A Legião
Estrangeira Francesa é uma unidade militar da França, criada no século XIX,
atualmente uma tropa de elite. É a mais famosa legião estrangeira ainda em operação no mundo
.
A
sua função sempre foi a de defender os interesses da França junto às suas
colônias na África,
no oceano Pacífico, na América do Sul e
no Caribe.
História
A primeira Legião (1831)
Após
o Congresso de Viena (1815),
a Europa como
um todo conheceu um período de turbulências e agitações. Na França, após a
Revolução Liberal de 1830,
o reiCarlos X de França foi deposto e as tropas estrangeiras que estavam sob o seu
controle passaram a servir a Luís
Filipe I de França que as transformou
na Legião Estrangeira Francesa, a conselho do marechal Soult, ministro da Guerra, por Decreto de 10 de março de 1831:
"Louis
Philippe, Roi des Français. Ordennance du 10 Mars 1831. A tours, présents et à
venir, salut. Sur le rapport de nobre Ministre, Secrétaire d’Etat au
Département de la Guerre, Nous avons ordonné et ordonnons ce qui suit: Il sera
formé une légion compossé d’etrangers. Cette Légion prenda la dénomination de
Légion Etrangère."
Reuniam-se,
deste modo, os diferentes corpos estrangeiros do Exército francês, incluindo
as Guardas Suíças (oriundas da Paz
Perpétua, assinada em 1516, após aBatalha de Marignano), e o Regimento
Hohenlohe. As antigas Guardas Suíças e
o Regimento Hohenlohe constituíram o 1º Batalhão; os 2.º e 3.º batalhões foram
destinados a receber suíços e alemães; o 4.º, a espanhóis e portugueses; o 5.º, a sardos e italianos; o 6.º, a belgas e neerlandeses;
e o 7.º, a polacos.
Com
esta medida, o governo esperava que uma força composta principalmente por
estrangeiros pudesse absorver a massa de refugiados que nos últimos anos vinha
inundado o país. Pesou na decisão a possibilidade de a nova força poder ser
enviada para defender os interesses neocoloniais Franceses
na Argélia,
liberando as tropas regulares para proteger a figura do rei no trono da França.
O
local escolhido para sediar a nova força foi a povoação de Sidi Bel Abbès,
na Argélia. Na França, os primeiros quartéis da Legião foram implantados
em Langres,Bar-le-Duc, Agen e Auxerre.
De
início, a Legião constitui-se em um meio eficaz para retirar aos elementos mais
indesejáveis da sociedade francesa do século XIX.
As suas fileiras foram preenchidas com criminosos, fugitivos, mendigos e
imigrantes indesejados. A formação de um legionário era muito precária. O seu
equipamento, vestuário, alimentação e soldo eram sumários, razões que não
despertavam lealdade ou
motivação.
Os homens que se juntavam à Legião faziam-no mais por desespero ou instinto de
sobrevivência do que por patriotismo. Por essa razão, as primeiras campanhas
provocaram severas perdas entre as suas fileiras. Para contornar esses
problemas imediatos a Legião desenvolveu uma disciplina muito severa, excedendo
em muito aquela imposta às tropas francesas regulares.
Argélia: o batismo de fogo (1832)
O
batismo de fogo da Legião deu-se em 27 de abril de 1832, durante operações do 3º Batalhão na Argélia,
integrado por suíços e alemães. Em novembro do mesmo ano a Legião enfrentaria
um novo oponente, Adl
El-Kader, que combatia pela liberdade
da Argélia, na batalha de Sidi-Chabal.
