segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

GIACOMO CASANOVA. AVENTURAS E DESVENTURAS DE UM LIBERTINO PROFISSIONAL

Por Luís de Freitas Branco



O nome é conhecido de toda a gente, sinónimo de mulherengo, tendo mesmo uma portuguesa nas contas. Agora Luis de Freitas Branco descobriu uma faceta diferente, de músico, advogado, fugitivo e historiador, tudo impresso na primeira tradução portuguesa das suas memórias, obra de Pedro Tamen.



Entre plebeu e nobre, Giacomo Casanova foi um jogador compulsivo, violinista, advogado, turista, prisioneiro e mulherengo. Todos os passos da epopeia foram minuciosamente descritos pelo autoproclamado senhor de Seingalt, servindo como exemplo máximo de uma humanidade em aventura. "Não existe nenhum livro de memórias do século xviii que iguale Casanova", garante Pedro Tamen, o primeiro tradutor português do libertino mais famoso do mundo.
"Nunca ninguém em Portugal teve a coragem de traduzir e editar uma obra tão vasta", explica o tradutor. No total são 4 mil páginas de alguém que percorreu toda a Europa e fez 67 mil quilómetros a pé e a cavalo. Com a aprovação da editora Divina Comédia, Pedro e Miguel Viqueira selecionaram 1200 páginas que resultam em dois volumes chamados "História da Minha Vida" (o segundo vai estar disponível em Setembro). "Não senti o peso da tarefa, isto é um livro apaixonante de alguém que confessa os seus próprios erros", explica o tradutor, acrescentando que "isto é efetivamente um livro de aventuras, mas com algumas tiradas filosóficas".
Humanista por eleição, Casanova é uma síntese do espírito da Veneza decadente e diletante do século xviii. O aventureiro foi de tal forma um espécime exemplar do seu tempo que é preso várias vezes, e também várias vezes expulso da sua cidade natal. "O que fica de Casanova é um homem que nunca aceitou a sua condição", indica Miguel Viqueira, responsável pela seleção dos textos.
Apesar de viver rodeado por reis e papas, Giacomo nasce em 1725, filhos de dois atores e com seis irmãos, família que repudia desde muito cedo. Aos nove anos vai para Pádua, onde acaba por ficar e estudar Direito na universidade. "'Vem de Pádua, onde fez os seus estudos.' Era esta a fórmula com que me anunciava em toda a parte", explica nas memórias. Com um impressionante 1,87 m e roupas escolhidas a dedo, Giacomo entra como sacerdote na elite católica de Veneza, sendo rapidamente preso pelas suas conhecidas perversões.


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