Infanticídio
Amalé tem quatro
anos. Como muitas outras crianças, na terça feira, 12 de 1008, ele foi pela
primeira vez à escola, em Brasília. Índio da etnia kamaiurá, de Mato Grosso,
Amalé chamava a atenção dos
demais garotos porque era o único que não usava
uniforme nem carregava uma mochila nas costas. Mas Amalé se destaca dos demais
por um motivo muito mais preocupante. O pequeno índio é, na verdade, um
sobrevivente de sua própria história. Logo que nasceu, às 7 horas de 21 de
novembro de 2003, ele foi enterrado vivo pela mãe, Kanui. Seguia-se, assim, um
ritual determinado pelo código cultural dos kamaiurás, que manda enterrar vivo
aqueles que são gerados por mães solteiras. Para assegurar que o destino de
Amalé não fosse mudado, seus avós ainda pisotearam a cova. Ninguém ouviu sequer
um choro. Duas horas depois da cerimônia, num gesto que desafiou toda a aldeia,
sua tia Kamiru empenhou-se em desenterrar o bebê. Ela lembra que seus olhos e
narinas sangravam muito e que o primeiro choro só aconteceu oito horas mais
tarde. Os índios mais velhos acreditam que Amalé só escapou da morte porque
naquele dia a terra da cova estava misturada a muitas folhas e gravetos, o que
pode ter formado uma pequena bolha de ar."É um absurdo fechar os olhos para o genocídio infantil, sob qualquer pretexto", diz Edson Suzuki, diretor da ONG Atini. "Não se pode preservar uma cultura que vai contra a vida. Ter escravos negros também já foi um direito cultural", compara. Suzuki cria a garota Hakani, dos surwahás do Amazonas. Ela hoje tem 13 anos. A menina nasceu com dificuldades para caminhar. Os pais se recusaram a matá-la; preferiam o suicídio. O irmão mais velho, então com 15 anos, tentou abatê-la com golpes de facão no rosto, mas ela sobreviveu.
NR/Embora
esta notícia pareça requentada, ela é atualíssima e comprova o estado de
abandono dos nossos índios. O estado brasileiro vem há anos excluindo a etnia
índia de qualquer tipo de assistência. Demarcação de terras é importante, mas
não é tudo. Educação, saúde, saneamento básico e outros quês tais são
indispensáveis, tanto para negros e brancos como para os índios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário