Autoria de Vanesa Lopez
Blog Respirando Turismo
Pesquisando sobre a história da tão famosa música
“Garota de Ipanema” de autoria de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, me deparei
com um texto pra lá de polêmico de autoria do Sr. Arnaldo Agria
Huss que
gentilmente me concedeu a honra de divulgá-lo para todos vocês.
Ao contrário do que
dizem de que a música teria sido composta por Tom Jobim e Vinícius de Moraes
sentados à mesa num cantinho perto do banheiro do antigo Bar Veloso (atual
Garota de Ipanema), tomando muitas cervejas, embriagados pela beleza de
Helô Pinheiro (na época, uma adolescente) que todos os dias passava por ali no
fim de tarde para comprar cigarros pra sua mãe, o texto abaixo não só revela
fatos pouco conhecidos a respeito da criação da música “Garota de Ipanema” como
da própria vida de Antônio Carlos Jobim.
Vale lembrar que
todos os direitos autorais do texto abaixo pertencem ao Sr. Arnaldo Agria
Huss e sua divulgação pode ser feita somente mediante sua prévia
autorização.
***
A HISTÓRIA DE “GAROTA DE IPANEMA”
Por Arnaldo
Agria Huss
Apesar de já ter
sido dito formalmente, muitas pessoas não acreditam e não se conformam: “Garota
de Ipanema”, não foi feita por Tom Jobim e Vinícius de Moraes no bar que tinha
o nome de Veloso e que hoje se chama Garota de Ipanema, na rua que era Montenegro
e depois passou a ser Vinícius de Moraes, na esquina com a Prudente de Moraes
(nenhum parentesco entre os dois). Para efeito de localização, a rua Vinícius
de Moraes vai até a Avenida Vieira Souto, na orla de Ipanema, no Rio de
Janeiro.
A canção foi composta
em 1962, chegando a ser considerada o hino da bossa nova,
mais ainda do que “Chega de Saudade”, gravada por João Gilberto em 1958, que
havia provocado uma verdadeira revolução na música popular.
“Garota de Ipanema”
pode ser considerada um dos maiores standards do século XX. Já foi e continua
sendo gravada por tanta gente, que não se sabe como seus royalties são
administrados pelas sociedades que cuidam disso. Oficialmente teria perto de
300 gravações, mas o número real deve estar perto do dobro disso,
considerando-se as versões não autorizadas que vivem sendo feitas. Frank
Sinatra a gravou e, claro, você sabe quem ele é. Mas saberia dizer quem é Floyd
the Barber? Não? Pois é. Floyd é um cantor de rap. Diz-se que sua gravação de
“Garota de Ipanema” é legalizada. Quanto ao número de execuções da canção,
segundo dados oficiais, “Garota de Ipanema” rivaliza com “Yesterday”, de Lennon
& McCartney, as duas ultrapassando a casa dos 5 milhões.
Hoje em dia os
principais portais da internet contêm, cada qual, um mínimo de 600 mil entradas
relativas a “The Girl from Ipanema”. Fora os sites em russo, grego, japonês,
chinês, coreano, árabe e outras línguas para as quais o computador necessitaria
ter os caracteres adaptados.
“Garota de Ipanema”
foi apresentada pela primeira vez em um show na Boate Bon Gourmet, em
Copacabana, no Rio. Na noite de estreia, em agosto de 1962, não se sabia o que
viria após Tom dedilhar algo no piano e João Gilberto cantarolar:
“Tom, e se você fizesse agora uma canção /
Que possa nos dizer / Contar o que é o amor?”
Ao que Tom respondia:
“Olha Joãozinho, eu não saberia / Sem Vinícius pra fazer a poesia…”
O poeta (Vinícius) pegava o mote e dizia:
“Para essa canção se realizar / Quem dera o João para cantar…”
E João Gilberto, incrivelmente modesto, completava:
“Ah, mas quem sou eu? / Eu sou mais vocês / Melhor se nós cantássemos os três…”
E os três:
“Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça…”
Desnecessário dizer que esse foi um grande momento na vida de todos que estavam ali – um momento que perdurou por 45 dias, a ponto de se esquecer que nesse mesmo show também foram lançadas e cantadas outras músicas como, por exemplo, “Corcovado”, “Samba da minha terra”, “Insensatez”, “Samba de uma nota só”, que também vieram a ser grandes sucessos. Tudo isso foi gravado pelo advogado Jorge Karam, um apaixonado por música, e que poderia ter gerado um grande disco, mas os participantes – não se sabe o motivo – nunca permitiram que isso fosse feito. E, assim, perdeu-se um espetacular documento histórico, principalmente pelo fato de que depois daqueles sucessos de 1962, Tom e Vinícius nunca mais comporiam juntos. O motivo alegado foram as viagens e, de fato, Tom foi para Nova York e Vinícius voltou a exercer suas funções diplomáticas em Paris.
