Akhenaton e
Nefertiti
Por volta de 5000 antes de Cristo os povos do Egito viviam ao
longo do vale do Nilo, organizados em pequenos agrupamentos chamados nomos,
cada qual com seu chefe. Os nomos do Norte e os nomos do Sul acabaram formando
dois reinos rivais entre si, o do Alto Nilo (vale) e o do Baixo Nilo (delta).
Cerca de 3000 antes de Cristo esses dois reinos foram unificados por um
príncipe do Alto Egito, Ménes, intitulado Faraó, tornando-se a suprema
autoridade do país, rei e deus ao mesmo tempo.
A partir de Ménes a história do Egito se desenrolou cobrindo
aproximadamente 3000 anos, dividida segundo as várias dinastias de reis, em
três períodos conhecidos por Antigo Império, Médio Império e Novo Império.
Antigo Império – de 2800 a 2200 antes de Cristo, da I a VI dinastias:
teve por capital Mênfis na abertura do delta. Nesse período os egípcios
apenas transpuseram suas fronteiras em busca de matérias-primas que não
possuíam, como ouro (Núbia), cobre (Sinai), madeira de cedro (Líbano). O Antigo
Império terminou em consequência do rompimento da unidade política, causado
pelo enfraquecimento da autoridade do Faraó, por lutas entre vários nomos em
disputa de poder, por agitações internas.
Seguiu-se um período intermediário que durou cerca de 150 anos (da VII a
X dinastias).
Médio Império – de 2050 a 1750 antes de Cristo, da XI a XII dinastias:
príncipes do Alto Egito restauraram a unidade política do Império,
transformando Tebas em capital do país e dando ao mesmo uma administração
sólida e grande prosperidade. O Médio Império se dissolveu em consequência de
novas agitações políticas internas que enfraqueceram o país, permitindo fosse
invadido pelos Hicsos, povo semita, nômade de origem asiática. Dominaram
facilmente a região do delta, graças ao seu poderio militar, possuindo armas
muito eficientes e carros de combate puxados a cavalo. Com a ocupação do Baixo
Egito pelos Hicsos começou o segundo período intermediário, que durou
aproximadamente 150 anos (da XIII a XVII dinastias).
Novo Império – de 1580 a 1090 antes de Cristo, da XVIII à XX dinastias:
mais uma vez príncipes do Tebas, no Alto Egito, restabeleceram a unidade do
império. Os Hicsos foram expulsos e os egípcios, sob Tutmósis III e Ramsés II,
expandiram-se territorialmente, assegurando com isso ao país uma fase de
extraordinária riqueza e prosperidade. Todavia novas agitações internas e novas
ondas de povos invasores provocaram o declínio do Império Egípcio, que entrou
em decadência e foi conquistado pelos Assírios (670 antes de Cristo). Após
breve reerguimento – Renascença Saíta – sob os príncipes da cidade de Saís, que
expulsaram os Assírios, o Egito foi conquistado sucessivamente pelos Persas
(525 antes de Cristo), pelos Gregos (332 antes de Cristo) e pelos Romanos (30
antes de Cristo).
Faraó
O Faraó para seus súditos era filho de deuses e deus ele próprio. Tinha
poder absoluto, dispensava justiça, era o administrador supremo do país.
Com a ajuda de funcionários por ele escolhidos, zelava pela unidade e pela defesa
do Império.
Sacerdotes
Formavam a camada mais culta do país; encarregavam-se das cerimônias
religiosas e da transmissão da cultura; constituíram uma classe extremamente
poderosa e rica, sobretudo durante o Novo Império, quando os templos receberam
grandes extensões de terras e parte das riquezas conquistadas a outros povos.
Religião
Os egípcios eram politeístas, isto é, acreditavam em vários deuses,
alguns representados por cabeças de animais. Cada cidade tinha seus deuses
particulares e, quando se tornava capital do Império, esses deuses passavam a
ser adorados em todo o Egito.
No Antigo Império adorou-se Rá, Deus sol, e seus descendentes Osíris,
Deus da morte, com a sua esposa Ísis e seu filho Hórus. Os Faraós
intitulavam-se filhos de Rá. Durante o Médio e o Novo Império adorou-se Amon,
protetor da cidade de Tebas, que passou a chamar-se Amon-Rá.
Akhenaton
Voltemos à 18ª dinastia. O Faraó Amenófis III morrera e seu filho
adolescente conquistava o poder do Egito. Em pouco tempo elevou Aton, o deus-sol,
como o supremo deus criador.
Ele e sua célebre rainha, Nefertiti, investiram contra a arraigada
estrutura religiosa do Egito. Esses soberanos, conhecidos como “Faraós do Sol”,
desencadearam uma revolução religiosa sem cuidar da continuidade e expôs o Império
egípcio à ameaças militares externas.
