segunda-feira, 4 de novembro de 2013

D. DOMITILA DE CASTRO CANTO E MELO

Série: mulheres que fizeram e fazem história

Marquesa de Santos



Domitila de Castro Canto e Melo nasceu em São Paulo no dia 27 de dezembro de 1797, filha de
Escolástica Bonifácia de Toledo Ribas e do português João de Castro Canto e Melo, que ocupava a função de ajudante militar, na ocasião de seu nascimento.
Aos 16 anos de idade, casou-se com o alferes mineiro Felício Pinto Coelho de Mendonça (1798-1833), oficial pertencente ao Corpo dos Dragões de Vila Rica, cidade para a qual mudaram-se após o casamento e onde nasceram seus dois filhos. Em 1819, após ser agredida pelo marido, voltou para a casa dos pais grávida de João, falecido poucos meses depois.


Em agosto de 1822 conheceu D. Pedro (1798-1834) e, em seguida, foi viver na Corte. Em virtude desse romance, foi agraciada com títulos de nobreza: Baronesa, em 1824; Viscondessa, em 1825 e Marquesa de Santos, em 1826. Bem como seu pai com o título de visconde em 1827 e seus irmãos se tornaram gentis-homens da Imperial Câmara.
Teve cinco filhos com D. Pedro I, dos quais apenas duas filhas sobreviveram, no entanto, ambas ilegítimas e reconhecidas pelo pai posteriormente. Uma delas, Isabel Maria, agraciada com o título de Duquesa de Goiás e tratamento de Alteza, nasceu em 1824, ano do divórcio do primeiro casamento de sua mãe. Nessa época, a obtenção do divórcio somente era possível se houvesse a alegação de agressão por parte do marido e se, a abertura do processo, fosse encabeçada por um homem. Nesse caso, Domitila contou com o apoio de D. Pedro.

A outra filha, Maria Isabel II, apenas reconhecida por D. Pedro I em seu testamento, nasceu em São Paulo em 1830. Desde 1829 Domitila havia se fixado novamente em São Paulo. Trazia consigo a quantia de 300 contos de réis em apólices, além da garantia de um conto de réis mensal.


Em 1834 adquiriu o Solar por onze contos e quatrocentos mil réis, o qual passou por reforma durante dois anos. Nessa época, conforme consta em seu testamento, fez um contrato de segundas núpcias com o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar (1794-1857) “não pelo costume e leis do Império, mas por pacto exclusivo de comunhão de bens”. O contrato de dote, contrato pré-nupcial, podia ser acertado entre cônjuges abastados com a intenção de proteger os bens de cada um dentro do sistema de comunhão de bens. Somente legitimou o casamento na igreja no ano de 1842, em Sorocaba.

Com o segundo marido teve mais seis filhos, dos quais dois faleceram. Faleceu em 3 de novembro de 1867 e foi sepultada no Cemitério da Consolação onde ela doou parte do terreno.

O divórcio do primeiro marido, o relacionamento com D. Pedro, a posse de um elevado título de nobreza e de grande fortuna, e, depois, o casamento com um homem da elite paulista foram fatos que fizeram Domitila figura importante na sociedade paulistana. Dessa forma, na segunda metade do século XIX, a historiografia tradicional aliada ao ideal romântico a interpretaram como uma mulher sedutora e avarenta que, na velhice, dedicou-se às obras de benemerência, protegendo os pobres, cuidando dos doentes e dos estudantes necessitados da Faculdade do Largo de São Francisco.

Estudos sobre o comportamento feminino realizado nas últimas décadas têm levantado novas problemáticas que apontam que as mulheres não eram tão submissas, o que não significa negar a existência da opressão masculina na época. Existiam mulheres reclusas e também aquelas que lutavam diariamente pelo sustento familiar e pela manutenção dos bens e posição social da família. Portanto, sob esse aspecto, o perfil de Domitila talvez se insira mais nas práticas cotidianas do que no imaginário moralista do comportamento feminino de sua época.

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