terça-feira, 22 de outubro de 2013

AKHENATON – O FARAÓ MONOTEÍSTA

Akhenaton e Nefertiti
Por  volta de 5000 antes de Cristo os povos do Egito viviam ao longo do vale do Nilo, organizados em pequenos agrupamentos chamados nomos, cada qual com seu chefe. Os nomos do Norte e os nomos do Sul acabaram formando dois reinos rivais entre si, o do Alto Nilo (vale) e o do Baixo Nilo (delta).
Cerca de 3000 antes de Cristo esses dois reinos foram unificados por um príncipe do Alto Egito, Ménes, intitulado Faraó, tornando-se a suprema autoridade do país, rei e deus ao mesmo tempo.
A partir de Ménes a história do Egito se desenrolou cobrindo aproximadamente 3000 anos, dividida segundo as várias dinastias de reis, em três períodos conhecidos por Antigo Império, Médio Império e Novo Império.
Antigo Império – de 2800 a 2200 antes de Cristo, da I a VI dinastias: teve por capital  Mênfis na abertura do delta. Nesse período os egípcios apenas transpuseram suas fronteiras em busca de matérias-primas que não possuíam, como ouro (Núbia), cobre (Sinai), madeira de cedro (Líbano). O Antigo Império terminou em consequência do rompimento da unidade política, causado pelo enfraquecimento da autoridade do Faraó, por lutas entre vários nomos em disputa de poder, por agitações  internas.
Seguiu-se um período intermediário que durou cerca de 150 anos (da VII a X dinastias).
Médio Império – de 2050 a 1750 antes de Cristo, da XI a XII dinastias: príncipes do Alto Egito restauraram a unidade política do Império, transformando Tebas em capital do país  e dando ao mesmo uma administração sólida e grande prosperidade. O Médio Império se dissolveu em consequência de novas agitações políticas internas que enfraqueceram o país, permitindo fosse invadido pelos Hicsos, povo semita, nômade de origem asiática. Dominaram facilmente a região do delta, graças ao seu poderio militar, possuindo armas muito eficientes e carros de combate puxados a cavalo. Com a ocupação do Baixo Egito pelos Hicsos começou o segundo período intermediário, que durou aproximadamente 150 anos (da XIII a XVII dinastias).
Novo Império – de 1580 a 1090 antes de Cristo, da XVIII à XX dinastias: mais uma vez príncipes do Tebas, no Alto Egito, restabeleceram a unidade do império. Os Hicsos foram expulsos e os egípcios, sob Tutmósis III e Ramsés II, expandiram-se territorialmente, assegurando com isso ao país uma fase de extraordinária riqueza e prosperidade. Todavia novas agitações internas e novas ondas de povos invasores provocaram o declínio do Império Egípcio, que entrou em decadência e foi conquistado pelos Assírios (670 antes de Cristo). Após breve reerguimento – Renascença Saíta – sob os príncipes da cidade de Saís, que expulsaram os Assírios, o Egito foi conquistado sucessivamente pelos Persas (525 antes de Cristo), pelos Gregos (332 antes de Cristo) e pelos Romanos (30 antes de Cristo).
Faraó
O Faraó para seus súditos era filho de deuses e deus ele próprio. Tinha poder absoluto,  dispensava justiça, era o administrador supremo do país. Com a ajuda de funcionários por ele escolhidos, zelava pela unidade e pela defesa do Império.
Sacerdotes
Formavam a camada mais culta do país; encarregavam-se das cerimônias religiosas e da transmissão da cultura; constituíram uma classe extremamente poderosa e rica, sobretudo durante o Novo Império, quando os templos receberam grandes extensões de terras e parte das riquezas conquistadas a outros povos.
Religião
Os egípcios eram politeístas, isto é, acreditavam em vários deuses, alguns representados por cabeças de animais. Cada cidade tinha seus deuses particulares e, quando se tornava capital do Império, esses deuses passavam a ser adorados em todo o Egito.
No Antigo Império adorou-se Rá, Deus sol, e seus descendentes Osíris, Deus da morte, com a sua esposa Ísis e seu filho Hórus. Os Faraós intitulavam-se filhos de Rá. Durante o Médio e o Novo Império adorou-se Amon, protetor da cidade de Tebas, que passou a chamar-se Amon-Rá.
Akhenaton
Voltemos à 18ª dinastia.  O Faraó Amenófis III morrera e seu filho adolescente conquistava o poder do Egito. Em pouco tempo elevou Aton, o deus-sol, como o supremo deus criador.
Ele e sua célebre rainha, Nefertiti, investiram contra a arraigada estrutura religiosa do Egito. Esses soberanos, conhecidos como “Faraós do Sol”, desencadearam uma revolução religiosa sem cuidar da continuidade e expôs o Império egípcio à ameaças militares externas.
