Eric Brücher Camara
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O Tâmisa
voltou a ser usado como área de lazer pelos londrinos
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Dos
tempos do 'Grande Fedor' – como o Tâmisa ficou conhecido em 1858, quando as
sessões do Parlamento foram suspensas por causa do mau cheiro – até hoje, foram
quase 150 anos de investimento na despoluição das águas do rio que cruza a
cidade de Londres.
Bilhões de libras mais tarde,
remadores, velejadores e até pescadores voltaram a usar o Tâmisa, que hoje
registra 121 espécies de peixe em suas águas.
Se a poluição começou ainda nos idos de
1610, quando a água do rio deixou de ser considerada potável, a despoluição só
foi começar a partir de meados do século 19, na época em que o rio conquistou a
infame alcunha com o seu mau cheiro.
A decisão de construir um sistema de
captação de esgotos também deve muito às epidemias de cólera das décadas de
1850 e 1860.
Espinha
dorsal
A infra-estrutura construída então
continua até hoje como a espinha dorsal da rede atual, apesar das várias
melhorias ao longo dos anos.
Na época, os engenheiros criaram um
sistema que simplesmente captava os dejetos produzidos na região metropolitana
de Londres e os despejava no Tâmisa outra vez, quilômetros abaixo.
Na época, a solução funcionou
perfeitamente, e o rio voltou a se recuperar por alguns anos.
No entanto, com o crescimento da
população, a mancha de esgoto foi subindo o Tâmisa e, por volta de 1950, o rio
estava, mais uma vez, biologicamente morto.
Foi então que as primeiras estações de
tratamento de esgoto da cidade foram construídas.
Volta
do salmão
Vinte anos depois, em meados da década
de 1970, o primeiro salmão – um peixe conhecidamente sensível à poluição – em
décadas foi flagrado no Tâmisa.
Hoje, encontrar salmões no rio não causa
mais nenhum espanto, mas ainda assim, a Thames Water, a empresa de saneamento
de Londres, continua investindo pesado no sistema de esgoto.
"Desde 1989, quando a empresa foi
privatizada, investimos mais de 1 bilhão de libras esterlinas (cerca de R$ 5 bilhões)",
afirma Peter Spillett, diretor de Meio Ambiente, Qualidade e Sustentabilidade
da Thames Water.
Com a credencial de responsável por um
rio que há poucas décadas era tido como morto e hoje voltou a abrigar centenas
de espécies, Spillett foi pessoalmente a São Paulo dar palestras sobre
despoluição e conheceu o Tietê de perto.
"Essencialmente, o Tietê é muito
poluído porque não há controle eficiente dos dejetos industriais e domésticos.
Você tem montes de efluentes lançados nesse rio relativamente pequeno e, daí,
ele está biologicamente morto."
NR/
E os nosso rios quando se recuperarão?
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