Série: Mulheres que fizeram e
fazem História
DESIDÉRIA
CLARY
Désirée Clary, por Robert Lefèvre.
Nascida Bernardine
Eugénie Désirée Clary em Marselha, França, era filha de um rico produtor e comerciante de seda, François Clary (1725-1794), segundo
escabino da cidade de Marselha, e
de sua segunda mulher, Françoise Rose Somis (1737-1815), filha do piemontês Giuseppe Ignazio, cavaleiro
de São Luís. Sua irmã mais velha, Júlia,
casou-se com José Bonaparte,
tornando-se mais tarde rainha de Nápoles e Espanha.
Désirée
recebeu a típica educação das
filhas de famílias abastadas da França pré-revolucionária. Quando menina foi enviada a uma escola de freiras. Porém, com a Revolução, os conventos foram
fechados e Désirée, aos onze anos de idade, deixou a escola, voltando a viver
com sua família. Em 1794,
seu pai faleceu. O irmão, Nicolau, acabou sendo preso pelo governo
revolucionário - libertado mais tarde graças à intervenção de José Bonaparte,
que, pouco depois, em julho de 1794, casar-se-ia com a irmã de Désirée.
Désirée
foi apresentada a Napoleão em 1794, e ficaram noivos em 21 de abril de 1795. O noivado foi rompido poucos meses depois, em
agosto, quando Napoleão foi transferido para Paris e se deu conta de que com as
suas ambições e a situação política do momento, o casamento com uma
"provinciana" não seria oportuno. A jovem viveu com sua mãe em Gênova, Itália até 1797, quando se mudou para Roma, passando a viver na
casa de sua irmã Júlia e do cunhado José, embaixador da França na Itália. Por
pouco tempo, foi noiva do general francês Léonard Duphot, assassinado
durante um motim em Roma, às vésperas do casamento, em dezembro de 1797.
Madame Bernadotte
A coroação de Josefina de Beauharnais, em dezembro de 1804.
Após
seu retorno à França, Désirée conheceu seu futuro marido, o marechal da França Jean-Baptiste
Bernadotte (depois Carlos XIV
João). Eles se casaram em agosto de 1798, em Sceaux. Tiveram um filho no ano seguinte, o
futuro Óscar I,
mas passaram a ter vidas separadas desde o nascimento do menino. Desirée já havia
conseguido independência financeira.
Um
general ocupado do exército napoleônico, Bernadotte ficava
constantemente ausente de sua residência em Paris. Désirée mantinha um bom relacionamento com os
membros da família Bonaparte, entre eles a imperatriz Josefina. Negava-se a tomar partido nos conflitos entre
Josefina e os irmãos de Napoleão.
Tanto
Bernadotte como Bonaparte usavam Désirée, que não tinha interesse em política, como mensageira para se comunicar com outras pessoas: suas
boas relações eram sua principal influência.
Désirée
esteve presente na cerimônia de coroação de 1804, segurando as longas vestes de Josefina. Mais
tarde diria que ajudara Josefina quando a irmã desta, também segurando as
vestes, tentou fazer a imperatriz perder o equilíbrio.
Madame
Bernadotte teve uma vida confortável em Paris, embora preferisse a vida
informal em família à corte imperial.
Manteve uma ligação, possivelmente amorosa, com o político francês, de
origem corsa, Ange
Chiappe.
Entre
1804 e 1805,
Bernadotte foi feito governador de Hanôver, e Désirée e seu filho mudaram-se para Hamburgo, regressando logo depois à sua amada Paris.
Quando ele foi titulado príncipe de Pontecorvoem 1806, Désirée, para sua felicidade, não foi obrigada
a deixar Paris. No ano seguinte, ela visitou seu marido em Spandau.
Princesa herdeira da Suécia
Desidéria em 1810, por François Gérard.
Em 21 de Agosto de 1810, Bernadotte foi eleito príncipe herdeiro Sueca.
