Relatório do UNFPA diz que iniciativas como o Favela
Bairro no Rio de Janeiro aumentaram o custo de vida local, ocasionando a saída
dos moradores das comunidades beneficiadas para áreas mais baratas.
Favelas são
alvo de programas de reestruturação do espaço urbano brasileiro. Foto: Stefanie
Schwarz/Creative Commons
As
melhorias estruturais ocasionadas por programas como o Favela Bairro, no Rio de
Janeiro, que pretende integrar social e fisicamente todos os bairros de baixa
renda no tecido urbano formal da cidade até 2020, não reduzem o crime por conta
própria, podem aumentar a corrupção e levar à “gentrificação” – quando o custo de
vida fica tão alto que o morador é obrigado a se mudar do local.
Apesar
dessas afirmações, o relatório
global do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) que
avalia avanços, lacunas e desafios 20 anos depois da
Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento,
lançado na
semana passada, elogiou as iniciativas que vêm sendo
desenvolvidas no Brasil para ampliar a interação entre os governos locais e as
comunidades.
Ele cita
o Estatuto
da Cidade, estabelecido em 2001, como um exemplo
de avanço na democratização do planejamento urbano e da governança.
O documento
tem dois componentes principais: priorizar as funções sociais do espaço urbano
em vez das comerciais e institucionalizar a gestão participativa e democrática
nas cidades.
A lei
estende o orçamento participativo, cujos elementos-chave incluem a
diversificação da participação comunitária, a institucionalização de reuniões
regulares entre o governo local e grupos comunitários e a atribuição efetiva de
uma parte do orçamento da cidade para a melhoria da qualidade de vida local.
O relatório
destaca o próprio Favela Bairro como uma iniciativa diferenciada para reduzir a
pobreza, pois ele utiliza reformas legislativas exclusivas, estimulando a
governança comunitária e o planejamento urbano da região.
Porém, o
documento sublinha que essas melhorias podem elevar o custo de vida das
comunidades e, caso os moradores não tiverem suas rendas aumentadas, correm o
risco de serem expulsos de suas próprias casas.
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