segunda-feira, 18 de novembro de 2013

ATÉ TU, PEDRO II?

Um caso de amor e amizade: D. Pedro II e Luísa,
Condessa de Barral.

Condessa de Barral, top model da época


                                                      
                                                       Cartas trocadas não doem


A história está repleta de histórias de amores nas cortes imperiais. Talvez uma das curiosas tenha sido a do nosso discreto Dom Pedro II, seguramente um dos maiores homens públicos.
No Brasil, com a chegada da Família Real, no século XIX, o país se tornou efervescente. Aportou aqui muita gente, e, com eles, alguns casos de amores... Alguns, absolutamente escandalosos e não foram poucos os que eram abertos para todo mundo ver; outros, mais discretos e escondidos.
Conta-se, por exemplo, que Dom João VI, um homem inteligente e que de fato representa tanto da afirmação do próprio país em nossa história imperial, era talvez mais preocupado em seu paladar e bons pratos do que exatamente na relação com sua complicada esposa. Ele, inclusive, fingia não ouvir as fofocas palacianas sobre o comportamento de Dona Carlota Joaquina e seus amantes, chegando a nomear um deles como Diretor do Banco do Brasil.
Seu filho, o Imperador Dom Pedro I, era, seguramente, o amante declarado das cortes. Sua vida amorosa foi movimentada: homem de muitas amantes, dizem que com vários filhos bastardos, envolvendo-se com qualquer tipo de mulher e chegando a ter um caso com a irmã de uma de suas amantes, imaginem! O galante Imperador não tinha limites.


Já Dom Pedro II, tímido, introspectivo e discreto, tinha comportamento mais recatado. Assumiu o trono muito jovem e ao se casar sentiu-se desapontado. Mostraram-lhe uma pintura de uma linda morena de Nápoles, que em seguida não fez jus a essa descrição. Mesmo assim, foi conduzido a casar-se com Tereza Cristina que era feia e manca, conta a história.
Mas, de alguma forma, ele honrou a sua vida palaciana e foi com ela que esteve quase toda a sua vida, sobretudo por um fato marcante: com a Imperatriz Teresa Cristina, a verdadeira caridade sentou-se no trono brasileiro. Nos 46 anos que esteve no Brasil, Dona Tereza Cristina representou o protótipo de virtudes cristãs, mesmo que sua atuação seja quase invisível na história brasileira, e ressalte-se, injustamente. Coube a ela o título de “a mãe dos brasileiros” e a imagem de uma mulher extremamente virtuosa era consenso unânime.

Pedro II aos 31 anos


Quando Dom Pedro II tinha 31 anos, ele conhece Luísa Margarida, a Condessa de Barral, mulher mais velha do que ele cerca de nove anos e por quem perdidamente se apaixonou.
 Segundo historiadores, foi o grande amor de sua vida. Ao longo dos anos, mostrou-se que o caso de  Dom Pedro II era mais do que uma simples paixão passageira: converteu-se em confiança, respeito, admiração intelectual e amor, pelo que se pode concluir pelas suas cartas à Condessa. E imaginem: eles mantiveram um romance por 34 anos, a maior parte dele por cartas, que ambos combinaram em destruir. Dom Pedro II cumpriu a promessa e destruiu todas as cartas recebidas de sua Condessa. Luísa, contrariamente, guardou algumas delas e é exatamente através dessas correspondências secretas que boa parte da história está sendo contada, recentemente. Conforme relatos da escritora Del Priori, o casal se encontrava, às escondidas, em Petrópolis, onde Luísa havia alugado um chalé, e no Rio, no Palácio de São Cristóvão, onde morava o Imperador. Diários encontrados referem-se ainda a uma viagem que o Imperador e a Condessa teriam feito juntos à Grécia.
Dom Pedro II encantou-se com a figura de Barral: de beleza rara, educada, elegante, magra, vestia-se bem e seguia a moda francesa. Conta-se que ela mandava e desmandava no Imperador, mas que não o influenciava em suas decisões de governante e monarca. Reconhecidamente, ela muito ajudou Dom Pedro II no seu traquejo social, nas cerimônias do Palácio e em seu comportamento na corte. Como ele era um homem simples, Barral o ensinava a portar-se à mesa, a limpar as unhas e etiqueta para não cometer gafes. A Condessa, atualizado pelo tempo que morou na Europa, partilhava informações sobre arte, livros, teatro e cultura geral.
Aparentemente, o marido de Barral nunca se posicionou sobre seu romance com Dom Pedro II.Como preceptora das filhas do Imperador, a Condessa recebia muitos convites para bailes, mas estava sempre desacompanhada. Quando as princesas casaram, Luísa volta para a Europa, e, assim, começam as trocas de correspondências com o Imperador.
Com a Proclamação da República, a Família Imperial exila-se na França. Dom Pedro II reencontra a Condessa.  O Imperador lhe escrevia poesias e cartas confidentes, colhia flores e deixava na porta de seu quarto. 
Luísa vem a falecer de pneumonia cerca de dois anos depois, e ele, logo em seguida, com complicações de sua diabetes.

Fonte: Do Blog de Paulo Cannizarro 

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