Désirée pensou, inicialmente, que isso fosse similar à posição de príncipe de
Pontecorvo, mas ficou triste ao saber que, daquela vez, teria que deixar Paris.
É
dito que, quando visitou o país, ela foi tratada com certo esnobismo pela corte, especialmente pela
rainha Carlota
de Holstein-Gottorp, embora a rainha-viúva Sofia
Madalena tivesse sido gentil. O clima também foi um choque para Clary: havia
chegado justamente no inverno e,
como detestava a neve,
chorou. Ela jamais tinha desejado se tornar rainha nem ficar longe de sua
família.
Deixou
a Suécia no ano seguinte, oficialmente por motivos de saúde, mas seu marido e filho permaneceram. Em Paris,
levou uma vida anônima, evitando envolver-se na política durante o período
difícil em que a França esteve em guerra com a Suécia. Sua casa era observada
pela polícia secreta
e sua correspondência, censurada. Quando Napoleão foi derrotado em 1814, sua irmã Júlia refugiou-se em sua casa.
Bernadotte visitou-a em Paris, mas retornou sem ela.
Na
corte de Luís XVIII,
ela era ridicularizada pela maioria dos nobres. Em 1817, o conde de Montrichard foi empregado por seu
marido como espião,
para relatar a ele tudo que ocorresse na casa de Désirée e que pudesse
afetá-lo.
Rainha
Desidéria em 1822.
Em 1818, seu marido tornou-se rei, mas ela continuou
estabelecida em Paris, oficialmente por causa de sua saúde, que se tornou
matéria para jornais parisienses.
Carlos XIV João tinha como amante na Suécia a dama de companhia Mariana
Koskull. Désirée fazia recepções em
Paris como rainha da Suécia nas terças e domingos, embora ainda usasse o título de "condessa
de Gotland".
Apaixonou-se
então pelo primeiro-ministro francês, o duque
de Richelieu, seguindo-o em suas viagens
até sua morte em 1822.
Neste mesmo ano, encontrou-se com seu filho em Aachen.
Em 1823, retornou à Suécia ao lado da noiva de seu
filho, Josefina
de Leuchtenberg, para uma visita rápida. No
dia 21 de agosto de 1829,
a seu pedido, ela foi coroada rainha. Ela queria ter sido coroada também
na Noruega,
mas o povo norueguês considerou isso impossível por causa de sua religião (católica). Assim, foi a primeira plebéiaa se tornar rainha desde Karin
Månsdotter, consorte de Érico XIV,
em 1568.
A
década de 1830,
em que Désirée deu seu melhor para se tornar uma rainha ativa, foi descrita
como um tempo de bailes e festas. Jamais se tornou popular entre seus súditos, não tendo aprendido a falar sueco.
Há mesmo muitas anedotas sobre
suas tentativas de falar o idioma. Seus empregados particulares eram, de fato,
franceses.
Passava
os verões no Palácio de
Drottningholm, do qual seu marido não
gostava, e no Palácio de Rosersberg, visitando com frequência os spas suecos. Logo cansou de sua condição de
rainha, desejando voltar a Paris, o que seu marido não permitiu. Costumava
deitar-se tarde e acordar tarde. A nobreza sueca não
via com bons olhos suas maneiras informais.
Viuvez e morte
Em 1844, Désirée ficou viúva. Em 1853, desejou voltar a Paris, mas seu medo de viajar
pelo mar tornou impossível seu plano. Passou a ficar cada vez mais excêntrica:
deitava-se de manhã, levantava-se ao anoitecer, tinha o café da manhã à noite e
saía de carruagem pelas ruas ou pelo pátio; andava pelos corredores silenciosos
do palácio com uma vela.
No
último dia de sua vida, chegou à Real
Ópera da Suécia quando o drama já havia
terminado.
NR/
Da sua vida romanesca fotam feitos dois filmes, ambos estrondosos sucessos de
bilheterias.
Fonte: WIKIPÉDIA
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