sábado, 15 de fevereiro de 2014

OS 120 ANOS DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA

Por Consuelo Pondé

Assisti, no dia 13 de maio de 1994, as festas do aniversário do IGHB, presididas por Dr. Jayme de Sá Menezes, fortemente amparadas pelo prestígio do Presidente de Honra da Casa da Bahia, jornalista e professor Jorge Calmon.

Àquela época, Dr. Jorge desfrutava de grande notoriedade, graças a sua ímpar condição de mais expressivo nome da imprensa baiana, que o ajudava a manter-se na dianteira de muitos projetos culturais da Bahia, nos quais se engajava com devoção e invulgar desprendimento.  
Um pedido partido de sua fala persuasiva era imediatamente atendido. Frequentemente, um simples telefonema ele resolvia questões, aparentemente, complicadas. Tive oportunidade de vê-lo, ao telefone, solicitando ajuda para este Instituto e, como num passe de mágica, o recurso pleiteado sempre chegava a tempo. 
Presidir, tendo Jorge Calmon como gestor de certas formalidades, era uma tranqüilidade para toda a diretoria da Casa da Bahia. Sabíamos todos que ele sempre apresentava soluções, assumindo mesmo responsabilidades para que tudo ficasse como era desejado.  Sem a sua presença marcante, seu espírito vencedor, sua confiança extraordinária na generosidade do povo baiano, as reformas efetuadas, nesta Casa, em 1993, jamais teriam se concretizado. 
Agora falta–nos aquela liderança incomum, aquele espírito empreendedor tão devotado às causas, da Cultura Baiana, em particular. Sabe-se que fazia parte de várias instituições, pertencia a inúmeros conselhos, colaborando com todos eles com uma disponibilidade rara. 
Jamais escutei de seus lábios uma só palavra de desesperança, uma única queixa pelo acúmulo de incumbências, apesar da vida afanosa que levava e dadas as obrigações sociais que costumava cumprir. Era de vê-lo trazendo ao bolso pequenino papel, no qual anotava, com sua letra miúda, compromissos diários. Consultava o papelito, a cada momento, a fim de que nada o desviasse do roteiro a ser cumprido.
Como seria bom que estivesse ao nosso lado nestes 120 anos, quando muitos problemas se apresentam e, alguns deles, exigem imediata solução.
Para tanto, redigimos correspondência e enviamos solicitação a importantes empresários deste Estado, visando a obtenção de recursos, que possam ser repassados por meio do Fazcultura e deduzidos dos impostos cobrados às respectivas empresas, medida essa que pode viabilizar a consecução de alguns desses projetos e assegurar a sobrevivência da instituição. Dispondo de uma sede inaugurada a 2 de Julho de 1923, portanto, há noventa anos, natural, que muitos dos seus equipamentos estejam obsoletos ou desgastados pelo uso contínuo e permanente. 
Nosso país não tem tradição de preservar. Ao contrário, cultiva o descartar, o abandonar, o destruir. Em qualquer país civilizado do mundo um edifício como o nosso e seus valiosos acervos mereceriam todo o apreço das autoridades, do empresariado, da classe política e das pessoas envolvidas com a história e a cultura.  
Nossas necessidades são iguais à de outros monumentos arquitetônicos, que necessitam de constantes reparos e substituições. 
Temos feito, com recursos próprios, alguns reparos ou trocas de peças corroídas pelo tempo e estragadas pelos cupins. Cito como exemplos a confecção e pintura de dezessete janelas antigas que, por essa condição, tiveram que ser feitas artesanalmente. Demos especial tratamento às cadeiras do auditório, cujos assentos de palhinha foram substituídos, além de termos recuperados dois belos armários antigos.

Também providenciamos os trabalhos de desincrustação e lapidação do piso do Panteon  Pedro Calmon e da escadaria de acesso ao auditório, arcamos com as despesas do equipamento de proteção contra o incêndio, trabalho totalmente pago com os recursos da Casa, além de outros reparos necessários à manutenção dos equipamentos. Presentemente, necessitamos, além da pintura externa e interna do imóvel, de novas cortinas para substituir as confeccionadas em 1993, que se encontram esgarçadas pelo tempo e desbotadas pela forte iluminação solar. São poucas e não devem ser tão onerosas.
Em 1994 também foi impressa e divulgada o número 91 da Revista do Centenário, contendo matérias sobre o Instituto, mas o periódico não foi inteiramente dedicado ao acontecimento. 
Pretendemos um pouco mais. Se não foi ainda totalmente escrita a história total da entidade, algumas dissertações de mestrado têm cuidado dessa trajetória e, com fé em Deus, dentro de algum tempo esse desiderato será cumprido. 
Durante a Sessão solene do dia 13 de maio de 1994 foram feitos vários pronunciamentos, dirigidas palavras de agradecimento ao governador Antônio Carlos Magalhães, em cuja ocasião lhe foi outorgado o diploma de Grande Benemérito. Falaram em seu louvor o presidente da Casa, Dr. Jayme de Sá Menezes e o orador Edivaldo Boaventura, ambos reconhecidos pela ajuda do governante para a completa restauração do prédio.

O Presidente de Honra do IGHB, Dr. Jorge Calmon, escreveu um texto intitulado: “A Ressurreição do IGHB”, no qual sublinha a sua frequência à instituição desde os anos da década de 30 e ressuscita a imagem de muitos dos seus assíduos freqüentadores, recordando a grande colaboração do Engenheiro Fernando Paes de Andrade, presidente do Cofic, do engenheiro Norberto Odebrecht, destacando a concessão de 500 milhões de cruzeiros autorizados pelo governador, mediante convênio, para que se deflagrassem os trabalhos de restauração da Casa da Bahia, o que foi cumprido fielmente, conforme aprovação das contas pelo Tribunal de Contas do Estado.
Agora, a situação está mais complicada porque a Copa está mobilizando todos os interesses e interessados. Mesmo assim, vamos pleitear o possível, pois 120 anos de existência valem mais do que um evento pontual.


Nenhum comentário:

Postar um comentário