Espanha: a Guerra Carlista (1835-1839)
Durante
a Guerra Carlista,
o ministro do Interior francês, Adolphe Thiers,
convenceu o seu governo a enviar a Legião Estrangeira para a Espanha, com o fim de auxiliar a rainha Isabel II de Espanha. A 8 de junho de 1835, o rei Luís Filipe deu a sua autorização, sendo
a Legião desligada do Exército francês a 28 do
mesmo mês. No dia seguinte, a Divisão Francesa Auxiliar assim
composta, rumou para o novo destino. Nas batalhas que enfrentou, sem novo
recrutamento, mal equipada e mal remunerada, a Divisão combateu sem reforços
até que, em 1839,
a rainha espanhola deu licença aos seus últimos sobreviventes.
A nova legião (1835)
Ainda
em 1835,
a 16 de dezembro, o soberano francês criou uma nova Legião Estrangeira,
passando a antiga a ser conhecida como "a antiga Legião".
Formaram-se, desse modo, três batalhões, para sustentar as posições francesas
na Argélia. O primeiro foi formado em Pau, assumindo Marie-Alphonse
Bedeau o comando, a 3 de fevereiro de 1836. Com um mês de atraso, o Estado-maior do
batalhão e as duas primeiras companhias foram formadas. Seis outras companhias
foram formadas no mês de junho desse mesmo ano. No mês de agosto, entretanto, o
batalhão foi dissolvido, tendo o governo proposto aos oficiais, suboficiais e
legionários irem servir na Espanha, nas fileiras da Divisão Francesa
Auxiliar, que ali
combatia
há um ano. Os voluntários para a Espanha constituíram um novo batalhão, que se
dirigiu a Pamplona,
sob o comando do Tenente-coronel Conrad.
Ainda
assim, estrangeiros continuam a ser recrutados pelo Exército francês, sendo
formadas novas companhias de depósito em Pau. Em outubro de 1836, um total de seis companhias estava formado,
logo seguidas por mais duas em novembro. O novo batalhão foi colocado sob o
comando de Bedeau. A 5 de dezembro o
batalhão partiu de Pau para Toulon, onde embarcou para a Argélia.
O
segundo batalhão foi formado em Julho de 1837. Após a tomada de Constantine,
em Outubro de 1837, durante a qual o primeiro batalhão se destacou, Bedeau foi
promovido a Tenente-coronel, sendo autorizada a formação de companhias de
elite. Posteriormente, em 1840, diante do retorno dos sobreviventes da guerra
na Espanha, foram criados um quarto batalhão (em Pau) e um quinto batalhão (emPerpignan), para reforço das tropas no Norte de África.
Em recompensa pelos seus feitos de armas, a Legião recebeu, a 17 de Junho de 1840, a bandeira que tinha sido entregue, em 1832, à
primeira Legião.
A
nova Legião lutou no norte da África, na Guerra da Crimeia (1853-1856), na Itália (1859), no México (1863), na Guerra
Franco-Prussiana (1870) e em muitas
campanhas coloniais. Do mesmo modo, teve papel importante nas duas guerras
mundiais,
consolidando a sua reputação. Na Primeira
Guerra Mundial (1914-1918) perdeu 115
oficiais e 5.172 legionários, sendo o seu Regimento de Marcha o mais
condecorado do Exército francês. Na Guerra da Indochina, na Batalha de
Dien Bien Phu (1954), sete batalhões da Legião foram subjugados
pelo Vietminh,
sem jamais se renderem. Posteriormente atuou novamente na Argélia e na crise
do Canal de Suez (Egito, 1956).
Armamento
Atualmente,
a Legião encontra-se equipada com o armamento padronizado do Exército francês, destacando-se o moderno fuzil de assalto FAMAS.
Bandeira
As
cores da bandeira da
Legião são o verde e o vermelho.
Uniforme
O
uniforme dos legionários segue o padrão das demais unidades francesas,
acrescido do característico quepe de cor branca. Em combate, usa-se o
uniforme camuflado padrão, com boinas de cor verde.
Lema
O
lema da Legião é: "Legio Patria Nostra" (A Legião é nossa
pátria).
O Código de Honra do Legionário
O
treinamento de um legionário tem como base um código de honra próprio:
1. Legionário, tu és um voluntário, servindo a
França com honra e lealdade.
