Série: mulheres que fizeram e
fazem História
Luz
del Fuego, nome artístico de Dora
Vivacqua, (Cachoeiro
de Itapemirim, 21 de
fevereiro de 1917 — Rio de
Janeiro, 19 de julho de 1967) foi uma bailarina, naturista e feminista brasileira. Dora décima quinta filha de Etelvina e Antonio
Vivacqua, de famílias oriundas da imigração
italiana no Espírito Santo.
Foi irmã do senador Attilio Vivacqua.
Luz del Fuego teve sua vida levada para o cinema, em 1982, em um filme estrelado por Lucélia Santos e
dirigido por David Neves.
Dança
Em 1944 inicia suas apresentações como bailarina, usando o nome artístico "Luz
Divina", no picadeiro do circo "Pavilhão Azul". Posteriormente,
por sugestão do amigo e palhaço Cascudo, mudaria o nome para Luz del
Fuego, nome de um batom argentino recém-lançado no mercado. Ele acreditava
que o nome emespanhol atrairia
o público.
Depois
de um tempo estudando na Europa, Luz del Fuego volta ao Brasil em 1950 e começa a revolucionar os costumes do
povo brasileiro.
Naturismo
Ela
traz da Europa algo que de imediato associou com a história dos primeiros
brasileiros (os índios).
Luz del Fuego apresentava-se seminua com uma ou às vezes duas cobras jibóias enroladas em seu corpo e ficou muito
famosa em sua época. Adepta da alimentação vegetariana e
do nudismo,
não fumava, nem ingeria bebidas alcoólicas e, através de uma concessão da Marinha,
obteve licença para viver na ilha Tapuama de Dentro, que foi por ela rebatizada
como "Ilha do Sol" e onde fundou o primeiro clube naturista do Brasil, o "Clube Naturalista Brasileiro".
Luz
del Fuego, devido a sua coragem para enfrentar o preconceito de sua época com
relação ao nudismo, e pelo pioneirismo na criação do primeiro clube naturista
do Brasil, tem hoje sua data de nascimento, 21 de fevereiro, lembrada e
comemorada entre os naturistas brasileiros, como "Dia do Naturismo".
Sua
famosa frase que retrata bem o seu pensamento: "Um nudista é uma pessoa
que acredita que a indumentária não é necessária à moralidade do corpo humano.
Não concebe que o corpo humano tenha partes indecentes que se precisem
esconder".
Na
primeira metade dos anos 1950 ela
fundou um Partido Político chamado Partido Naturalista Brasileiro e se candidatou a Deputada
Federal por este partido.
Importante
observar que atualmente, o termo naturalismo é
apropriado para quem é especialista em história natural, ficando o termo naturismo associado para as pessoas que praticam o
chamado "nudismo social".
Ilha do Sol
Ainda
em 1954 Dora
Vivacqua criou o que viria a ser a primeira área de naturismo no Brasil. O Clube Naturista Brasileiro que funcionava na
ilha de Tapuama de Dentro que fica na Baía de Guanabara no Rio de Janeiro.
A esta ilha de 8 mil metros quadrados deu o nome de Ilha do Sol.
Várias
personalidades de Hollywood estiveram
na Ilha do Sol, dentre elas: Errol Flynn, Lana Turner, Ava Gardner, Tyrone Power, César
Romero, Glenn Ford, Brigitte Bardot e Steve MacQueen.
Porém, mesmo estrelas do porte de Jayne Mansfield foram
barradas no pier por não quererem ficar nuas.
A
nudez era obrigatória e total na Ilha do Sol. Ninguém, nem mesmo autoridades e
personalidades podiam entrar na ilha sem deixar toda e qualquer peça de roupas
ainda no pier.
Em 1955 a INF-FNI - Federação Internacional de Naturismo
reconheceu oficialmente o surgimento do movimento naturista no Brasil
adicionando a Ilha do Sol e o Clube Naturista Brasileiro como um de seus
afiliados.
