sábado, 19 de outubro de 2013

AS FASCINANTES CORTESÃS GREGAS

 Talentosas e boas de cama


Filósofas?

Imaginai-vos tendo deixado vossa esposa em casa, a passar a tarde em companhias de mulheres que são filósofas profissionais! Era o que o grego doméstico fazia. O que se sabe dessas mulheres filósofas?
Eram belas, mas se salientavam especialmente pelo seu saber... e sua habilidade em não se
embriagar. Quando um marido desejava companhia, mandava a mulher dormir e ia visitar os salões daquelas brilhantes cortesãs, que languesciam em esplendidos leitos e discorriam a respeito de política, religião e amor. Eram bem exercitadas em todos esses ramos do saber, ao passo que a esposa só podia costurar e portar-se, em geral, como outros simples ornamentos da coleção do seu marido.
Uma das mais famosas cortesãs gregas, Friné, que viveu no IV século a.C., ofereceu suas riquezas para reconstruir os muros de Tebas. Certa vez numa festa dedicada a Vênus, desfez-se de suas vestes e caminhou para o mar, diante de uma população inteira. Fídias, o grande escultor, achava-se entre os presentes. Veio-lhe a inspiração de esculpir uma estátua de Friné, como a da deusa Vênus, dando assim ao mundo outra obra-prima da arte escultórica grega.

Vênus (Frinéia)


A mais fascinante das cortesãs gregas foi, porém, Aspásia, amante de Péricles. Péricles, filho duma família nobre, governou os atenienses como ditador, durante três décadas graças à simples força de sua personalidade. Fechava-se em sua livraria durante o dia e passeava pelas ruas somente de noite. Era frio, impessoal, distante. Contudo fez de Atenas a primeira cidade do mundo de então, embelezando-a com esplendidos edifícios e estimulando os artistas e poetas nas suas mais belas criações, na escultura, na pintura e na literatura.


Viveu com a bela livre pensadora Aspásia, mas não pôde legalmente casar-se com ela, porque era de origem estrangeira. Péricles tinha muitos inimigos políticos, que resolveram atacá-lo na pessoa de Aspásia. Conseguiram que ela fosse detida, sob a acusação de ateísmo.
Foi conduzida perante um tribunal de júri de atenienses que salvou a sua vida, pois os sisudos e velhos juízes daquele tribunal teriam ficado surdos aos apelos de Péricles em favor da sua cortesã. Péricles diante daquela inesperada decisão popular não pôde conter-se e chorou, afinal ela salvara a vida da sua amante querida. Tal ocorreu porque muito havia sido feito por ele em favor dos atenienses. A liberdade da amada foi por ele recebida como um prêmio.


Foi o novo sistema de tribunal de júri que salvou a vida de Aspásia. Vale dizer, instituição criada por Péricles muito antes da prisão de Aspásia. A absolvição dela resume-se em justiça, não só política, como poética.

Nenhum comentário:

Postar um comentário