segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

ALMA DE ARTISTA “NAIF”

 Pintura e entalhe


Piauiense no Prado (BA)

 O pintor piauiense Agadman Alves Benvindo, que vive cercado de pássaros e árvores, produz obras cujo preço define em conversa com o comprador

Indiosan

Agadman


Ele ficava sentado num caixote de uva enquanto vendia suas pinturas na calçada do luxuoso Hotel Nacional
de Brasília. Durante dois dias seguidos, notou que um senhor

Casa do artista no Prado em frente ao mar, 180º de visão panorâmica

olhava os trabalhos expostos de longe. No terceiro dia, lá estava o visitante outra vez. Agadman Alves Benvindo virou-se e disse: "Acho que o senhor vai ser o freguês mais fantástico que eu já encontrei na vida. Escolha três desenhos. São seus. Se quiser pagar, o senhor me magoa. Por favor, escolha. Vai ser a venda mais feliz que vou fazer aqui".

O artista autodidata de fala mansa não sabia, mas o comprador silencioso era o importante paisagista Roberto Burle Marx. Quatro décadas depois, a generosidade que marcou aquele encontro segue intacta. No quintal da casa que construiu com as próprias mãos, toda de madeira e vidro, de frente para o mar do Prado, no sul da Bahia, Agadman vive cercado de pássaros e árvores, produzindo incansavelmente as obras cujo preço determina ao sabor das conversas que mantém com cada visitante.
   


 Os vidros da janela refletem imagens do entorno, mostrando o mar invadindo o muro do vizinho. "Quando pinto, eu me lembro dos meus e das minhas saudades", ele conta. "Para fazer arte, precisamos ter carinho até com a torneira, porque a água que você economiza é a que o outro vai usar. O bife maior é sempre para o convidado", defende. Nos políticos e nos padres ele não acredita, só em Deus e em três homens que considera os maiores estadistas do Brasil: Chico Buarque, Milton Nascimento e Bezerra da Silva.



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