Um caso de amor e amizade: D. Pedro
II e Luísa,
|
Condessa de
Barral.
Condessa de
Barral, top model da época
A história está repleta de histórias de amores nas cortes imperiais.
Talvez uma das curiosas tenha sido a do nosso discreto Dom Pedro II,
seguramente um dos maiores homens públicos.
No Brasil, com a chegada da Família Real, no século XIX, o país se
tornou efervescente. Aportou aqui muita gente, e, com eles, alguns casos de
amores... Alguns, absolutamente escandalosos e não
foram poucos os que eram abertos para todo mundo ver; outros, mais discretos
e escondidos.
Conta-se, por exemplo, que Dom João VI, um homem
inteligente e que de fato representa tanto da afirmação do próprio país em
nossa história imperial, era talvez mais preocupado em seu paladar e bons
pratos do que exatamente na relação com sua complicada esposa. Ele,
inclusive, fingia não ouvir as fofocas palacianas sobre o comportamento de
Dona Carlota Joaquina e seus amantes, chegando a nomear um deles como
Diretor do Banco do Brasil.
Seu filho, o Imperador Dom Pedro I, era, seguramente, o amante declarado
das cortes. Sua vida amorosa foi movimentada:
homem de muitas amantes, dizem que com vários filhos bastardos, envolvendo-se
com qualquer tipo de mulher e chegando a ter um caso com a irmã de uma de
suas amantes, imaginem! O galante Imperador não tinha limites.
Já Dom Pedro II, tímido, introspectivo e discreto, tinha comportamento
mais recatado. Assumiu o trono muito jovem e
ao se casar sentiu-se desapontado. Mostraram-lhe uma pintura de uma linda
morena de Nápoles, que em seguida não fez jus a essa descrição. Mesmo assim,
foi conduzido a casar-se com Tereza Cristina que era feia e manca, conta a
história.
Mas, de alguma forma, ele honrou a sua vida palaciana e foi com ela
que esteve quase toda a sua vida, sobretudo por um fato marcante: com a Imperatriz
Teresa Cristina, a verdadeira caridade sentou-se no trono brasileiro. Nos
46 anos que esteve no Brasil, Dona Tereza Cristina representou o protótipo de
virtudes cristãs, mesmo que sua atuação seja quase invisível na
história brasileira, e ressalte-se, injustamente. Coube a ela o título de “a
mãe dos brasileiros” e a imagem de uma mulher extremamente
virtuosa era consenso unânime.
Pedro II aos 31 anos
Quando Dom Pedro II tinha 31 anos, ele conhece Luísa
Margarida, a Condessa de Barral, mulher mais velha do que ele cerca de
nove anos e por quem perdidamente se apaixonou.
Segundo historiadores, foi o grande amor de sua vida. Ao longo dos
anos, mostrou-se que o caso de Dom Pedro II era mais do que
uma simples paixão passageira: converteu-se em confiança, respeito, admiração
intelectual e amor, pelo que se pode concluir pelas suas cartas à
Condessa. E imaginem: eles mantiveram um romance por 34 anos, a
maior parte dele por cartas, que ambos combinaram em destruir. Dom Pedro II
cumpriu a promessa e destruiu todas as cartas recebidas de sua Condessa.
Luísa, contrariamente, guardou algumas delas e é exatamente através dessas
correspondências secretas que boa parte da história está sendo
contada, recentemente. Conforme relatos da escritora Del Priori, o
casal se encontrava, às escondidas, em Petrópolis, onde Luísa havia alugado
um chalé, e no Rio, no Palácio de São Cristóvão, onde morava o Imperador.
Diários encontrados referem-se ainda a uma viagem que o Imperador e a
Condessa teriam feito juntos à Grécia.
Dom Pedro II encantou-se com a figura de Barral: de beleza rara,
educada, elegante, magra, vestia-se bem e seguia a moda francesa. Conta-se
que ela mandava e desmandava no Imperador, mas que não o influenciava em suas
decisões de governante e monarca. Reconhecidamente,
ela muito ajudou Dom Pedro II no seu traquejo social, nas
cerimônias do Palácio e em seu comportamento na corte. Como ele era um homem
simples, Barral o ensinava a portar-se à mesa, a limpar as unhas e etiqueta
para não cometer gafes. A Condessa, atualizado pelo tempo que morou na
Europa, partilhava informações sobre arte, livros, teatro e cultura geral.
Aparentemente, o marido de Barral nunca se posicionou sobre seu
romance com Dom Pedro II.Como preceptora das filhas do Imperador, a Condessa
recebia muitos convites para bailes, mas estava sempre desacompanhada. Quando
as princesas casaram, Luísa volta para a Europa, e, assim, começam as trocas
de correspondências com o Imperador.
Com a Proclamação da República, a Família Imperial exila-se na França.
Dom Pedro II reencontra a Condessa. O Imperador lhe escrevia poesias e
cartas confidentes, colhia flores e deixava na porta de seu quarto.
Luísa vem a falecer de pneumonia cerca de dois anos depois, e ele,
logo em seguida, com complicações de sua diabetes.
|
Fonte: Do Blog de Paulo Cannizarro
Nenhum comentário:
Postar um comentário