Por Conrado Matos
empresa do seu próprio pai, nos fundos de um velho edifício dos escritórios da firma. Passando ali uma triste angústia durante dois anos entre 1942 e 1944, para em fim morrer em um campo de concentração. Neste cômodo a vida de Anne era plenamente sem liberdade, onde a vista do céu, da lua, das estrelas e do sol, era apenas alcançada pelas pequenas frestas da janela. Até mesmo a sua gatinha de estimação, foi deixada com os vizinhos em toda pressa para se esconderem. Anne em dado momento de forte saudade relembra em seu diário sua amada gatinha, que precisou deixá-la. Esse tipo de sofrimento psicológico e outros marcaram a ferida grave e emocional de milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, através do holocausto.
Antes de Anne ir para o cativeiro, ela já convivia com as limitações impostas pelos alemães aplicadas aos judeus na Holanda. Não podiam andar nas calçadas em Amsterdam, nem de bicicletas, andar de bondes, sentar em jardim público depois das oito horas – incluía uma série de medidas injustas e desumanas para humilhar os judeus. Em diversas cenas do filme “O Pianista”, que relata a história de um pianista famoso judeu que reside na Holanda, que presencia toda sua família ser conduzida em vagões de trem com destino aos campos de concentração, e que o tempo inteiro ele foge desesperadamente da perseguição dos nazistas, retrata as tristes humilhações que os judeus passaram naquele país. Há uma cena horrível no filme, quando certo militar alemão pede agressivamente para um judeu não andar na calçada, desconhecendo-o como cidadão. Sem falar das cenas aterrorizantes dentro do gueto, para não prolongar tanto na história do filme.
Com todas essas regras absurdas impostas pelos nazistas na Holanda, Anne antes de ir para o esconderijo, com toda sua inocência age como uma menina alegre, como se nada tivesse acontecendo, mesmo em um perigo que estava vivendo. Só se deu conta da ameaça, quando a Gestapo, polícia alemã ameaça prender a família, e a primeira coisa que Anne coloca em sua mala é o seu diário. A partir daí ela sente o perigo sobre a sua cabeça, e a família é obrigada a escolher o lugar secreto ou a Gestapo. Embora, seu pai preparava e articulava para fuga durante seis meses.
O Diário de Anne Frank, é um documentário dramático da Segunda Guerra Mundial, com prefácio de Storn Jameson, publicado no Brasil pela Editora Record, porém vendido no mundo inteiro. O documentário relata a dor e a infelicidade de uma menina que presencia o seu destino e da sua família sendo destruído, o afastamento da escola, dos seus amiguinhos, os negócios e bens da sua família sendo esmagados. Mesmo assim, a Anne tentava amenizar e descarregar sua angústia a uma amiga, uma personagem que a mesma criou em seu diário, a sua famosa querida “Kitty”, e todos os dias Anne se confidenciava com ela.
Na revista Veja em 27 de maio de 1987, a família Holandesa, a austríaca senhora Miep Gies e o senhor Jan Gies, declararam em uma entrevista que eles foram os responsáveis a dar proteção na fuga da família de Anne, a manter segredo do esconderijo, a colaborar com as necessidades básicas quanto á ajuda de alimentos, e informações sobre os negócios da empresa do seu pai, o senhor Otto Frank, da qual Miep era empregada como datilógrafa.
Miep diz na entrevista que lembra bem de Anne Frank, e falar dela ainda era um grande sofrimento, de vez em quando chorava, principalmente quando chegava á data do dia 4 de agosto, que lembrava o dia em que a família e Anne foram retiradas do esconderijo pela Gestapo, e foram levados
todos presos para os campos de concentração, e tratados numa condição mais desumana possível, no dia 4 de agosto de 1944, menos de um ano do término da Segunda Guerra.
Infelizmente a Anne Frank e sua irmã Margot, foram levadas aos campos de concentração de Bergen-Belsen na Alemanha e morreram de fome e tifo. Sua mãe também morreu em 5 de janeiro de 1945 nos campos de concentração de Auschwitz, enquanto seu pai Otto Frank, escapa por um milagre, por ter sido encaminhado para um campo-hospital, coincidentemente o campo é libertado pelas forças soviéticas em 27 de janeiro de 1945.
No chamado “Anexo Secreto” (o esconderijo), no dia 4 de agosto de 1944 a Polícia de Segurança Alemã, acompanhada por alguns holandeses nazistas deu a batida, obrigando a uma amiga da família de Anne, que se chamava Kraler a revelar a entrada do esconderijo, que é saqueado e destruído. Depois de alguns dias um zelador do local encontra misturado aos jornais velhos e lixo espalhado pelo chão os cadernos de Anne Frank onde ela escrevera seu diário. Não sabendo o que se tratava, entrega a Miep e Elli, tendo guardado cuidadosamente o diário de Anne, entregaram-no a seu pai, Otto Frank, na sua volta, após o término da guerra, e que depois se transforma em livro.
Em Bergen-Belsen, Anne mostrou as mesmas qualidades que sempre usou, lutou com paciência diante da adversidade, mas a pequena heroína não suportou a agonia do desprezo, vendo a sua irmã deitada ao seu lado, enfraquecida, caindo de vez ao chão, o choque foi mortal. A morte da irmã de Anne, pelas circunstâncias cruéis quebrantou seu espírito. Alguns dias depois, em principio de março de 1945, muito próximo do fim da Guerra, Anne morre. A história do seu diário comoveu o mundo. Até Eleanor Roosevelt, já viúva do Presidente dos Estados Unidos Franklin D. Roosevelt, ao ler o diário, disse que foi “um livro extraordinário, um dos comentários mais judiciosos e emocionantes que já li sobre a guerra e seu impacto sobre os seres humanos. Lê-lo foi uma experiência enriquecedora e gratificante.
Conrado Matos, Psicanalista, com Consultório de Psicanálise em Salvador (BA). Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia. Escritor de artigos sobre psicanálise nas Revistas Mente e Cérebro, e Psique. Articulador de vários artigos no Jornal A Tarde-Coluna de Religião, e no Jornal Tribuna da Bahia. E-mail: psicanaliseconrado@hotmail.com – Tels: (71) 8717-3210/8103-9431/9910-6845.

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