2. Cada legionário é teu irmão de arma seja qual
for a sua nacionalidade, a sua raça, a sua religião. Tu manifestas sempre a
estreita solidariedade que deve unir os membros de uma mesma família.
3. Respeitador das tradições, fiel aos teus chefes,
a disciplina e camaradagem são a tua força, o valor e a lealdade tuas virtudes.
4. Fiel ao teu estado de legionário, tu o mostras
na tua farda sempre elegante, teu comportamento sempre digno mas modesto, teu
aquartelamento sempre limpo.
5. Soldado de elite, tu treinas com rigor, cuida da
tua arma como o teu bem mais precioso, cuida permanentemente da tua forma
física.
6. A missão é sagrada. Tu a executas até ao fim, a
qualquer preço.
7. No combate, tu ages sem paixão e sem ódio, tu
respeitas os inimigos vencidos, nunca abandonas nem os teus mortos, nem os teus
feridos, nem as tuas armas.
O
item 6 do código de honra do legionário foi recentemente mudado: onde a versão
primitiva afirmava "a tout prix" ("a qualquer
preço"), a nova versão afirma "no respeito das leis, dos costumes
da guerra, das convenções internacionais e se
for
necessário, ao perigo da tua vida".
Esta versão foi introduzida para evitar interpretações errôneas do artigo, já
que a Legião participa atualmente de inúmeras missões humanitárias, juntamente
com a ONU.
Ao
longo da história da Legião, muitos homens têm-se alistado por diversas razões,
na maior parte das vezes porque não têm para onde ir. Como nobres falidos,
criminosos ou soldados profissionais que preferiam combater, eram aceitos. Sob
determinadas circunstâncias até lhes eram oferecidas novas identidades. Na sua
maioria mantiveram os nomes, mas é uma questão de honra nunca comentar o
passado de um Legionário.
Uma
vez na Legião, os recrutas aprendem além da disciplina e das técnicas de
combate que só podem contar consigo próprios durante os cinco anos do contrato
inicial. Sempre lhe foram atribuídas as missões mais duras do Exército francês;
sabem que não existem enquanto indivíduos e que são dispensáveis; não têm para
onde ir e nem nada a perder; por essas razões lutam até ao último homem.
Hoje
em dia os recrutas são objeto de investigação para garantir que não se alistem
para fugir da justiça por crimes graves. Os infratores menores podem por vezes
ser aceitos. Pela lei francesa, a Legião Estrangeira pode negar a existência de
qualquer indivíduo a seu serviço e, quem denunciar a verdadeira identidade de
um legionário, é incriminado segundo o Código Penal francês.
Curiosidades sobre a Legião
Atualmente
registra-se um renascimento do orgulho de ser Legionário, e mais de uma centena
de nacionalidades encontram-se representadas nas suas fileiras. Diferentemente
do passado, a atual Legião representa uma instituição mais sóbria, profissional
e menos perigosa, que guarda muitas curiosidades.
A primitiva Legião
Quando
o primeiro batalhão da Legião desembarcou na Argélia a idade de seus
integrantes variava entre os dezesseis e os sessenta anos. Envergavam uniformes
diferentes e antiquados. Meses depois, quando o segundo batalhão chegou, cerca
de trinta e cinco homens desertaram imediatamente. Ainda nesse período, uma
companhia embriagada provocou um motim, sendo os líderes sumariamente
executados.
Na
sua primeira batalha, vinte e oito Legionários sustentaram uma posição próxima
a Argel,
tendo sobrevivido apenas um. Iniciava-se a mística que passaria a envolver a
Legião, uma vez que as autoridades louvaram como heróis os Legionários mortos
em combate. Ao mesmo tempo enviavam oficiais e sargentos do Exército Francês
para impor a disciplina de combate na Legião.
Origem:
Wikipédia
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