quinta-feira, 26 de setembro de 2013

EM BUSCA DO AUTOCONHECIMENTO


Texto de Conrado Matos*


  
            A partir da investigação analítica do psicanalista Suíço Carl Gustav Jung em 1957, na obra “Presente e Futuro”, abordando sobre autoconhecimento, o mesmo apontou para uma confusão que o individuo faz a respeito da personalidade consciente do eu.


             Todos nós achamos e acreditamos que, conhecer a si mesmo é através do qual o meio social nos orienta, considerando os conteúdos da sociedade e desconhecendo respectivamente os conteúdos do inconsciente.

             Jung esclarece que, o homem mede seu autoconhecimento por meio daquilo que o social sabe normalmente a seu respeito, e não a partir do fato psíquico real, que na maior parte das vezes, lhe é desconhecido. Sendo assim, o homem recorre a descobrimentos científicos, apoiando-se nos mesmos, como se esses conhecimentos por se só existirem, formando a consciência, que se dizem conscientes, unicamente seguros. Ao mesmo tempo, desconsiderando o estranho dentro de si, o que ainda não sabe, e que também existe.

                        Portanto, Jung disse que o inconsciente é um campo amplo e vasto, não alcançado pela crítica e pela consciência, acha-se aberto, e desprotegido para receber todas as influências e infecções psíquicas possíveis.

             Com base nesse ponto de vista de Jung, julga-se que o inconsciente fica vulnerável, a mercê do mundo externo e pelas contaminações exteriores, e quando, nos deparamos com situações de conflitos psíquicos, não sabemos como resolver, não sabemos de onde vem o mal que nos atinge a alma. Não somos capazes de controlar e ter equilíbrio na hora do desespero emocional, porque, é claro, a teoria do conhecimento cientifico é limitada para solucionar problemas do interior. Pensa-se assim, uma teoria que não ajuda a remover a angústia, a dor psíquica, não deve se considerar como “autoconhecimento”.

              O verdadeiro valor do autoconhecimento, estar dentro de nós e não se separa de nós, ao contrário, trata do conhecimento das questões individuais.

              Entretanto, Jung tentou nos orientar a partir do seu conceito de individuação, que quanto mais uma teoria pretende validade universal, menor a sua possibilidade de aplicação a uma conjuntura de fatos individuais. Para Jung, o que poderia discutir seria: as possibilidades de uma teoria capaz de construir um fio condutor para o autoconhecimento.

              Dessa forma, a melhor esperança do homem encontrar a felicidade adequada a sua vida, não seria pela busca de uma razão pura e absoluta, mas, levando em conta, uma aproximação equilibrada com aquilo que é exterior, porem, acima de tudo, se aproximar daquilo que é espiritual e divino. Assim, podemos classificar que essa felicidade não é absoluta, e sim modesta.

        A psicanálise, por exemplo, acredita-se que não seja capaz de oferecer ao sujeito a perfeição, mas sim, a melhora, a compreensão de si mesmo, uma varredura do inconsciente, um autoconhecimento.

            Jung tratou do assunto, referente à compreensão de si mesmo, se baseando em um homem que possa abdicar de todo conhecimento científico, para se tornar possível um questionamento novo e livre de preconceitos, ou seja, um homem com a tarefa da compreensão com a mente desembaraçada e livre. Um homem se conhecendo como um todo.

             Para a construção do autoconhecimento, o que prevalece é a busca pelo estranho, o novo. Não adiantará questionar a repetição compulsiva, em um discurso que não dar lugar a novas ideias e até então desconhecidas.

             Atingir o estranho é uma atitude interior para se deparar com o sintoma, com o desconhecido, um suposto–saber. O sintoma como angústia, cura, quando é revivido e removido. O sintoma é a resposta que tanto o sujeito procura para aliviar a sua dor psíquica. Contudo, para Jung, o ser humano teria que abandonar todos os pressupostos teóricos para conquistar a compreensão e o conhecimento de si mesmo. Caberia então a todo sujeito, excluir qualquer censura social da sua consciência. Sendo, até mesmo, capaz de passar por cima do conhecimento científico. Embora, Jung concorda com a presença das duas partes, por um lado, o conhecimento e, de outro a compreensão. Ambos acompanhados por uma via dupla de pensamento: fazer uma coisa sem perder a outra de vista. Certo que, com a sua compreensão e singularidade, o que estar dentro de si é único, e nobre - e não perde seu valor interior e de individualidade. Enquanto o que é material se deteriora e perde seu valor.

             Sendo assim, para o ser humano cuidar de si e do outro, ele deve estar com seu eu fortalecido pelo espírito aproximado ao que é divino. Sem essa meta de autotransformação, não haverá autoconhecimento.

            O autoconhecimento é atitude de pureza e Santa. O que está fora de si pode lhe cegar, o que está dentro de si como espiritual, lhe dar a melhor direção – melhor visão.

              Seguindo, ao pé da letra, o conceito de autoconhecimento, já vimos que não dar para tê-lo sem acreditar no espírito. Se pela psicanálise – diria o inconsciente. Lá estar, no inconsciente, o espírito, e mergulhamos numa imensa profundidade para buscar algo tão simples como o espírito, porém grande de sabedoria, criatividade, autoconfiança, liberdade e amor. Não dar para encontrar a felicidade de outra maneira, a não ser, modesta. A felicidade em troca de bênçãos para adquirir ouro, prata e poder, me parece falha e duvidosa. Porque não há troca perfeita como a do espírito, e sim, homem com homem – coisas de fora. É uma coisa externa para agradar alguém, e receber em troca, esperando retribuição.

              Se por ventura, o individuo for traído, cairá no fogo, igual como ocorrerá com os dois metais valiosos nas mãos dos ourives, que são derretidos. Essa felicidade, portanto, nada mais é um jogo de submissão e de interesse. A felicidade está no ato de doar, de dar, de fazer caridade, de dar amor, sem exigir retribuição ou qualquer compensação. A felicidade está no ato de amar e ser livre.

   *Conrado Matos é Psicanalista, Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia.
   E-mail: psicanaliseconrado@hotmail.com – Tels: (71) 9910-6845/8103-9431. 

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