O Forte
de São Bartolomeu da Passagem, também conhecido como Forte da
Passagem de Itapagipe (Passagem de Cima), localizava-se na ponta da
Ribeira, perto da foz do rio Pirajá, ao Norte da
primitiva cidade de Salvador,
no litoral do estado brasileiro da Bahia.
História
Antecedentes
A
estrutura remonta ao início do século XVII,
quando colaborava com o Fortim de São Filipe na defesa da enseada
dos Tainheiros, onde se localizavam os
estaleiros coloniais, e da enseada
de Itapagipe, onde, quando da segunda
das Invasões
holandesas do Brasil,
ocorreria o desembarque das forçasneerlandesas comandadas
pelo Conde Maurício de Nassau (1604-1679), quando do assalto de abril-maio de 1638 a Salvador. A seu respeito, BARLÉU (1974)
descrevendo o assalto de seus conterrâneos, relata:
"(...)
No dia seguinte [ao da ocupação do Forte de
Santo Alberto e
da captura do Fortim de
São Filipe, Nassau] apoderou-se do Forte
de São Bartolomeu, terrível por treze peças e providíssimo de grande cópia de
petrechos bélicos. Tendo-nos caído nas mãos estas fortalezas, ficou-nos livre o
acesso às naus para
recebermos mantimentos, de que se podia prover a soldadesca em terra apenas por
oito dias." (op. cit., p. 82)
De
acordo com a iconografia de José António Caldas (Forte de S. Bartolomeu da Pasage. in: Cartas
topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a
cidade da Bahia de Todos os Santos e seu reconcavo por mar e terra, c. 1764. Arquivo
Histórico Ultramarino, Lisboa), sua estrutura apresentava planta no formato de um polígono octogonal
estrelado, com quatro ângulos salientes e quatro reentrantes, e parapeitos à
barbeta. Pelo lado do portão de acesso, no terrapleno, erguia-se um edifício de um pavimento com as
diversas dependências de serviço (Casa de Comando, quartéis, Casa
da Palamenta e outras).
Encontra-se
representado numa iconografia de Carlos Julião,
sob o nome de 10. Forte de S. Bartolomeu da Passagem (Elevaçam
e fasada que mostra em prospeto pela marinha, a cidade de Salvador, Bahia de
todos os Santos, 1779. Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar, Lisboa), ilustrada com os desenhos de trajes
típicos femininos.
BARRETTO
(1958) informa que este forte estava artilhado com nove peças de ferro (quatro
de calibre 12 libras, três de 8 e duas de 6), acredita-se que em meados
do século XVIII.
O século XIX
SOUZA
(1885) reporta que, em 1841,
em suas doze canhoneiras conservava apenas duas das antigas peças (op. cit.,
p. 97). GARRIDO (1940) complementa que em 1844 foi autorizada e iniciada a sua demolição,
aproveitando-se a cantaria do
forte nas obras de construção do prédio da Alfândega em Salvador. No ano
seguinte os trabalhos de demolição foram sustados (Aviso de 10 de maio de 1845) (op. cit., p. 95).
No
contexto da Questão Christie (1862-1865), o "Relatório do Estado das Fortalezas da
Bahia" ao Presidente da Província, datado de 3 de agosto de 1863, dá-o como em completa ruína, denominando-o
como Forte de São Bartolomeu de Itapagipe (ROHAN, 1896:51),
citando:
"(...)
Apresenta a forma dum octógono com quatro ângulos salientes e outros tantos
reentrantes, e o desenvolvimento de 720 palmos.
Está
em completa ruína, fendido em diversas partes, e em total abandono.
Por
ordem superior começou ser demolido e nesta operação encetada pelo fosso, ficou sem as lajes pertencentes às suas obras.
Não
há reparações senão completa reconstrução a fazer com aproveitamento dos
materiais e talvez mesmo dalguma das suas partes." (op. cit., p. 64)
O
forte terminou de ser demolido em 1900, durante obras da Prefeitura Municipal, na
gestão de José Eduardo Freire de Carvalho Filho (GARRIDO, 1940:95).
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