Jinmu Tenno funda o Império do Japão
Dia da
Fundação Nacional japonesa é celebrada em torno de história marcada por lendas
que versa sobre a unificação do arquipélago
O Japão celebra a cada dia 11 de fevereiro, a data
nacional de sua fundação. Foi nesse dia que, no ano de 660 antes de Cristo,
segundo a versão oficial, o imperador Jinmu Tenno, no dia de Ano Novo do
calendário lunar, fundou o Império do Japão e se autoproclamou seu primeiro
imperador. O trono teria sido ocupado
por ele por 76 anos até o dia de sua
morte, em 585 a. C., quando Jinmu – cujo nome significava literalmente
“Guerreiro Divino” – já tinha alcançado 127 anos.O que é fato ou folclore nesse acontecimento ainda é tema de debate entre muitos historiadores. Há dúvidas sobre a veracidade da história e até mesmo sobre a existência de Jinmu, já que sua biografia só é contada através de crônicas do século VIII, que serviriam de base para a mitologia japonesa e do xintoísmo.
Independentemente disso, a família imperial japonesa acolhe a história como verídica e a data é celebrada até hoje no país, sem muita pompa ou mobilização no Japão contemporâneo.
Essas crônicas consideram como verídicas e históricas uma série de passagens fantásticas, como a descendência divina de Jinmu para com Amaterasu Omikami, deusa do sol e governante do céu, uma das entidades mais importantes da mitologia japonesa. A deusa, tataravó do primeiro imperador, teria enviado um de seus filhos ao arquipélago japonês com o objetivo de pacificá-la, e um descendente estaria, eras depois, predestinado a governá-lo.
Rezam as crônicas que, desde recém-nascido, Jinmu já teria adquirido sabedoria e capacidade para decidir. Filho do governante da ilha de Kyushu (ao sul de Honshu, a ilha principal e de maior área), foi nomeado ao trono aos 15 anos e se casou Ahiratsu-hime, com quem teve três filhos.
Jinmu e seus irmãos em sua jornada para o leste sendo guiados pelo pássaro místico Yatagarasu
Aos 45 anos, em 666 a. C., Jinmu teria se reunindo com seus irmãos na província de Hyuga, ao leste de Kyucho, onde proferiu um discurso dizendo que, há quase 1,7 milhão de anos, Amaterasu teria enviado seu filho e este, junto com os demais antepassados, lograram pacificar o sul do Japão, transformando-o de uma terra desolada para uma região próspera. No entanto, havia ainda muitas regiões ainda, principalmente no leste, não pacificadas e fora do poder de Amaterasu, sendo governadas por chefes e deuses locais, razão pela qual eram vitimadas por conflitos territoriais. E, como o leste seria o “centro do universo”, era uma região naturalmente apta para estabelecer-se uma nova capital e pacificar todo o arquipélago.
A ideia foi bem acolhida e uma expedição naval para a conquista do leste foi
organizada para unificar o país.
Durante a jornada, Jinmu e seus irmãos foram guiados pela ave mística Yatagarasu, cuja lenda diz que representa a vontade divina em interferir nos assuntos humanos.
A pacificação e união do Império ocorreu seis anos depois do início da expedição, compreendendo toda a região de Yamato, que constitui o centro e o sul da ilha de Honshu. Com o leste tomado, foi construída uma “vasta e espaçosa” capital para o novo império: a planície de Kashihara, em Nara, ao sul de Honshu, local onde hoje se localiza o mausoléu de Jinmu, que, aos 52 anos, deu início ao Império do Japão.
A data só foi passou a ser oficialmente comemorada em 1873, após a primeira constituição do Japão e a adoção do calendário gregoriano. Originalmente o evento era chamado de Kigensetsu (Dia do Império) e, segundo o calendário gregoriano, caía no dia 29 de janeiro. Sua celebração acabou suprimida ao fim da II Guerra Mundial, dado às suas ligações com a nobreza, mas voltou a ser celebrada em 1966 até os dias de hoje. As referências ao imperador foram suprimidas, e a data passou a ser celebrada como “Dia de Fundação Nacional”.
Fonte: Opera Mundi
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