Pesquisadores apresentam um dos mais completos
fósseis encontrados no Brasil
por
Isabela Vieira - Agência Brasil
Publicada em 21/03/2013 10:42:01
Foto: Reprodução/Agência Brasil
Maior réptil voador pré-histórico da
América do Sul esperou dez anos para ser apresentado ao público
O maior réptil voador pré-histórico
da América do Sul esperou dez anos para ser apresentado ao público. Exibido
hoje (20), os fósseis de um pterossauro – um dos exemplares mais completos já
encontrados no mundo – ficaram engavetado no Museu Nacional da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) até que pesquisadores tivessem recursos para montá-lo.
Retirados da Chapada do Araripe, na
divisa entre os estados de Ceará e de Pernambuco, os fósseis só foram
desincrustados de uma grande pedra de calcário doada anonimamente ao Museu
Nacional, estudados e remontados nos últimos dois anos por meio de um
financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). O trabalho, que inclui uma
réplica em tamanho real do réptil, custou R$ 100 mil e será mostrado ao público
a partir de sexta-feira (22).
Segundo o coordenador da pesquisa, Alexander Kellner, as peças do pterossauro
Tropeognathis cf. Mesembrinus no museu chamavam a atenção pelo tamanho e
representavam 60% do corpo do dinossauro. Ao analisar os fósseis, ele constatou
que o animal media 8,5 metros de uma asa até a outra, pesava cerca de 70 quilos
e tinha quase todo o esqueleto e crânio preservados.
“Eu sabia que o bicho era grande. Achávamos até que era uma espécie
nova, só no final da pesquisa descobrimos que não era”, disse o paleontólogo.
Para efeito de comparação, ele cita que o albatroz, a maior ave da atualidade,
tem 3 metros de envergadura e pesa 20 quilos - um efeito da adaptação
evolutiva.
Em 2011, a descoberta recente de um pterossauro na Chapada de Araripe
confirmou que os fósseis doados ao museu pertenciam a espécie Tropeognathis cf.
Mesembrinus. As escavações, feitas pelas equipes do Museu Nacional, da
Universidade do Cariri e do Departamento Nacional de Produção Mineral, indicam
que pterossauros maiores habitaram a mesma região.
"Durante escavações, encontramos fósseis de um exemplar da mesma espécie,
de um animal de 5,5 metros. Como esses ossos estavam em formação, constatamos
que os animais eram da mesma espécie, mas o de lá, mais jovem”, disse.
Na parte cearense da chapada, fósseis de pteressauros, de pássaros e de
peixes variados foram encontrados por paleontólogos e por moradores. Os
estudiosos acreditam que, há 110 milhões de anos, a região era um lago e, pelas
condições naturais, de deposito de calcário, favoreceu a preservação dos ossos
dos animais em nódulos.
“Sabemos porque os fósseis dessa região estão bem preservados, mas por
que a Bacia do Araripe é um dos mais importantes depósitos desses fósseis no
mundo, isso requer mais pesquisa”, disse o paleontólogo.
Na mesma situação em que estava o maior réptil voador pré-histórico do
hemisfério sul, engavetado no Museu Nacional, estão milhares de fósseis doados
ou encontrado pelos pesquisadores. Além da falta de recursos, os
pesquisadores do órgão dizem que é necessário interesse científico profissional
e a curiosidade do público.
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