Notícia de utilidade
pública
Para
amante de automóveis...
Assim como ocorrem com produtos
e serviços de todos os tipos, o mercado automotivo está repleto de ofertas
chamativas (e muitas vezes milagrosas) para encantar o consumidor. Alguns
termos são de encher os olhos: “vitrificação”, “cristalização” e “polimento
cristalizado” estão entre os mais conhecidos, estampados em muitas
concessionárias, lojas e empresas especializadas em embelezamento automotivo.
Infelizmente, ainda hoje, a
mídia “do povo” não se aprofunda no assunto e acaba propagando informações
errôneas, ao invés de elucidar seus leitores e espectadores. O resultado disso
são pessoas que, por inocência, acabam pagando por um serviço que jamais
levarão para casa.
Há até mesmo promessas de
proteção por 1, 2 ou até 3 anos contra “ação da natureza, maresia e sujeira”.
Para infelicidade dos amantes de carros, isso não existe. Por melhor que seja o
polímero sintético, a cera natural, o “glaze” ou o composto polidor, não é
possível proteger uma pintura da poluição, pó de freio, detritos das ruas e
agentes naturais por tanto tempo.
Os cuidados com um carro novo
são simples: basta lavá-lo da maneira correta e mantê-lo protegido (seja com
cera, selante ou o seu produto favorito) para garantir brilho intenso e
repelência a água. A duração disso depende simplesmente da limpeza correta e da
qualidade do produto utilizado. Com o tempo, a proteção se esvai, e novamente é
hora de aplicá-la.
Em um carro com defeitos na
pintura (“swirls” ou “teias de aranha”, oxidação da pintura — não confundir com
ferrugem, manchas, arranhões), é necessário fazer a correção. Ao contrário do
que muitos “polidores” pregam, não basta usar uma boina de lã e uma “massa de
polir #2″.
Esse processo deve ser
executado sempre da maneira mais branda possível, para poupar o verniz do
veículo, já que todo polimento é abrasivo. Para isso, existem boinas com
diversos tamanhos e materiais, politrizes roto-orbitais ou rotativas, massas de
polir ou “polishes” mais ou menos cortantes e até mesmo com tecnologia micro abrasiva,
que pode ser não-redutiva ou redutiva.
Há alguns lembretes importantes
para os dois casos acima:
- Não existe polimento
não-abrasivo. Polimento é, por definição, um método de correção, refinamento e
acabamento da pintura.
- Cera serve para proteger, e
não para polir. Se na embalagem mencionar a palavra “polimento”, tome cuidado:
a cera provavelmente tem uma porcentagem de polish abrasivo misturada.
- Alguém já viu a cera de
carnaúba em sua forma natural, pura? Pois bem, ela é dura como pedra e não
serve para proteger a pintura do seu carro. Quanto mais mole ou líquida for a
cera, mais solventes ela contém. Cuidado com rótulos que pregam “90% de carnaúba”
ou “100% carnaúba”. Uma cera de boa qualidade é feita de diversos elementos,
portanto não se iluda com promessas milagrosas.
O “cuidado automotivo” ou
“detail” pode se tornar um interessante hobby para explorar: além de aprender a
cuidar melhor do carro, é um exercício de paciência e, sem dúvida, uma maneira
muito gratificante para usar o tempo livre.
Para quem se interessar sobre o
assunto, vale estudar cada uma das etapas para manter o seu carro brilhando,
conservado e com melhor valor de revenda. De forma bastante superficial,
podemos resumir:
1) Lavagem
É o processo de limpeza mais
básico, normalmente executado com shampoos, luvas de pelo de ovelha,
microfibra, esponjas especiais, entre outras. Também pode ser auxiliado por uma
lavadora de pressão e até mesmo shampoo “neve”.
2) Descontaminação
É o processo de remoção de
sujeiras impregnadas que não se soltam com a lavagem comum. Para isso, podemos
usar removedores de piche, “de-ironizers” (que eliminam contaminação por ferro,
normalmente oriunda dos discos e pastilhas de freio) e, é claro, a “clay bar”,
uma massa que aliada a um lubrificante (“quick detailer” ou até mesmo shampoo
misturado com água) remove elementos que deixam a pintura mais opaca, áspera e
sem vida
3) Correção
É nesta etapa que ocorre muita
confusão. Muitos “especialistas do polimento” simplesmente lavam o carro e
“mandam ver” com a boina de lã, que é a mais agressiva. O resultado normalmente
é brilho intenso, mas basta levar o carro ao sol para ver hologramas, marcas de
polimento e até mesmo “swirls” causados pela rotação da politriz. A etapa de
correção deve poupar a pintura, portanto é importante sempre partir para a
solução menos agressiva, estudar o problema a ser resolvido e usar as
ferramentas corretas com paciência e técnica quase robótica. A pressa ou a
falta de habilidade pode resultar até mesmo em uma pintura queimada!
4) Proteção
Existe uma infinidade de
produtos para esse fim. Os mais comuns são derivados de ceras, e estes podem
custar de R$ 10 a R$ 1.000 — sem exagero! Há marcas e grifes de diversos
países, e inclusive no Brasil existem produtos de altíssima qualidade, mas que
não são encontrados em supermercados.
De alguns anos para cá,
surgiram também os sintéticos, criados em laboratório. Estes selantes tem
acabamento semelhante às ceras, mas muitos deles tem mais capacidade
hidrofóbica (repelência a água). Especialistas em cuidados automotivos muitas
vezes fazem uma combinação de acordo com seu gosto pessoal, de camadas
diferentes de cera e selante para ter um resultado ainda mais bonito.
Assim como o Alexandre
(ADG0068) da High Torque prega pela informação correta e livre no mundo da
mecânica, acredito ser importante explicar alguns pontos sobre a aparência dos
carros, evitando gastos desnecessários e falsas promessas que depois poderão
culminar em arrependimento pelo dinheiro mal-investido.
Não tenha medo de duvidar,
questionar e fazer valer o seu dinheiro. Muitas vezes, é mais seguro aprender e
fazer em casa (ou mesmo pagar mais por um profissional qualificado e com treinamento),
do que rasgar suas preciosas notas.
E se o assunto for do interesse
dos leitores do NA, não hesitem em comentar e colocar as suas dúvidas! O que
você deseja saber sobre cuidados automotivos?
ACASO DESEJE
ECONOMIZAR E SE EXERCITAR, FAÇA VOCÊ MESMO!
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