terça-feira, 29 de outubro de 2013

PORCO PERFUMADO COM TALCO

Por Conrado Matos

O projeto que trata a respeito da multa que deve ser aplicada a quem joga lixos nas ruas é bem vindo, pois, a limpeza e aparência da nossa cidade devem ser preservadas. Espero que essa medida venha um dia a ser
aplicada a qualquer um que joga pela janela do veículo, latinha de refrigerante, casca de amendoim, de tangerina, e outras migalhas mais. Até mesmo, se estendendo aos que transam nas ruas e jogam preservativos no chão. Lugar para transar é entre quatro paredes, dentro de casa, no motel, ou lá na “casa da mãe”. Já chega de tantos lixos espalhados nas ruas de Salvador.
Às vezes, quando ocorre um defeito em meu veículo, preciso tomar um ônibus para comprar a peça que foi danificada, numa dessas casas de autopeças da Baixa de Quintas. Durante o decorrer da minha viagem no transporte coletivo, percebo a tamanha falta de educação de algumas pessoas que, quando acaba de chupar um picolé, joga pela janela do ônibus o palito, ou quando mesmo, pega o palitinho do picolé e enfia atrás da poltrona, para simplesmente, justificar que não jogou no chão. Que coisa feia! Vejo muitos maus educados fazerem isso sempre, quando raramente tomo um coletivo, além dos espirros e tosses que espalham chuviscos por todos os lados. Certo dia, dentro de um coletivo, eu levei uma dessas chuvaradas de uma espirrada, bem por trás da minha nuca, que me deu vontade até de passar criolina por trás do meu pescoço. É um absurdo viver com tanta gente mal educada.
Outra coisa, que acho que deve melhorar em Salvador é quanto ao uso daquelas lixeirinhas que ficam na rua, que tenho observado que são poucas e, fica a desejar. A não ser, que estou cego dos olhos.
Às vezes, quando tenho que saborear um bombom no meio da rua, preciso colocar a embalagem usada dentro de qualquer dos meus bolsos da minha roupa, por não encontrar nem sempre uma lixeirinha no meio da rua, encostada em um desses postes.
Não gosto de jogar nada no chão e, muitas vezes coloco bolinha de papel no bolso de minha camisa, até encontrar a lixeira mais próxima, mas, nem sempre a encontro. Quando chego, em casa, jogo as embalagens dos queimados na lixeira. Tudo porque não encontrei uma lixeira na rua.
Acho que deve rever a falta dessas lixeiras em determinadas áreas de Salvador, ampliando o seu número. Agora, lembrando que, as lixeirinhas são para colocar pequenos resíduos de lixos. Tem gente que quando se depara com uma dessas lixeiras na rua, quer jogar grandes montes de lixos. Se possível, até o colchão velho de casa, que pertenceu ao tataravô.
É preciso que o cidadão tenha interesse de colaborar, seja educado e consciente dos seus atos, e não faça dessas lixeiras um contêiner para jogar seus lixos. Conversa de que lugar de porco é no chiqueiro, já acabou há muito tempo. Já tem gente que cria porco até dentro de casa, perfumado com talco, e tudo mais.
Agora, volto a lembrar da cidade de Nossa Senhora de Lourdes, em Sergipe, onde vivi quando era menino. Lembro-me dos balões e penicos que eram lançados na madrugada, por cima das cercas dos quintais dos moradores da Rua da Poeira. Os moradores da Rua da Poeira eram danados para dar uma barrigada durante a noite e, como não tinha ainda uma infraestrutura preparada para uma rede de esgoto nessa cidade pobre do sertão sergipano, a não ser, as fossas, e que, muitos não tinham condições de fazer uma, os maus educados aproveitavam para fazer cocô no mato, ou jogar balões e bacios cheios de bombas atômicas em seus quintais, ou até mesmo, nos quintais dos vizinhos.
Hoje, é claro, isso não deve, talvez, ocorrer mais. Porém, às vezes, tem gente que ainda persiste nessas coisas feias, como defecar na rua. E, se andarmos logo cedo em alguns pontos de Salvador, podemos nos deparar de surpresa no meio da rua diante de uma montanha dessas bombas atômicas, além do mau cheiro das urinas de alguns mal educados, que ocorrem principalmente, nos finais de semana, depois de uma cervejada mal tomada.
Lembro que, meu avô, além de lavrador, era um guarda da cidade de Nossa Senhora de Lourdes e, às vezes, costumava circular pela cidade durante as madrugadas. Certo dia, meu avô se deparou com Zé Gaxirote, fazendo cocô em plena noite de lua iluminada, na Rua da Poeira. Zé é chamado atenção no ato pelo meu avô, que o obriga apanhar todo o cocô do chão. Nem pra Zé ter a ideia de cobrir com a areia da rua, como faz o meu gato-preto de estimação da minha casa, “o gato aquiles”, que usa dentro de casa uma areia higiênica para cobrir suas fezes. Às vezes, tem animal que dá exemplo a muita gente.
Nessa época, o meu avô tinha a mania de colocar nomes engraçados nas ruas dessa cidade, de acordo com o costume e hábito dos moradores. Lembro que, a Rua da Poeira, era porque a poeira invadia as narinas de qualquer ser vivo, quando vinha uma forte ventania. Além do mais, as pessoas que residiam nessa rua, tinham a mania de jogar os tais penicos cheios de cocô e urina, inclusive, para a Rua do Penico, que ficou conhecida como “Rua do Penico”, por ser bombardeada durante as noites, pelo mau cheiro dos gases perturbadores que, às vezes, servia até de despertador para quem acordava debaixo de tanto fedor. Existia, também, a Rua do Galo Assanhado, que ficava bem perto do cemitério que, com a poluição sonora, acordava até as almas. E, no esfrega-esfrega, as pessoas iam até amanhecer o dia, no bate-bate do pé, do xaxado do forró retado.
Tudo isso foi num passado – nos anos 70 - há 43 anos. Hoje, vivemos em pleno século XXI, e ainda tem gente que quer agir assim, como pessoas não civilizadas. O que falta para algumas pessoas serem civilizadas? Embora, em Salvador, encontramos tantas pessoas bem educadas.
Pois é! Hoje vivemos os maiores momentos da informação, e que, são tantos: Jornais, revistas, rádios, televisão e internet. Por que existe tanta gente mal educada, e que ainda urinam, fazem cocô e jogam lixos nas ruas? É um absurdo ainda ver tudo isso por parte de tanta gente. Só multa mesmo!

Conrado Matos é Psicanalista.
E-mail: psicanaliseconrado@hotmail.com – Tels: (71) 8717-3210/9910-6845.


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