Estilo Graça Foster pode gerar rebelião
na Petrobrás, ou no PT inteiro.
A nova presidente da Petrobrás decidiu comprar uma briga
daquelas, em véspera de ano eleitoral. Ela quer cancelar todos os contratos de
patrocínio da estatal e já provoca uma gritaria entre políticos da base aliada.
Dias atrás, a presidente da Petrobrás, Graça Foster, fez uma
conferência com investidores e foi de uma sinceridade atroz. Reduziu de 3,1
milhões para 2,5 milhões barris/dia a meta de produção da empresa para 2016.
“Os números não eram realistas.”
Além disso, cancelou projetos de várias refinarias e manteve
apenas a Abreu e Lima, em Pernambuco, que custará nove vezes mais do que o
previsto – o orçamento foi de R$ 4,75 bilhões para R$ 17 bilhões. Graça já
havia demarcado seu território, ao demitir diretores que haviam sido indicados
politicamente, inclusive pelo próprio PT.
Agora, ela decidiu comprar uma nova briga, segundo informa a
coluna do jornalista Ilimar Franco, no jornal O Globo, na nota “Fim da farra”:
- A presidente da Petrobrás, Graça Foster, decidiu segurar e
rever todos os patrocínios concedidos pela empresa. Sua posição atinge eventos,
congressos, publicações, filmes, projetos culturais e conferências setoriais e
temáticas promovidas pelo governo federal e que tinham patrocínio da estatal.
Os marqueteiros petistas estão em polvorosa e, atônitos e irritados, perguntam:
"Quem essa Graça Foster pensa que é? A Dilma da Dilma?"
Graça tem o respaldo da presidente Dilma Rousseff, mas seu estilo
tem gerado críticas no PT. Seu antecessor, José Sergio Gabrielli, é amigo
pessoal do presidente Lula.
Além disso, ao criticar as “metas irreais” da era Gabrielli,
*ela também critica, indiretamente, a era Lula*. A conferência de Graça Foster
com investidores ensejou o artigo “O custo Lula”, publicado pelo jornalista
Carlos Alberto Sardenberg. Leia:
- Há menos de três anos, em 17 de setembro de 2009, o então
presidente Lula apresentou-se triunfante em uma entrevista ao jornal Valor
Econômico. Entre outras coisas, contou sem meias palavras, que a Petrobrás não
queria construir refinarias e ainda apresentara um plano pífio de investimentos
em 2008. “Convoquei o conselho” da empresa, contou Lula. Resultado: não uma,
mas quatro refinarias no plano de investimentos, além de previsões fantásticas
para a produção de óleo. Em 25 de junho último, a Petrobrás informa
oficialmente aos investidores que, das quatro, apenas uma refinaria, Abreu e
Lima, de Pernambuco, continua no plano com data para terminar. E, ainda assim,
com atraso, aumento de custo e sem o dinheiro e óleo da PDVSA de Hugo Chávez.
Todas as metas de produção foram reduzidas. As anteriores eras “irrealistas”,
disse a presidente da companhia, Graça Foster, acrescentando que faria uma
revisão de processos e métodos. Entre outros equívocos, revelou que
equipamentos eram comprados antes dos projetos estarem prontos e aprovados, o
que é um verdadeiro absurdo.
Nada se disse ainda sobre os custos disso tudo para a Petrobrás.
Graça Foster informou que a refinaria de Pernambuco começará a funcionar em
novembro de 2014, com 14 meses de atraso em relação à meta anterior, e custará
US$ 17 bilhões, três bi a mais. Na verdade, as metas agora revistas já haviam
sido alteradas. O equívoco, visto desde o princípio, é muito maior. Quando
anunciada por Lula, a refinaria custaria US$ 4 bilhões e ficaria pronta antes
de 2010. Como uma empresa com importância da Petrobrás pode cometer um erro de
planejamento desse tamanho? A resposta é simples: a estatal não tinha projeto
algum para isso, Lula decidiu, mandou fazer e a diretoria da estatal improvisou
umas plantas. Anunciaram e os presidentes fizeram várias inaugurações.
O nome disso é populismo. E custo Lula. Sim, porque o resultado
é um prejuízo para os acionistas da Petrobrás, do governo e do setor privado,
de responsabilidade do ex-presidente irresponsável e da diretoria que topou a
montagem desse cenário de mentiras.
Tem mais na conta. Na mesma entrevista, Lula disse que mandou o
Banco do Brasil comprar o Votorantim, porque este tinha uma boa carteira de
financiamento de carros usados e era preciso incentivar esse setor. O BB
comprou, salvou o Votorantim e engoliu um prejuízo de mais de bilhão de reais,
pois a inadimplência ultrapassou todos os padrões. Ou seja, um péssimo negócio,
conforme muita gente alertava. Mas como o próprio Lula explicou: “Quando fui
comprar 50% do Votorantim, tive que me lixar para a especulação”.
Quem escapou de prejuízo maior foi a Vale. Na mesma entrevista,
Lula confirmou que estava, digamos, convencendo a Vale a investir em
siderúrgicas e fábricas de latas de alumínio. Quando os jornalistas comentam
que a empresa talvez não topasse esses investimentos por causa do custo, Lula
argumentou que a empresa privada tem seu primeiro compromisso com o nacionalismo.
A Vale topou muita coisa vinda de Lula, inclusive a troca do
presidente da companhia, mas se tivesse feito as siderúrgicas estaria quebrada
ou perto disso. Idem para o alumínio, cuja produção exige muita energia
elétrica, que continua sendo a mais cara do mundo.
Ou seja, não era momento, nem havia condições de fazer
refinarias e siderúrgicas. Os técnicos estavam certos. Lula, pra variar, estava
errado.
As empresas privadas foram se virando, mas as estatais se
curvaram.
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