Ao que Tom respondia:
“Olha Joãozinho, eu não saberia / Sem Vinícius pra fazer a poesia…”
O poeta (Vinícius) pegava o mote e dizia:
“Para essa canção se realizar / Quem dera o João para cantar…”
E João Gilberto, incrivelmente modesto, completava:
“Ah, mas quem sou eu? / Eu sou mais vocês / Melhor se nós cantássemos os três…”
E os três:
“Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça…”
Desnecessário dizer que esse foi um grande momento na vida de todos que estavam ali – um momento que perdurou por 45 dias, a ponto de se esquecer que nesse mesmo show também foram lançadas e cantadas outras músicas como, por exemplo, “Corcovado”, “Samba da minha terra”, “Insensatez”, “Samba de uma nota só”, que também vieram a ser grandes sucessos. Tudo isso foi gravado pelo advogado Jorge Karam, um apaixonado por música, e que poderia ter gerado um grande disco, mas os participantes – não se sabe o motivo – nunca permitiram que isso fosse feito. E, assim, perdeu-se um espetacular documento histórico, principalmente pelo fato de que depois daqueles sucessos de 1962, Tom e Vinícius nunca mais comporiam juntos. O motivo alegado foram as viagens e, de fato, Tom foi para Nova York e Vinícius voltou a exercer suas funções diplomáticas em Paris.
Tom
Mas a primeira
gravação oficial, em disco, de “Garota de Ipanema” foi feita por Pery Ribeiro,
na Odeon, e o Tamba Trio, na Philips, no mês de janeiro de 1963. Ainda em 1963,
mas no mês de maio, o próprio Tom Jobim lançou a canção nos Estados Unidos, no
seu primeiro disco feito lá, chamado “The Composer of Desafinado”.
Voltando ao
nascimento de “Garota de Ipanema”, Tom e Vinícius nunca tiveram como estilo
escrever músicas em mesas de bares, embora nesses mesmos bares tenham investido
as melhores horas de suas vidas. A melodia foi composta de forma meticulosa por
Tom, ao piano, na sua casa na Rua Barão da Torre, em Ipanema, e não tinha como
destino inicial musicar a letra de Vinícius, mas, sim, uma comédia musical
intitulada “BLIMP”, que Vinícius já tinha na cabeça, mas nunca pôs no papel.
A letra foi escrita
por Vinícius em Petrópolis e não nasceu se chamando “Garota de Ipanema”, e sim,
“Menina que passa”, e toda a sua primeira parte era diferente. Depois, os dois
se encontraram, e, finalmente, nasceu a canção por completo. O Veloso serviu apenas
como referência, apesar de ostentar até hoje em suas paredes cópias da
partitura da melodia e dar a ilusão de que uma mesinha de canto, hoje próxima
aos sanitários, teria sido o exato local onde os dois ficaram para escrever a
canção, ao ver a garota passar a caminho do mar.
Helô e
Vinicius
Quanto à famosa
garota ela foi mesmo Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto, depois conhecida como
Helô Pinheiro. Foi no Veloso que Tom e Vinícius a viram passar inúmeras vezes,
não apenas a caminho do mar de Ipanema na Vieira Souto, mas, também, a caminho
do colégio, da costureira e do dentista.
No início, Helô
Pinheiro não imaginava que a canção era em sua homenagem, mas logo começou a
desconfiar porque desde 1962, dois bem informados sujeitos da revista “FATOS E
FOTOS” (Ronaldo Bôscoli, o repórter e Hélio Santos, o fotógrafo) viviam
insistindo em fotografá-la num daqueles “duas peças” meio escandalosos para a
época, mas que nos dias de hoje dariam para confeccionar inúmeros
“fios-dentais”. Conseguiram a façanha, mas só depois que o pai de Helô, um
general da linha-dura, certificou-se dos bons propósitos dos dois. Mas foi
apenas três anos depois, em 1965, quando Helô já tinha 22 anos e estava de
casamento marcado que Tom e Vinícius lhe revelaram que a canção fora dedicada
a ela.
Helô tornou-se
famosa, o que criou um misto de orgulho e desconforto no general e no noivo,
pois todos queriam conhecer “a coisa mais linda e mais cheia de graça”.
Quiseram colocá-la como símbolo oficial da cidade pois o Rio comemorava naquele
ano o seu quarto centenário. O pai general linha-dura e o noivo ciumento não
deixaram. Assim como também não deixaram que participasse das filmagens do
filme “Garota de Ipanema” realizado em 1967, e que foi a primeira grande
produção em cores do chamado Cinema Novo.
Pois bem, após
essas proibições todas, o tempo passou, e todos decidiram tratar de outros
interesses. O assunto já estava meio esquecido quando, 25 anos depois daquela
tarde no Veloso, todos finalmente puderam apreciar – desta vez, por completo –
os
atributos da
“Garota de Ipanema” original, na edição de maio de 1987 da Playboy brasileira.
Apesar de que 25 anos não são 25 dias. Vai daí…
Esta é a verdade
sobre o nascimento de uma das mais lindas canções da bossa nova e, por que não
dizer, da música popular de todos os tempos.
“Garota de Ipanema”
continua a encantar até hoje quem a ouve pela primeira vez.
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