Desconsideraram antigos deuses venerados por sacerdotes poderosos,
deixando-os tão furiosos que ajudaram os Faraós posteriores a destruir as
estatuas e os templos de Aton.
Desse modo, Amenófis IV mudou seu nome para “Akhenaton – o que bem serve
a Aton”, e elevou Aton acima de todos os outros deuses do panteão egípcio – até
mesmo acima de Amon, que por centenas de anos prevalecera em Tebas como deus
soberano. E o Faraó também abandonava Tebas para construir uma nova capital. Em
1348 antes de Cristo, as margens do Nilo, esse Faraó ergueu Akhetaton
“origem de Aton” uma belíssima cidade para “Aton, seu único deus”, hoje
conhecida como Amarna.
Akhenaton, Nefertiti e o Faraó-menino Tutankhamon tiveram um reinado
breve. Governaram apenas 17 anos e pouco tempo depois da morte de Akhenaton, em
1336 antes de cristo, a velha ortodoxia estava restaurada e os inimigos deles
rapidamente despedaçaram suas estátuas, demoliram seus templos e trataram de
apagar dos registros históricos do Egito, tudo o que testemunhassem a sua
existência.
Segundo Rita Freed, egiptóloga do Boston Museum of Fine Arts,
“poderíamos compará-lo ao líder de uma seita religiosa. Os especialistas
continuam a debater sobre a possibilidade de ele ter sido o primeiro líder
monoteísta do mundo. Akhenaton insistia em um deus supremo, um criador
onipotente que se manifestava à luz do Sol. Mais: via a si mesmo e a Nefertiti
como extensões desse deus e, portanto, também dignos de veneração”.
Na verdade, esse pensamento de endeusamento havia começado com seu pai,
Amenofis III, que reinou por 37 anos numa era de esplendor. Usou ele a riqueza
do império para construir um conjunto de monumentos sem precedentes em Karnack
e Luxor, centros religiosos do deus Amon, o patrono de Tebas. Depois que essa
cidade recuperou o controle do Egito, por volta de 1520 antes de Cristo, Amon
tornou-se cada vez mais venerado. Seu nome significa “oculto” e, no seu templo
em Karnack, sacerdotes cultuavam sua estátua. Amon logo se fundiu ao antigo
deus-sol Rá, tornando-se Amon-Rá. Em seu reinado, Amenófis III, já havia
determinado que ele não só era o filho de Amon, mas também a encarnação de Rá.
Começou então a erigir monumentos à sua própria divindade, incluindo um vasto
templo funerário, que contemplava Tebas da margem oposta do Nilo.
Talvez, espelhando-se em seu pai, Akhenaton revolucionou a religião
antiga. Por um breve período, os egípcios acreditaram que o deus-sol voltara à
Terra na forma da família real. Houve um entusiasmo coletivo que se torna
tangível na arte e na arquitetura. Todo o país celebrou aquela volta. Foi um
dos períodos mais admiráveis da historia egípcia.
Ninguém sabe ao certo ate onde ia a popularidade de Akhenaton. Para
alguns estudiosos, Akhenaton pode ter sido um visionário, um profeta cuja
modalidade de monoteísmo de alguma forma inspirou Moisés, que viveu um século
mais tarde.
Seja pela fé, seja pela força, Akhenaton revolucionou Tebas em seus
quatro primeiros anos de reinado, mandando construir quatro novos templos para
Aton em Karnack. Como necessitava de rapidez para construir esses edifícios
seus engenheiros recorreram a uma nova técnica de construção. Como os templos
de Aton não tinham teto, as paredes podiam ser menos resistentes. Por isso, em
vez de grandes blocos de pedras, cortavam pequenos blocos de pedras que podiam
ser carregados por uma única pessoa, os famosos “talatat” (de talata – em árabe
significa três palmos).
Tutankhamon assumiu o poder cerca de quatro anos após a morte de
Akhenaton. A maioria dos especialistas imaginam que ele estava com dez anos de
idade na época.
Com a morte de Akhenaton, os Faros posteriores expandiram os templos,
resgatando a soberania dos antigos deuses.
Conclusão
Akhenaton fracassou ao tentar mudar para sempre a religião egípcia. Mas
êxitos menores lhe proporcionaram a imortalidade que reivindicou em vida.
Promoveu um vibrante movimento artístico que gerou quadros realistas da vida
cotidiana na época. Seus engenheiros criaram blocos de construção que se
tornaram materiais úteis para estruturas posteriores, permitindo que as
narrativas neles inscritas sobrevivessem por milênios. E, hoje, Amarna, sua
capital abandonada, é o único local onde visitantes podem caminhar pelas ruas
de uma antiga cidade egípcia.
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