Durante
a década de 1960, Luz del Fuego e seus amigos naturistas começaram a frequentar também,
uma praia deserta que hoje se chama Abricó. A Praia do
Abricó era uma segunda opção
para quem gostava do naturismo, e até a hoje é utilizada pelos naturistas.
Morte
Em 1967, Luz del Fuego e seu caseiro foram
assassinados, seus corpos foram amarrados em pedras e depois lançados para o
fundo do mar. Após a sua morte, a Ilha do Sol voltou a ficar desabitada. A
construção resiste ao tempo, com as paredes e a laje em perfeitas condições,
onde inclusive, ainda se podem ver desenhadas na laje as duas cobras que
ajudaram a eternizar a imagem da dançarina.
De
acordo com o depoimento de Alfredo Teixeira Dias, revelou-se que no dia 19, por
volta das 18 horas, partiu com o irmão para a Ilha do Sol, onde não puderam
desembarcar porque os cães da ex-vedete logo notaram a presença de estranhos.
Conseguiram, entretanto, com todo cuidado, cortar a corda que amarrava a canoa
de Luz del Fuego. Levaram-na até a Ilha das Capuanas, já planejando atrair a
ex-vedete para uma armadilha.
Mozart
Gaguinho gritou então, chamando Luz del Fuego, que logo apareceu, de calça, à
beira do cais, com um revólver calibre 38 na mão e perguntando o que
"havia". Gaguinho respondeu que a sua canoa se afastara.
Disse
Alfredo que Luz del Fuego não relutou em embarcar na canoa dos dois, a fim de
recuperar a dela. Pouco depois, Mozart Gaguinho pediu que Luz del Fuego lhe
entregasse a arma. Nesse momento, Alfredo deu uma pancada em sua cabeça, com um
cacetete. Em seguida, mais dois golpes fatais.
Deixaram
o corpo na Ilha das Capuanas de Baixo e voltaram à Ilha do Sol, onde chamaram o
vigia Edgar. Pediram que ele trouxesse uma corda e um remo, a fim de que a
canoa de sua patroa fosse rebocada. Edgard, segundo disse Alfredo, não veio com
os objetos solicitados, mas com uma foice. Hesitou um pouco, mas decidiu entrar
no barco de Alfredo e Gaguinho, sentando-se entre os dois.
Os
dois cadáveres, colocados em uma baleeira com algumas manilhas e duas enormes
pedras, depois de retiradas as vísceras, à faca, foram ao fundo a 200 metros da
Ilha do Sol para onde, em seguida, Alfredo e seu irmão se dirigiram, assaltando
a casa da vítima. Levaram para a Ilha do Pontal tudo que haviam encontrado de
valor - uma radiovitrola, dois rádios de pilha portáteis, uma máquina de
costura e NCr$ 80,00 (oitenta mil cruzeiros antigos), encontrados numa bolsa,
sob um travesseiro. Apanharam ainda um lampeão a gás, várias tarrafas de nylon,
um binóculo e os óculos de Luz del Fuego.
Alfredo
ainda afirmou que, na madrugada do dia 21, Mozart Gaguinho o levou da Ilha do
Pontal para a Ilha do Governador.
Disse
que há cerca de sete meses, Luz del Fuego indicou à Polícia o lugar onde ele,
foragido do Presídio-Geral do Estado, estava escondido. Entretanto, Alfredo conseguiu
"enganar as autoridades". Quanto ao irmão, Luz del Fuego entregou-o
certa vez à Polícia Marítima, que só não o prendeu devido a uma interferência
do guarda portuário Hélio Luís.
Legado
Seu
legado permanece até hoje, e o naturismo brasileiro tem grande orgulho de ter
Luz del Fuego como uma de suas personagens históricas.
Também
o movimento feminista brasileiro deve muito a esta mulher de garra que na década de 1950 já
lutava pela liberdade feminina, sendo muito conhecida uma frase que repetia: a
de que "daqui a 50 anos serei lembrada", talvez porque já naquele
tempo conhecesse as propriedades medicinais da Helioterapia e Aeroterapia.

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