segunda-feira, 21 de outubro de 2013

SENHORA BADERNA


- Seu quarto está uma baderna!
Quem nunca ouviu uma frase como essa atire a primeira peça de roupa suja largada no chão. A baderna é usada para se referir a muita coisa no Brasil, de festas de carnaval até um ambiente bagunçado – mas o que muita gente não sabe é que a baderna, na verdade, era a Sra. Baderna, uma bailarina italiana que viveu aqui por volta da metade do século XIX.

É isso aí. Baderna era o nome de uma bailarina. Essa aqui, ó:



Marietta Baderna nasceu na cidade italiana de Placência, em 1828. Ela herdou o sobrenome de seu pai, o médico e músico Antônio Baderna. Ainda adolescente, Marietta tornou-se uma bailarina muito conhecida na região em que vivia. No entanto, naquela época a Itália passava por vários conflitos internos, incluindo a luta pela unificação do país, o que fez com que Marietta e sua família buscassem refúgio no Brasil.

Ela chegou aqui em 1849 e se fixou na cidade do Rio de Janeiro. Não demorou muito para que, com seu espírito contestador e enorme talento para dança, Baderna conquistasse uma legião de admiradores. Ela costumava se apresentar no Teatro Imperial da capital carioca.

Mas a bailarina era contestadora demais para aqueles que procuravam zelar pelos “bons costumes” naquela época – ela era conhecida por introduzir, entre os passos do ballet clássico, gestos do Iundu, uma dança de origem africana; além de coreografias de origem popular brasileira.

A Sra. Baderna também gostava de sair para beber e cantar com seus amigos e vivia com um outro artista, sem estar formalmente casada com ele. Esse comportamento “inaceitável” para a sociedade da época rendeu à Baderna um novo significado: a palavra passou a ser conhecida como sinônimo de barulho e confusão.
A essa altura, seus fãs já eram conhecidos como “baderneiros” – quando os empresários cariocas passaram a rejeitá-la, por causa de suas apresentações inovadoras, eles protestavam batendo os pés no chão, tanto durante os espetáculos quanto em protestos de rua.

Não adiantou: os conservadores persistiram e Baderna passou a ser marginalizada, até que sua carreira entrou em decadência. Ela foi obrigada a voltar para a Itália, ao lado de seu pai. Mas deixou sua marca por aqui, afinal, até hoje seu nome é sinônimo de afronta e desordem.


Fontes: Retalhos de Quixada e
Sul 21.

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