O percursor da “imprensa marrom”
William Randolph Hearst (San Francisco, 29 de
abril de 1863 — Beverly
Hills, 14 de agosto de 1951)
foi um magnata da imprensa estadunidense.
Na época áurea, sua empresa, a Hearst Corporation, foi
proprietária de 28 jornais, entre eles o San Francisco
Examiner, o Chicago Examiner, o The New York Journal e o Boston American; e
18 revistas, entre as quais a Cosmopolitan e American Weekly.
Possuía também cadeias de rádio e uma produtora de cinema.
Foi, alegadamente, o responsável pela
morte do pioneiro cineasta Tomas Ince, ocorrida no iate de Hearst, numa festa
oferecida por este, que durou um fim-de-semana de Novembro de 1924, onde se
comemorava o aniversário de Ince. Contudo, as investigações policiais foram
silenciadas e duraram pouco tempo, assim como nunca se ouviram os depoimentos
dos ilustres convidados do iate naquele famigerado convescote. Promoções de
trabalho, invulgares e súbitas, foram feitas a alguns dos convidados depois do
acidente. Este episódio é relatado no filme "O Miado do Gato" de
Peter Bogdanovich.Hearst é considerado um dos precursores da chamada "imprensa
marrom". O filme Cidadão
Kane, de Orson
Welles, talvez tenha sido baseado em sua vida,
embora Welles negasse publicamente tal circunstância.
Hearst também é conhecido por ter
ajudado os nazistas na guerra psicológica contra a União Soviética. Hearst é o
redator americano conhecido como sendo o "pai" da chamada imprensa
amarela, e da imprensa sensacionalista.
William Hearst começou a carreira de
redator em 1885, quando o seu pai George Hearst, milionário da indústria
mineira, senador e redator, lhe deu a chefia do jornal São Francisco Daily
Examiner. Assim começou também o império jornalístico de Hearst que de uma
maneira definitiva iria deixar marcas profundas na vida e nos conceitos dos
norte-americanos. Depois da morte do pai, William Hearst vendeu todas as ações
da indústria mineira que herdou e começou a investir capital no mundo
jornalístico. A primeira compra que fez foi o New York Morning Journal, um
jornal de tipo tradicional que Hearst transformou totalmente num pasquim. Cujas
notícias nele publicadas eram compradas a qualquer preço e quando não havia
crueldades ou crimes violentos para contar cabia aos jornalistas e fotógrafos forjarem
temas. É justamente esta a marca da "imprensa amarela", a mentira e a
crueldade arranjada e servida como verdade. As mentiras de Hearst fizeram dele
milionário e pessoa importante no mundo jornalístico, sendo em 1935 um dos
homens mais ricos do mundo com uma fortuna calculada em 200 milhões de dólares.
Depois da compra do Morning Journal, Hearst continuou a comprar e fundar
jornais diários e semanários por todos os EUA. Na década dos anos 40, William
Hearst era proprietário de 25 jornais diários, 24 semanários, 12 estações de rádio,
duas agências de noticias mundiais, uma de notícias para filme, a empresa de
filme Cosmopolitan e muito mais. Em 1948 comprou uma das primeiras estações de
televisão dos EUA, a WBAL-TV em Baltimore. Os jornais de Hearst vendiam 13
milhões de exemplares diários com cerca de 40 milhões de leitores! Quase um
terço da população adulta dos EUA lia diariamente os jornais de Hearst! E, além
disso, muitos milhões de pessoas em todo o mundo recebiam a informação da
imprensa de Hearst através dos serviços de noticias, filmes e uma série de
revistas que eram traduzidas e editadas em grandes quantidades em todo o mundo.
Os números acima citados mostram bem de que maneira o império de Hearst
influenciou a vida politica americana e a vida politica do mundo em geral
durante muitos anos, (entre outras coisas contra a participação dos EUA na
segunda guerra mundial ao lado da União Soviética e nas campanhas anticomunistas
de McCarthy na década 50).
Orson
Wells no filme Cidadão Kane
Os conceitos de William Hearst eram
extremamente conservadores, nacionalistas. A sua politica era a politica da
extrema direita (republicana). Em 1934 fez uma viagem à Alemanha onde foi
recebido por Hitler como convidado e amigo. Depois desta viagem os jornais de
Hearst tornaram-se ainda mais reacionários, sempre com artigos contra o
socialismo, contra a União Soviética e em especial contra Stálin. Hearst tentou
também utilizar os seus jornais para fazer propaganda nazista abertamente, com
uma série de artigos de Göring, considerado mão direita de Hitler. No entanto
os protestos de muitos leitores obrigaram-no a parar a publicação e retirar os
artigos. Depois da visita a Hitler os jornais sensacionalistas de Hearst vinham
cheios de "revelações" sobre acontecimentos terríveis na União
Soviética como assassinatos misteriosos, genocídios, escravidão, luxo para os
governantes e fome para o povo, sendo estas as grandes "notícias"
diárias. O material era dado a Hearst pela Gestapo, a polícia política da
Alemanha. Estes artigos eram lidos diariamente por 40 milhões de pessoas nos
Estados Unidos e milhões de outras em todo o mundo.
Hearst, na verdade, foi mais um
defensor de suas ideias do que um jornalista defensor de ideais, um ganancioso
comerciante das comunicações do que um correto e isento jornalista.
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