economia. Quanto destaque se dá na
imprensa às disputas de poder entre os parentes, no controle de uma grande
empresa! Já as dissensões entre sócios não parentes é encarada com imensa
naturalidade, Apesar de ocorrerem com muito mais frequência.
Uma
tendência, até muito forte, na opinião geral, é a de que á necessário separar o
controle do capital e a administração da empresa. Assim, embora a empresa
continue pertencendo ao grupo familiar, a gestão, entretanto, seria entregue a
um grupo de profissionais. Julga-se com isso resolver o “problema”.
E
muita gente boa embarca nessa, como se todo “profissional” fosse bom gestor e
todo “familiar” fosse um incompetente. Ora, meus amigos, o “profissional” bom
gestor não poderia estar trabalhando numa empresa de sua própria família? E
será que ele ali seria incompetente?
Então
não vamos confundir as coisas. O problema não
está no parentesco. O problema está
sempre na competência. Não são laços de sangue que comprometem, mas é a
indisciplina, a falta de liderança, a ambição do pode, os sistemas
paternalistas, o despreparo, a falta de sentimento de equipe, de uma correta
delegação, enfim, erros graves de gestão que podem acontecer em qualquer tipo
de empresa.
Aliás,
diga-se de passagem, a quase totalidade das micro, pequenas e médias empresas
em todo mundo, são de gestão familiar. E
são elas que garantem a maior parte dos empregos, dos impostos e os mercados.
São elas que seguram e estabilizam a economia.
E
as grandes empresas? Nos Estados Unidos, que são o grande exemplo de economia
capitalista estável e próspera, 48% das grandes empresas são familiares, com ou
sem gestão de familiares não parentes. A gigantesca Ford é um grande exemplo.
Mas não somente lá, isso acontece. A Moet et Chandon também é do time das
empresas familiares. E a Parmalat italiana. A Cargill, que já está na quarta
geração de descendentes, a Sopas Campbell, e tantas outras.
O
que precisamos é de competência, nos parentes e não parentes. E coragem para colocar fora da empresa os incompetentes, parentes ou não.
O
que muita gente não está percebendo é que a globalização e os novos rumos da
economia estão levando à diminuição dos empregos. Portanto, a cada dia mais
ex-empregados passam a ser pequenos empresários. Esse fenômeno está fazendo
acontecer um fortalecimento das empresas familiares em todo mundo.
Ou
seja, o que era pecado está virando moda! E a empresa familiar pode até dizer como alguém já disse: “vocês
vão ter que me engolir”.
NR/ Continua na próxima postagem,
abordando o tema fornecedores versus varejistas.
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