sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A TRADUTORA DESTRATADA

Alguém já observou, sabiamente, que para se conhecer o verdadeiro caráter de uma pessoa basta dar-lhe poder. A presidente da República, por exemplo, dona de conhecido caráter autoritário, a cada dia mais se desnuda. Registra-se até que militares têm fugido, tanto quanto possível, de fazer parte da equipe da segurança presidencial. São descortesias sucessivas, proferidas com palavras incompatíveis com qualquer pessoa minimamente civilizada, especialmente uma mulher, e ainda mais especialmente, uma mulher que é a presidente do Brasil. Os auxiliares que com ela despacham, aliás, costumam dizer, em tom de ironia, que se reúnem com a “lady”...
Enriquecendo o repertório presidencial, a coluna “Cláudio Humberto” desta segunda-feira traz um novo fato, de uma crueza chocante. Revela o jornalista que a presidente não demitiu antes o ex-chanceler Antonio Patriota por achar que "todos (os diplomatas) são a mesma coisa". Como a diplomacia — aqui por extensão de sentido — não é uma das suas características mais marcantes, ela tratava os diplomatas com desdém como ocorreu à tradutora que a acompanhou aos EUA. Foi um caso de antipatia á primeira vista. Dilma Rousseff a detestou (vá ver que é uma mulher bonita) e decidiu torná-la seu alvo de vingança do Itamaraty pela viagem irrelevante. É quase inacreditável, mas a diplomata foi abandonada no aeroporto da Cidade do Panamá, onde o avião presidencial fizera escala para reabastecimento na viagem de volta.
Ocorre que os procedimentos demoraram menos do que previsto, resultando que a tradutora, que havia desembarcado para procurar uma farmácia, foi abandonada no Panamá, sem passaporte nem malas. Mesmo ciente de que a diplomata não voltara, a presidente ordenou a decolagem, mesmo à luz de ponderações dos seus assessores que a tradutora, sozinha, sofreria o diabo no Panamá. "O problema é dela. Que se vire”, foi a seca resposta.
A propósito, por que a presidente, tão forte diante dos subordinados, não é forte também diante do senhor Luiz Inácio da Silva, que interfere tão descerimoniosamente em seu governo?



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