Desconsideraram antigos deuses venerados por sacerdotes poderosos, deixando-os tão furiosos que ajudaram os Faraós posteriores a destruir as estatuas  e os templos de Aton.
Desse modo, Amenófis IV mudou seu nome para “Akhenaton – o que bem serve a Aton”, e elevou Aton acima de todos os outros deuses do panteão egípcio – até mesmo acima de Amon, que por centenas de anos prevalecera em Tebas como deus soberano. E o Faraó também abandonava Tebas para construir uma nova capital. Em 1348 antes de Cristo, as margens do Nilo, esse Faraó ergueu Akhetaton  “origem de Aton” uma belíssima cidade para “Aton, seu único deus”, hoje conhecida como Amarna.
Akhenaton, Nefertiti e o Faraó-menino Tutankhamon tiveram um reinado breve. Governaram apenas 17 anos e pouco tempo depois da morte de Akhenaton, em 1336 antes de cristo, a velha ortodoxia estava restaurada e os inimigos deles rapidamente despedaçaram suas estátuas, demoliram seus templos e trataram de apagar dos registros históricos do Egito, tudo o que testemunhassem a sua existência.
Segundo Rita Freed, egiptóloga do Boston Museum of Fine Arts, “poderíamos compará-lo ao líder de uma seita religiosa. Os especialistas continuam a debater sobre a possibilidade de ele ter sido o primeiro líder monoteísta do mundo. Akhenaton insistia em um deus supremo, um criador onipotente que se manifestava à luz do Sol. Mais: via a si mesmo e a Nefertiti como extensões desse deus e, portanto, também dignos de veneração”.
Na verdade, esse pensamento de endeusamento havia começado com seu pai, Amenofis III, que reinou por 37 anos numa era de esplendor. Usou ele a riqueza do império para construir um conjunto de monumentos sem precedentes em Karnack e Luxor, centros religiosos do deus Amon, o patrono de Tebas. Depois que essa cidade recuperou o controle do Egito, por volta de 1520 antes de Cristo, Amon tornou-se cada vez mais venerado. Seu nome significa “oculto” e, no seu templo em Karnack, sacerdotes cultuavam sua estátua. Amon logo se fundiu ao antigo deus-sol  Rá, tornando-se Amon-Rá. Em seu reinado, Amenófis III, já havia determinado que ele não só era o filho de Amon, mas também a encarnação de Rá. Começou então a erigir monumentos à sua própria divindade, incluindo um vasto templo funerário, que contemplava Tebas da margem oposta do Nilo.
Talvez, espelhando-se em seu pai, Akhenaton revolucionou a religião antiga. Por um breve período, os egípcios acreditaram que o deus-sol voltara à Terra na forma da família real. Houve um entusiasmo coletivo que se torna tangível na arte e na arquitetura. Todo o país celebrou aquela volta. Foi um dos períodos mais admiráveis da historia egípcia.
Ninguém sabe ao certo ate onde ia a popularidade de Akhenaton. Para alguns estudiosos, Akhenaton pode ter sido um visionário, um profeta cuja modalidade de monoteísmo de alguma forma inspirou Moisés, que viveu um século mais tarde.
Seja pela fé, seja pela força, Akhenaton revolucionou Tebas em seus quatro primeiros anos de reinado, mandando construir quatro novos templos para Aton em Karnack. Como necessitava de rapidez para construir esses edifícios seus engenheiros recorreram a uma nova técnica de construção. Como os templos de Aton não tinham teto, as paredes podiam ser menos resistentes. Por isso, em vez de grandes blocos de pedras, cortavam pequenos blocos de pedras que podiam ser carregados por uma única pessoa, os famosos “talatat” (de talata – em árabe significa três palmos).
Tutankhamon assumiu o poder cerca de quatro anos após a morte de Akhenaton. A maioria dos especialistas imaginam que ele estava com dez anos de idade na época.
Com a morte de Akhenaton, os Faros posteriores expandiram os templos, resgatando a soberania dos antigos deuses.
Conclusão
Akhenaton fracassou ao tentar mudar para sempre a religião egípcia. Mas êxitos menores lhe proporcionaram a imortalidade que reivindicou em vida. Promoveu um vibrante movimento artístico que gerou quadros realistas da vida cotidiana na época. Seus engenheiros criaram blocos de construção que se tornaram materiais úteis para estruturas posteriores, permitindo que as narrativas neles inscritas sobrevivessem por milênios. E, hoje, Amarna, sua capital abandonada, é o único local onde visitantes podem caminhar pelas ruas de uma antiga cidade egípcia.


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