A primeira mãe, a mãe de toda humanidade
Dia: Terça-feira
Cores: Anil, Branco e Roxo
Símbolo: Bastão de hastes de palmeira
(Ibiri)
Elemento: Terra, Água, Lodo
Domínios: Vida e Morte, Saúde e Maternidade
Saudação: Salubá!
Nanã, a deusa dos mistérios, é uma
divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua separou a
água parada, que já existia, e liberou do “saco da criação” a terra, no ponto
de contato desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se
encontram os maiores fundamentos de Nana.
Senhora de muitos búzios, Nana
sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. O seu nome designa pessoas idosas
e respeitáveis e, para os povos Jeje, da região do antigo Daomé, significa
“mãe”. Nessa região, onde hoje se encontra a República do Benin, Nana é muitas
vezes considerada a divindade suprema e talvez por essa razão seja
frequentemente descrita como um orixá masculino.
Sendo a mais antiga das divindades
das águas, ela representa a memória ancestral do nosso povo: é a mãe antiga
(Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e Oxumaré, mas por
ser a deusa mais velha do candomblé é respeitada como mãe por todos os outros
orixás.
A vida está cercada de mistérios que
ao longo da História atormentam o ser humano. Porém, quando ainda na
Pré-História, o homem se viu diante do mistério da morte, em seu âmago irrompeu
um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para
aquilo que era certo no seu destino.
A morte faz surgir no homem os
primeiros sentimentos religiosos, e nesse momento Nana faz-se compreender, pois
nos primórdios da História os mortos eram enterrados em posição fetal,
remetendo a uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu
que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nana.
Nana é o princípio, o meio e o fim; o
nascimento, a vida e a morte.
Ela é a origem e o poder. Entender
Nana é entender o destino, a vida e a trajetória do homem sobre a terra, pois Nana
é a História. Nana é água parada, água da vida e da morte.
Nana é o começo porque Nanã é o barro
e o barro é a vida. Nana é a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a
sobrevivência, a senhora dos ibás que permite o nascimento dos deuses e dos homens.
Nana pode ser a lembrança angustiante
da morte na vida do ser humano, mas apenas para aqueles que encaram esse final
como algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo o ser carrega
desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas que têm o coração repleto
de maldade e dedicam a vida a prejudicar o próximo se preocupam com isso.
Aqueles que praticam boas ações vivem preocupados com o seu próprio bem, com a
sua elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si, só esperam da
vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável. A sua
certeza é a imortalidade da sua essência.
Nana, a mãe maior, é a luz que nos
guia, o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é
conhecer Nana, pois os fundamentos dos orixás e do Candomblé estão ligados à
vida. A nossa vida é o nosso orixá.
É na morte, condição para o
renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nana.
Respeitada e temida, Nana, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que
castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.
Características dos filhos de Nana
Burukú.
Os filhos de Nana são pessoas
extremamente calmas, tão lentas no cumprimento das suas tarefas que chegam a
irritar. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. As pessoas de Nana
parecem ter a eternidade à sua frente para acabar os seus afazeres; gostam de
crianças e educam-nas com excesso de doçura e mansidão, assim como as avós. São
pessoas que no modo de agir e até fisicamente aparentam mais idade.
Podem apresentar precocemente
problemas de idade, como tendência a viver no passado, de recordações, apresentar
infecções reumáticas e problemas nas articulações em geral.
As pessoas de Nana podem ser teimosas
e “ranzinzas”, daquelas que guardam por longo tempo um rancor ou adiam uma
decisão. Porém agem com segurança e majestade. As suas reações bem equilibradas
e a pertinência das suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e
da justiça.
Embora se atribua a Nana um carácter
implacável, os seus filhos têm grande capacidade de perdoar, principalmente as
pessoas que amam. São pessoas bondosas, decididas, simpáticas, mas
principalmente respeitáveis, um comportamento digno da Grande Deusa do Daomé.
Fonte: Candomblé – O mundo dos Orixás
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